“Sonhar torna a vida mais doce”
A frase é de uma mulher que acreditou nos sonhos, não desistiu de empreender e aproveitou as oportunidades

Há sete anos a vida de Aparecida Thomaz Admiral, de 48 anos, mudou. E muito. Cida, como é conhecida, passava por dificuldades financeiras, até mesmo para comprar alimentos para sustentar a família.
Com R$ 50 na mão e umas formas de bolo, decidiu comprar os materiais e fazer bolo para vender. De lá pra cá o sucesso só foi aumentando, e Cida é hoje dona de uma cafeteria muito charmosa em Rio Novo do Sul, chamada Cantinho do Bolo.
Assim como Cida, muitas mulheres aproveitaram as oportunidades que surgiram para empreender e conquistar a independência financeira necessária, na maioria das vezes, para o sustento da família.
Hoje, ela emprega outras cinco mulheres em seu estabelecimento comercial.
Empreendedorismo
O estudo Panorama do Empreendedorismo Feminino no Brasil aponta que 95% dos negócios liderados por mulheres nunca ultrapassaram a barreira de seis dígitos em faturamento.
Entre os desafios identificados estão acesso a crédito mais difícil, rendimento desigual, dupla jornada e desigualdade racial. Ou seja, empreender para as mulheres é ainda mais difícil.
Com o objetivo de sensibilizar a população e eliminar as barreiras que as mulheres enfrentam no empreendedorismo, como os papéis sociais tradicionais, foi criado o Dia Internacional do Empreendedorismo Feminino, comemorado em 19 de novembro.
A data é importante para incentivar a formulação de políticas públicas com perspectiva de gênero e promover reflexões importantes para superar barreiras sistêmicas que limitam o potencial empreendedor das mulheres brasileiras.
No Espírito Santo, a Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), que tem como missão elaborar políticas públicas que estimulem o desenvolvimento do Espírito Santo a partir dos pequenos negócios, desenvolve ações voltadas às mulheres com o objetivo de ampliar o acesso delas ao crédito e abrir portas para que elas tenham uma formação empreendedora.
“Hoje eu apoio outras mulheres que vêm também de abandono. A verdade é essa, a gente pode sonhar Cida Admiral, empreendedora, Cida Admiral, empreendedora
De Rio Novo para a Rota do Frade
Cida, a Confeiteira de Rio Novo, na região Sul capixaba, deu uma reviravolta em sua vida através do empreendedorismo. “O meu maior sonho na época de toda a dificuldade que eu passava, era poder encher um carrinho de compra. Eu desejava tanto poder falar para os meus filhos: ‘Vai lá, compra aquele biscoito que vocês querem’. E hoje eu trabalho com uma fartura de comida e apoio outras mulheres que vêm também de abandono. A verdade é essa, a gente pode sonhar, porque sonhos se tornam realidade”.
Dona de receitas autorais, como o petit gateau de açaí, Cida prepara a abertura de uma nova cafeteria, dessa vez, na Rota do Frade e da Freira.
Ela é uma parceira da Aderes, autarquia do governo do Estado que tem contribuído para que sonhos como o de Cida se transformem em realidade e que mulheres que sofrem violência doméstica se empoderem, conseguindo renda através do empreendedorismo
Ações voltadas às mulheres

Estandes em feiras
Entre as políticas públicas do governo do Estado, por meio da Aderes, está a abertura de editais para seleção de interessados para ocupação de espaços (estandes) para divulgação e comercialização de produtos do artesanato, agroindústria, agricultura familiar, das micro e pequenas empresas nas mais diversas feiras realizadas pelo Espírito Santo. As mulheres chegam a ser 70% de participantes destas feiras.
Crédito para elas
Em 2020, com o objetivo de fomentar o empreendedorismo feminino, o programa Nossocrédito se fortaleceu com o lançamento do Projeto Nossocrédito Juntas, que oferece, além da assessoria de especialistas, linhas especiais de microcrédito para empreendedoras capixabas.
Só em 2024, foram 1.535 operações firmadas com as empreendedoras e um total de R$ 24 milhões contratados.
Capacitação empreendedora
Além de todas estas frentes (crédito e feiras) que a Aderes oferece, a formação empreendedora é uma outra que tem como objetivo transformar histórias como a da confeiteira de Rio Novo do Sul, contribuindo assim, para o empoderamento feminino
“Cuidar do empreendedor capixaba é o nosso negócio”

Com este slogan, a Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes) segue criando oportunidades para fortalecer o empreendedorismo no Espírito Santo.
Inclusive, em 2024, a Agência, junto com Sebrae e Assembleia Legislativa, promoveu audiências públicas em todo o estado, com representantes de diversas entidades, donos de pequenos negócios e autoridades, com a finalidade de promover a revisão da lei de 2012 que instituiu o Estatuto Estadual da Microempresa, da Empresa de Pequeno Porte e do Microempreendedor Individual no Espírito Santo.
Nesta entrevista, o diretor-geral da Agência, Alberto Gavini, fala mais sobre a atuação da Aderes.
A Tribuna - Qual a importância da Aderes para o empreendedorismo?
Alberto Gavini - Em 2012, o governador Renato Casagrande, em seu primeiro mandato, reformulou a Aderes para pensar nos pequenos negócios, ou seja, criar ambiente favorável aos pequenos negócios no Espírito Santo, abarcando sob um mesmo guarda-chuva formação, consultoria empresarial, crédito e comercialização.
Qual o público para essas ações?
Quando falamos em pequeno negócio pensamos em empresa, mas não é só isso. Nós estamos falando da economia solidária, do cooperativismo, do associativismo, da agroindústria familiar, do empreendedorismo rural, e também nas micros e pequenas empresas e nos MEI. É um público bem abrangente.
Essa formação, como cursos e consultoria, tem custo?
É tudo gratuito. O objetivo é promover a geração de trabalho e renda. O Estado sempre se destacou nessa área. Foi o primeiro a ter uma Lei Geral da Microempresa, foi o primeiro a ter em todos os municípios lei municipal de microempresa e é um dos poucos que tem um órgão dedicado somente aos pequenos negócios, como é o caso da Aderes.
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