Revelação: ancestralidade e futuro se unem na apoteose do Galo Gigante da Paz
Galináceo mais amado do maior Carnaval em linha reta fica de pé às 19h desta quarta-feira
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Pela primeira vez na história, a maior escultura urbana mundial do período carnavalesco irá subir na Ponte Duarte Coelho na quarta de noite (7). O mistério está revelado. O Galo já está sendo erguido, com toda beleza e uma mensagem poderosa, preparada com as mãos de pessoas idosas, dos povos originários e da diversidade, com ideias de artistas novatos e famosos. Além das penas terem sido pintadas por grupos de pessoas idosas, a base do gigante traz outra mensagem.
A partir das 19h, o Galo Gigante da Paz será erguido para saudar os foliões e se tornar o principal cartão postal da cidade até a quarta de Cinzas. Cada pedacinho do Galo traz uma reflexão e todas pedem o fim da violência e evocam a paz. Veja tudo o que você precisa saber sobre o desfile no sábado de Zé Pereira.
No Chão, também como no ano precedente, mensagem alusiva à temática de paz e harmonia em um Carnaval que também é palco de reflexão e democracia. A frase do chão será “Recife pela Paz”.
As faces da base de sustentação do Galo ganharam grafites em torno da temática de paz e combate a todos os tipos de preconceito e violência de gênero, além de racismo e QR Code para que os foliões possam acessar as plataformas municipais onde podem realizar denúncias.
Por meio do Programa Colorindo o Recife, promovido pela Secretaria Executiva de Inovação Urbana, os artistas Adelson Boris e Nathê Ferreira utilizarão o grafite como instrumento de conscientização e sensibilização.
Cada um fará um painel de arte urbana nos tapumes situados aos pés do Galo da Madrugada. Adelson Boris retrata personalidades como Martin Luther King, Dom Hélder Câmara, Cacique Raoni e Madre Teresa de Calcutá.
Já a artista Nathê Ferreira traz a ancestralidade presente no mundo contemporâneo, representada por uma criança indígena tupinambá. Ao mesmo tempo, quebra estereótipos e captura a beleza de um casal de idosos dando uma "bitoca" em meio a foliões de diversas cores e traços.
O corpo
O corpo encantado do galo, por sua vez, ganha um body branco em uma releitura de renascença cenográfica realizada manualmente em conduítes e inspirada na produção de Pesqueira.
Na altura do coração do Gigante, uma réplica de sombrinha de frevo. As asas do galináceo mais amado da folia trazem ‘tatuagens’ do símbolo pela paz.
Sobre os ‘ombros’, a indumentária de sua majestade irá reverenciar os povos indígenas e seus raros mantos tupinambás, vestimentas feitas em Arte Plumária, cujo exemplar mais famoso foi subtraído e levado para a Dinamarca desde o século XVII e será devolvido ao Brasil em 2024. Serão empregadas 1000 ‘penas’ feitas das lonas plásticas de 1,10 m X 40 cm na técnica Arte Plumária Upcycle.
E a festa para brindar sua majestade não poderia ser menor do que sua grandiosidade. Orquestras, passistas, Tribo de Caboclinhos e até uma balsa sobre as águas do Capibaribe, embalada por maestro Forró, irão garantir o brilho da festa, que começa a partir das 17h45. Veja como o trânsito foi modificado.
O início da folia terá como partida Getúlio Cavalcanti e o Bloco das Ilusões. O lirismo dos carnavais saudosos também dialoga com o Galo, cuja crista é grisalha em homenagem aos idosos que não abandonam as fileiras do encantamento do Carnaval recifense.
Para reverenciar os povos originários que inspiraram parte da escultura, feita em arte plumária, a Tribo de Caboclinhos Tupi fará evoluções aos pés de sua majestade.
A escolha dos artistas segue a ordem estabelecida pelo sorteio público e a formação dos blocos, aderindo aos critérios de paridade de gênero e diversidade racial/étnica para pessoas negras, pardas e indígenas, conforme previsto no edital do Colorindo o Recife.
Desde 2022, mais de 200 painéis foram realizados, transformando o Recife em uma galeria de arte urbana a céu aberto com o protagonismo dos artistas, principalmente na construção, no aprimoramento e nas decisões relacionadas à política pública de arte urbana da cidade, de forma coletiva.
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Recentro - Como símbolo maior do Carnaval do Recife, o Galo é um importante elemento agregador e de atração de pessoas para a região. Por isso, o Programa Recentro, da Prefeitura do Recife, que cuida da regeneração urbana do centro da cidade, está presente no manto sagrado do Galo.
Integrantes da equipe do Recentro participaram de Oficinas de Cocriação da indumentária, que tem penas pintadas com traços do centro, as cores do Programa e o nome do Recentro. Numa outra parceria com o maior bloco do mundo, o Recentro promoveu uma ativação cultural de grafitagem de 12 esculturas do Galo, feitas por artistas que atuam no centro, e que após os dias de momo enfeitarão a capital pernambucana em pontos turísticos, próximo de monumentos e equipamentos culturais do Recife.
O artista plástico por trás do gigante - A alegoria é assinada pelo artista plástico, designer e consultor pernambucano Leopoldo Nóbrega com produção executiva de Germana Xavier. Sustentabilidade, reverência aos povos originários e cocriação da alegoria também são pontos basilares do processo, que convida o brincante a fazer do Carnaval um momento de reflexão, quando a folia também pode ceder espaço para o combate a todos os tipos de violência e preconceito.
Pesando oito toneladas e com 28 metros de altura, a escultura ratifica seu compromisso com a preservação do meio ambiente e a inovação de procedimentos artísticos para a promoção da sustentabilidade, por meio da adoção do upcycling.
Este ano, mais de 90% do material que veste a estrutura é fruto de descarte de materiais e reaproveitamento de resíduos tecnológicos, como dois mil metros de lonas de materiais publicitários, além de 10 mil CDs e DVDs, frutos de doação.
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