Eduardo Shinyashiki: “Não podemos deixar que o medo roube nossos sonhos”
Especialista diz que sonhar traz novos sentidos e alegrias à vida e aponta caminhos para sair do “piloto automático”
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Ter sonhos para a vida é uma experiência natural a todos, mas, por vezes, crenças limitantes podem dificultar essa capacidade humana. Para conquistar a felicidade, contudo, não se deve deixar o medo roubar os sonhos. Seja qual for a idade, sonhar traz novos sentidos e alegrias à vida.
A conclusão é do mestre em Neuropsicologia Clínica, palestrante, escritor e conferencista nacional e internacional Eduardo Shinyashiki. Em conversa com o jornal A Tribuna, o especialista aponta caminhos para sair do “piloto automático”, vencer os medos e trilhar um caminho de conquista dos sonhos pessoais.
A Tribuna - Estamos com mais medo de sonhar?
Eduardo Shinyashiki - Hoje, perdemos a consciência do que queremos fazer com a vida, principalmente ao olhar para o próximo. É como se nós estivéssemos o tempo todo sendo atraídos para olhar para fora. Perdemos um dos pontos mais importantes e poderosos da vida, que é a conexão consigo mesmo.
Quando eu perco essa referência, parece que vou ter sempre uma evidência em tudo aquilo que eu não tenho. Então, eu começo a estabelecer objetivos que não são os meus. É preciso se questionar: “isso é prioridade para a minha vida?”. Não podemos deixar que o medo roube os nossos sonhos.
A rotina nos cega dos nossos verdadeiros sonhos?
Quando crescemos, nos damos conta de que fazemos aquilo que julgávamos, de pés juntos, que nunca iríamos fazer. Muitas vezes, os padrões vão entrando na nossa vida e nós nem nos damos conta de que esses padrões não nos pertenciam. Muitas vezes, a vida passa e as pessoas não se questionam: está divertido? Está prazeroso? Era isso que eu queria mesmo?
Costumo dizer que há situações traumáticas ao longo da vida geram um pequeno vírus na mentalidade. O que é esse vírus? A pessoa começa a corresponder às expectativas dos outros e a criar dificuldade para dizer “não”. Ela entra nesse piloto automático. Parece que o tempo todo ela alimenta uma sensação de não ser importante.
Qual é o caminho para alcançarmos nossos sonhos? Sonhar demais pode ser um problema?
Sonhar grande significa que a pessoa se dá importância. Ela envolve e consegue convergir pessoas para, junto a ela, se sentir apoiada e protegida. É aquela pessoa que vai colocando todo o talento e o brilho em uma competência produtiva.
Aconselho a avaliar quais são as condições necessárias para tornar o sonho uma realidade. Eu preciso elevar o meu nível de confiança? Ter o domínio das minhas emoções? Ter a minha autoestima lá em cima? Busque criar estratégias. Agora, se os compromissos forem ordinários demais, cria-se um cenário para a frustração e a decepção.
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E qual é a melhor forma de lidar com a frustração?
Eu gosto sempre de dizer que é ter a certeza de que nem tudo vai dar certo sempre. Quando não der certo, significa que tem alguma coisa que precisa ser ajustada. É como se, por um momento, surgisse um desafio e esse não é o obstáculo final. Esse desafio significa que tem alguma coisa que você pode desenvolver e melhorar.
Quando a pessoa assume o compromisso de se desenvolver e melhorar, aquela frustração passa a ser um estímulo e um motivo para ela evoluir, crescer e se tornar maior do que o obstáculo. Nesse momento, ela vai atingindo resultados.
Na maioria das vezes, olhamos para a frustração com o olhar do desamor, e, então, a pessoa diz assim: “Está vendo? Tem gente muito melhor do que eu”.
Com esse olhar, a pessoa alimenta a sensação de inadequação. Ela se sente inadequada e, então, surge aquele momento que, muitas vezes, a pessoa deseja sumir. Por isso, a forma de lidar com a frustração precisa ser trabalhar o autoconhecimento e o desenvolvimento das minhas competências essenciais.
Quem vive sempre no modo automático perde a chance de mudar o rumo da vida?
Essa expressão “rumo” é muito poderosa. Muitas vezes, a pessoa, quando está no modo automático, não tem essa percepção de que ela é dona da própria vida. Ela vai se tornando vítima das circunstâncias.
Às vezes, para as pessoas que são espiritualizadas, Deus coloca um desafio na nossa vida, não para nos punir, mas é exatamente para que nós possamos entrar em contato com uma dimensão maior de nós mesmos, dos nossos pensamentos. É muito fácil assumir a condição de que somos insignificantes.
Quando uma pessoa assume essa condição de insignificância, significa que ela está sem sentido, sem significado. É nesse momento que ela está no piloto automático, andando pela vida como se fosse um zumbi, sem saber exatamente o que está fazendo com a coisa mais preciosa que ela tem: a vida.
Em meio a isso, como encontrar a felicidade?
Não precisamos estabelecer condição nenhuma para sermos felizes ou amados. O segredo está em um pequeno grande desafio: nós precisamos ser fonte do amor que a gente espera que alguém nos dê.
Muitas vezes, as pessoas me perguntam: “Mas você está falando de um movimento solitário?”. Não. Eu estou falando que você é fonte desse amor. Quando isso acontece, você vai se tornar sua maior prioridade.
Não é preciso ficar esperando alguém que te ame para se sentir amado. Você pode criar uma referência de amor em direção ao amor-próprio, de você para você. Nesse momento, estabelecemos comprometimento em nos darmos exatamente aquilo que merecemos.
PERFIL
> Eduardo Shinyashiki é palestrante, escritor e conferencista nacional e internacional com mais de 30 anos de experiência no Brasil e na Europa.
> Eduardo tem apresentado palestras, participado de congressos e realizado treinamentos no Brasil e na Europa, desde 1983.
> É especialista em Desenvolvimento das Competências de Liderança aplicada à Administração e à Educação.
> É também mestre em Neuropsicologia Clínica pela Universidad Europea Miguel de Cervantes, na Espanha.
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