“Precisamos exercitar a fé”, diz Luciano Camargo
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A quarentena ainda não havia sido decretada no Brasil quando Luciano Camargo, 47, sentiu que era a hora de transformar um antigo projeto em realidade. Ao voltar de uma viagem em família à Itália, onde a pandemia já dava sinais graves da Covid-19, o cantor refletiu sobre o quão abençoado era por não ter contraído o vírus.
Ele, então, ligou para o produtor musical Vinicius Leão e iniciou a produção do álbum gospel “A Ti Entrego”, seu primeiro disco solo. “O trabalho não fala do caos, mas de algo muito maior, que é poder glorificar a Jesus. O momento é propício, porque hoje estamos necessitados ainda mais dessa palavra pequena, mas que tem um significado tão forte: a fé. Precisamos exercitar a fé”, afirma, por telefone, ao AT2.
O projeto, no seu escopo completo, tinha três anos, mas a semente foi plantada há duas décadas, quando dona Helena, sua mãe e maior exemplo de fé do goiano, ouviu o filho cantar o louvor “Foi Na Cruz”, com a irmã Marlene. Ao ver a cena, a matriarca pediu para que o artista gravasse músicas do gênero.
Luciano chegou a gravar, ao lado do irmão Zezé, canções gospel como “Quem É Ele?” e “Vai Dar Tudo Certo”, grande sucesso na voz da dupla, mas essa é a primeira vez que ele lança um disco inteiramente voltado para esse universo.
“Esse trabalho representa o Luciano com 47 anos: um pai de família, que está vivendo seu melhor momento - espiritual, profissional e pessoal. Se esse projeto fosse gravado há 20 anos, não teria o mesmo propósito de agora. Hoje não é o artista realizando o sonho de uma mãe, mas concretizando uma vontade que nasceu nele também”, declara.
A primeira amostra de “A Ti Entrego”, que será dividido em três EPs, é a canção “Tempo”, de coautoria do capixaba Anderson Freire. O single será lançado na próxima sexta, quando o cantor celebra 17 anos de casamento com Flavia Fonseca, a quem carinhosamente chama de Fau, e vai ganhar clipe dirigido por Bruno Fioravanti.
“O homem deveria ser meloso!”, disse Luciano em conversa com o repórter do jornal A Tribuna
AT2: O CD se chama “A Ti Entrego”. É tempo de retribuir?
Luciano Camargo: Estou podendo entregar a Deus um pouco daquilo que ele colocou de melhor em mim. Deus deu a vida pra gente, tudo em nós é perfeito, mas ele sempre coloca algo a mais em cada um. Em mim, colocou a voz. Poder devolver um louvor na minha voz é uma realização.
Sua mulher, a Flavia, foi uma grande incentivadora?
Quando criança, frequentava a igreja, mas entrei de fato através da minha mulher, há 17 anos. Durante um bom tempo, realizamos cultos em casa, porque fazia muitos shows e ficava difícil ir à igreja da forma que queríamos. Então, este é um presente para ela e minha mãe.
Teve ajuda divina e da Flavia na seleção das músicas?
A ajuda divina está em tudo. Tive quando gravei “É o Amor” e também nos piores momentos, como no sequestro do meu irmão Wellington. Minha mãe passou três meses orando. Então, tenho certeza que eu e Fau, quando estávamos escolhendo as músicas, Deus estava ali ouvindo com a gente. De 50, selecionamos 15. E, ainda este mês, gravo um DVD sem público.
O projeto era grande na essência, mas passei a vê-lo de outra maneira quando recebi músicas de compositores relevantes no meio, como Anderson Freire, de “Raridade”, canção que gravei de presente para minha família, e Baruk. Nisso, veio a Sony Music e, de fato, se tornou um projeto muito grande.
Esse trabalho significa o fim de sua parceria com Zezé?
De jeito nenhum! Dia desses, estávamos com Thiaguinho gravando a websérie de 30 anos de dupla, que também terá Marília Mendonça, Luan Santana e Ivete. Minha prioridade é Jesus, mas isso não quer dizer que preciso deixar a dupla. A minha vida é cantar com meu irmão. Quantas pessoas tocamos cantando o amor?
Com Zezé, terei uma força ainda maior para levar meu louvor às pessoas. O que me impede de ir a uma igreja e cantar? É meu sonho cantar numa igreja antes dos shows com ele. Este é um propósito desprovido de ambição financeira. Minha pretensão não é vaidade profissional, é vaidade espiritual.
“Tempo”, 1º single, será lançado sexta, quando você e Flavia celebram 17 anos de casados. A música representa essa união?
Quando casei com a Fau, escolhi 16 de outubro por ser uma data especial, é o Dia do Pão e da Alimentação. O melhor alimento que alguém pode receber é o amor. E, quando estava fechando a estratégia, disseram que precisavam de 30 dias para lançar. Quando vi, caía neste dia. Olha as coincidências!
No final, acabei homenageando a mulher da minha vida. Até porque, este ano, não poderei fazer a homenagem que sempre faço: escolho uma cidade e distribuo adesivos com a mensagem “O ato de amar é eterno”. São mais de 5 milhões de adesivos espalhados pelo Brasil! Seria uma indelicadeza, neste momento, fazer uma campanha onde as pessoas vão pra rua.
Para os dias de hoje, uma relação duradoura. O que mantém essa chama da paixão acesa?
Nós, realmente, não brigamos. Desde que casamos, temos um trato de não dormirmos brigados. 17 anos é só o começo. Quero viver com ela por 80 anos! Estamos constantemente em lua de mel.
Assume ser o romântico meloso, algo que muitos não fazem.
Ah, tem mais! Desde quando casamos, entrego para ela uma orquídea todo dia 16 do mês, junto de um cartão personalizado, com a nossa tatuagem “L coração F”. Acho gostoso isso! Se ser meloso é ter todo esse cuidado que temos um com o outro. O mundo deveria meloso, o homem deveria ser meloso!
E discordo de quem diz que mulher não gosta. Alguns são cobrados pelas mulheres nas redes sociais quando faço declarações à Fau. Elas comentam coisas como: “Faz uma palestra”, “farei meu marido te seguir”. Então, isso quer dizer que não é ruim, elas gostam!
Gosto de ser cavalheiro, eternamente romântico e meloso. É isso que faz com que a chama do amor não apague. Estamos há 7 meses na pandemia e queremos nos curtir o tempo todo. Malhamos e cozinhamos juntos. Isso que deixa a vida bela: não é só amar, mas exercer o amor, de servir um copo d’água a secar o cabelo da mulher amada.
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