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Entrevistas Especiais

“É possível vencer os desafios da infertilidade”, diz médica


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Imagem ilustrativa da imagem “É possível vencer os desafios da infertilidade”, diz médica
Médica Letícia Piccolo disse que mitos atrapalham a mulher a engravidar |  Foto: Thiago Piccolo/ Divulgação

A infertilidade é rodeada de mitos e crenças populares que tornam ainda mais desgastante e até atrapalham o processo para engravidar. Porém, com informações corretas e acompanhamento profissional adequado, é possível vencer esse desafio.

É o que defende a ginecologista e obstetra especialista em fertilidade Letícia Piccolo.

Após constatar a dificuldade do casal em engravidar, é iniciada uma jornada para entender as razões da condição.

A ginecologista orienta aos casais a não postergarem a busca por ajuda médica especializada. A demora em investigar possíveis causas de infertilidade e tratá-las torna o processo mais árduo.

A Tribuna – Infertilidade se refere apenas quando é irreversível ou quando existem fatores que prejudicam a concepção?

Letícia Piccolo – Eu não gosto de falar que é a infertilidade irreversível. Prefiro falar que a pessoa está infértil, e não que ela é infértil. Um caso ou outro é irreversível, mas na grande maioria é reversível. É possível vencer os desafios da infertilidade.

Quais são as maiores dificuldades enfrentadas pelos casais?

Nós mulheres nascemos com um estoque de óvulos, ao contrário de homens que nascem com uma fábrica espermatozoides. Embora a idade também prejudique a fertilidade masculina, nós, mulheres, somos muito mais prejudicadas.

A gente não fabrica nossos óvulos. Nós vamos liberando os óvulos que temos em estoque desde a barriga da nossa mãe. E, hoje, as mulheres deixam para engravidar tarde, quando o estoque já está baixo.

Outras causas importantes são as infecções que podem prejudicar as trompas, como clamídia, que é uma bactéria que “gosta” das trompas. Também a endometriose, que é uma doença muito importante e grande causadora de infertilidade em relação a mulher.

O peso da dificuldade em engravidar recai mais sobre as mulheres?

Acredito que sim. Nossa sociedade ainda é patriarcal, então o peso de muitas coisas ainda recai mais sobre as mulheres. Especificamente sobre engravidar, a gente não deve se sentir culpada porque a culpa não é nossa.

Mas as mulheres vão ter muito mais problemas que os homens, na minha opinião. Não acredito na história de que metade dos problemas são masculinos e metade são femininos porque de tudo que precisa para fazer um bebê, o homem só participa com um pedacinho do material genético.

A estrutura embrionária vem toda do óvulo, que é o nosso “ingrediente”. As trompas são a gente que tem; o útero, a gente que tem. Ou seja, a gente tem muito mais coisa para dar problema. Mas, na infertilidade, temos de pensar no casal. É a única doença do mundo que acomete duas pessoas ao mesmo tempo. É o casal que não está conseguindo engravidar.

Como é possível vencer o desafio da infertilidade?

Em primeiro lugar, precisamos descobrir qual é o problema que estamos enfrentando, até porque muitas vezes não é um só. Depois partimos para combatê-los.

Quando procurar ajuda?

A orientação oficial é até 34 anos, a partir de um ano tentando engravidar. Acima dos 35, a partir de seis meses. No meu pensamento, eu cortaria pela metade. Até 34 anos, seis meses e, após os 35, três.

Por que esse limite menor?

Não só mulheres tentando engravidar precisam se cuidar, mas vejo que elas esperam demais antes de procurar ajuda. Se colocar limites mais apertados, vão procurar ajuda antes.

Infelizmente, muitas pacientes chegam em hora que já é complicada, quando estão com reserva baixa de óvulos ou idade muito avançada.

Qualquer mulher, até a que ainda não está tentando engravidar, deve olhar sua reserva ovariana, ver se tem infecção. Mulher de modo geral precisa fazer exames.

Hoje ainda tem a possibilidade de fazer congelamento de óvulos. Somos as primeiras mulheres da história da humanidade que conseguem postergar a maternidade. Os óvulos podem ficar congelados por tempo indefinido.

As causas da infertilidade são apenas fisiológicas?

Não acredito muito em causas psicológicas. Acredito que dizer isso causa desserviço. Tem mulher com problemas nas trompas ou com endometriose ou outros problemas sérios, mas que não investiga a fundo. Ela fica anos e anos tentando engravidar e, além de não conseguir engravidar, ainda acha que a culpa é dela por estar ansiosa.

Se vai tentar engravidar, obviamente tem de tentar estar o mais relaxada possível para que a gravidez aconteça da melhor forma possível. Daí jogar a culpa da infertilidade em cima da ansiedade, não acho que seja possível.

Ainda existem muitos mitos a cerca deste tema? Quais são?

Existem muitos mitos. O principal é esse de ansiedade e estresse causando infertilidade. Outra coisa é que mandam ficar de pernas para cima após a relação, o que não tem nada a ver.

Eles prejudicam nas chances de ter uma gestação?

Todos os mitos atrapalham muito. O de pernas para cima é ruim porque evita fazer xixi, após a relação, o que pode favorecer uma infeção urinária. Ou seja, além de não ajudar, ainda é prejudicial.

Como a dificuldade em conceber afeta o relacionamento?

A gente, no consultório, vê que muitas vezes os casais estão brigando demais por conta da infertilidade. Começam o tratamento e aí custa muito dinheiro e começa outra briga.

Tem de ter muito cuidado e tentar manter a cabeça no lugar. Respeitar o outro e saber que o outro também está passando por problemas, como a gente está.

Precisamos tomar muito cuidado para preservar o nosso casamento e conseguir ganhar a luta contra a infertilidade, conseguir nosso bebê.

Perfil

Letícia Piccolo

  • Médica formada pela Emescam.
  • Tem residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, em São Paulo (SP).
  • Pós-graduada em Reprodução Humana pelo Hospital Pérola Byington (SP).
  • Especialista em fertilidade, foi pesquisadora bolsista e fellowship de reprodução humana no Instituto Valenciano de Infertilidad, na Espanha.
  • É mestre em Reprodução Humana pela Universidad Rey Juan Carlos de Madri, também na Espanha.

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