X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Entretenimento

Produção iraniana é alerta sobre a opressão


Ouvir

Escute essa reportagem

O longa A Semente do Fruto Sagrado, de Mohammad Rasoulof, apresentado pela primeira vez no Festival de Cannes e cotado para o Oscar na categoria de filmes internacionais (na qual pode concorrer com o brasileiro Ainda Estou Aqui), transpira política. Não apenas pela história, mas também pela perseguição do governo iraniano ao diretor.

O filme mergulha no seio de uma família iraniana. O pai acabou de ser promovido a juiz de instrução, julgando algumas dezenas (ou até centenas) de presos políticos todos os dias. A mãe comemora o novo momento - afinal, devem passar a morar em residência oficial e ter uma vida mais tranquila. As duas filhas, mesmo felizes, veem o mundo de outra forma, preocupadas pela forte onda de repressão do governo.

Em pequenos detalhes, o clima da casa vai se transformando. Por exemplo: com o novo posto, o pai passa a ter uma arma: onde ela será guardada? As filhas saberão disso? Lembra o momento em que a casa da família Paiva, em Ainda Estou Aqui, passa a ser mais fechada, mais escura. Os militares levam Rubens Paiva e Eunice fica sem chão, mas precisando manter a estrutura da família viva.

No longa de Rasoulof, mesmo que não haja agentes do governo entrando na casa e prendendo, a opressão se desenha. No jeito como a mãe olha pela janela; nos gritos de protestos e tiros (e na maneira como chegam ao apartamento); na forma como o pai é o centro das atenções; nos vídeos nos celulares das filhas. Tudo isso contribui, aos poucos, para uma atmosfera mais densa, escura e pesada.

Poder

O diretor trabalha durante mais de duas horas para chegar aos últimos 30 minutos e mostrar que a opressão no Irã tem rosto, barba, nome e sobrenome. É alguém. O último ato de seu filme é uma espécie de releitura, iraniana e mais contemporânea, da frase atribuída ao ex-vice-presidente Pedro Aleixo na assinatura do AI-5 - de que não desconfiava das "mãos honradas do presidente Costa e Silva", mas, sim, "do guarda da esquina". É a síndrome do pequeno poder que mostra como o sistema de opressão pode ser contagiante.

Rasoulof, quase caindo na armadilha de fazer um thriller ao final, busca não apenas perguntas, mas também uma resposta sobre o que deve ser feito com opressores. Em coletiva de imprensa em Cannes, Rasoulof disse que não se deve ter medo. "Eles querem nos desencorajar - mas não se deixe intimidar. Eles não têm outra arma além do medo", explicou, antes de voltar para a Alemanha, onde se refugia até hoje.

No final, A Semente do Fruto Sagrado se transforma em alerta. Com melancolia, Rasoulof vê que não apenas seu país passa por um momento de opressão, mas que isso contamina o povo - o que é pior. Em inglês, o filme tem o título de The Seed of the Sacred Fig. A semente do figo sagrado. É uma referência a uma planta que age como parasita, controlando a hospedeira. Cai no topo da árvore e logo toma conta. Assim como o pai, que não existe mais. Para Rasoulof, agora ele é o Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: