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Entrevistas Especiais

“Deixar criança fazer tudo o que quer é abandono”, diz psicóloga


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Imagem ilustrativa da imagem “Deixar criança fazer tudo o que quer é abandono”, diz psicóloga
Raíssa Völker: “Tem muitos pais que não ocupam seu lugar de adulto. Eles ficam barganhando o amor dos filhos. Os pais têm de abrir mão da necessidade de serem adorados pelos filhos, para poder dizer o que precisa ser dito. Criar filhos com autoridade dá trabalho” |  Foto: Divulgação

Educar uma criança não é tarefa fácil. Em diferentes fases, a criança precisa de disciplina. É justamente aí que erros podem ser cometidos pelos pais ou responsáveis.

Bater, gritar, xingar ou envergonhar a criança são métodos ineficazes para a disciplina e podem causar diversos problemas à criança, conforme explicou a psicóloga clínica de adolescentes e adultos, Raíssa Völker.

Mestra em Psicologia Social, a psicóloga reforçou em entrevista para A Tribuna a importância de os pais terem autoridade. “Deixar a criança fazer tudo que quer é abandono. Esses pais não assumem seu papel”, destacou.

A TRIBUNA – Há pais que, para corrigir o filho, gritam com ele. Qual efeito isso pode causar?
Raíssa Völker – O grito faz com que a criança se contraia. Gera insegurança, medo e faz com que ela busque se moldar para agradar o outro, impedindo-a de ser ela mesma. O que uma criança precisa para crescer e se tornar um adulto responsável, seguro, com boa saúde mental e empático, é se sentir amada e aceita como ela é.

Quando o pai cria esse tipo de comunicação, com agressão verbal, gritos, não há escuta e acolhimento. A referência de amor incondicional vem dos pais ou do cuidador principal.

O que os pais devem fazer para evitar isso?
Esses pais que gritam ou batem precisam de cuidados. Esse pai precisa perceber o que ele precisa e o que sente, e pode comunicar isso ao seu filho, desde que não haja agressão à criança.

De que forma os pais podem disciplinar os filhos?
Se os pais acham que o filho não está com um comportamento adequado, a primeira coisa é entender o sentimento por trás desse comportamento. Em geral, há algo com o qual ela não está conseguindo lidar. Primeiro, se acolhe e apoia o sentimento. Depois, diz que o comportamento não é legal.

Gritar não corrige o comportamento de uma criança. Isso não faz que a criança aja de forma mais adequada para o padrão dos pais. É improdutivo tentar corrigir um comportamento gritando. Batendo, menos ainda.

Como deve ser o tratamento dado a uma criança?
Deveríamos tratar as crianças como tratamos um amigo que vai à nossa casa. A gente não bate em um amigo. Por que, então, nos sentimos no direito de bater, gritar, julgar e ofender o próprio filho? Esse comportamento é uma relação de poder destrutiva.

Digo que, em momentos de paz, os pais devem fazer uma reflexão com eles mesmos, para poder lidar com os filhos.

Como deve ser esta reflexão?
Os pais devem aceitar que vão sentir raiva em algum momento, enquanto lidam com a criança. Segundo, eles não devem sentir culpa ou vergonha desse sentimento.

Terceiro, eles podem expressar essa raiva. Dizer para a criança o que sentem, mas garantindo que o corpo, as emoções e o ser da criança não será ferido, agredido.

É preciso que os pais aceitem que a criança sente raiva?
A coisa mais nociva é fazer com as crianças contenham suas emoções. Porém, para os pais aprenderem a lidar com as emoções dos filhos, eles devem acolher seus próprios sentimentos. Às vezes, a criança nem sabe o que está sentindo, e os pais devem ajudar a espelhar esse sentimento. É dizer: 'estou te vendo e vejo que você está com raiva ou medo', por exemplo.

Como os pais podem ser autoridade sem ser autoritários?
Autoridade é quando o pai garante uma segurança física e emocional para a criança. A autoridade protege a criança, apresenta a ela o mundo e respeita a sua autonomia.

Já o autoritarismo traz consigo uma noção de violência, não dá autonomia para a criança e vem carregado, em sua comunicação, de mandar, julgar e impor. Enquanto que a autoridade é a ocupação do lugar de adulto, diante da criança, para protegê-la.

Tem muitos pais que não ocupam seu lugar de adulto. Eles ficam barganhando o amor dos filhos. Os pais podem dizer não. Deixar a criança fazer tudo que quer é abandono. Esses pais não assumem seu papel de adulto, que dá segurança ao filho. Isso causa angústia e ansiedade. Criar filhos com autoridade dá trabalho.

Os pais têm de abrir mão da necessidade de serem adorados pelos filhos, para poder dizer o que precisa ser dito com firmeza e ternura.

Quais efeitos um ambiente autoritário pode causar em uma criança, quando adulta?
Ansiedade, necessidade de sempre ser aprovado pelos outros. Ela não confia no próprio julgamento dela, já que foi tão agredida. Pode apresentar ansiedade, insegurança, medos, relação de dependência, falta de limites.

Qual conselho daria aos pais?
Antes de aprender o que falar para os filhos, aprenderia a ter autocompaixão, a respirar, a estar mais presente consigo mesmo, a ter atenção plena. Conhecer o que sente e o que precisa, para poder estar presente com as crianças de forma consciente.

Perfil

Raíssa Völker

  • É psicóloga clínica de adultos e adolescentes, é mestre em Psicologia Social pela Universidade de Brasília e especialista em Psicologia Junguiana.
  • Raíssa foi oficial de projetos do Unicef Brasil.
  • É mãe de três filhos e mora em Brasília (DF).

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