Paulo Betti: “Ator é mistura explosiva de insegurança e vaidade”
Escute essa reportagem

Com 46 anos de carreira, o ator e diretor Paulo Betti, 68, faz um balanço sobre a sua profissão. Para ele, viver “vidas paralelas”, seja na TV, cinema ou teatro, é um privilégio que o ajuda a se conhecer melhor.
Porém, nem tudo são flores. “Não podemos nos esquecer que o ator é uma mistura explosiva de insegurança e vaidade”, diz, aos risos, o artista, que pode ser visto na reprise de “Império”, como o divertido Téo Pereira.
Embora a novela tenha sido exibida pela primeira vez em 2014, Paulo Betti não deixou certos cacoetes do blogueiro de lado. É o que afirma a atriz, comediante e companheira do ator, Dadá Coelho.
“Comecei a namorar o Paulo logo que acabou ‘Império’ e eu não tinha visto a novela. Fiquei meio assustada quando a gente começou a ver a reprise, mas passo mal de rir. Ele imita o Téo Pereira do nada para mim”, conta ela.
O bom humor é fundamental na vida do casal. Dadá, recentemente, fez Paulo Betti cair na gargalhada ao afirmar que havia sido expulsa de um grupo de WhatsApp formado por Eliane Giardini e Maria Ribeiro, ex-mulheres dele.
“Elas disseram que só me deixam entrar quando eu virar ex”, chegou a afirmar a comediante de 41 anos, que faz parte do elenco do programa de humor “A Culpa É da Carlota”.
E Paulo Betti morre de rir ao lembrar. “Esse negócio do grupo de WhatsApp é uma brincadeira da Dadá! Esse grupo não existe. É uma piada, e muito bem-humorada!”, salienta ao AT2.
Na noite do próximo sábado (28), ele será homenageado pelo FestCine Pedra Azul, evento de cinema que começa nesta terça-feira (24) online. “Para mim, é uma grande alegria e satisfação ser homenageado”, orgulha-se.
“Os ventos sempre sopraram ao meu favor”
AT2 No próximo sábado, você será homenageado pelo FestCine Pedra Azul.
Paulo Betti Para mim, é uma grande alegria e satistação ser homenageado. É um reconhecimento aos trabalhos que fiz no cinema. E no cinema-arte, que gosto muito. Produzi e fiz dois filmes.
Tem 46 anos de carreira e já disse que é um sortudo por ter nascido ator. Fazer o que gosta e se divertir é o segredo?
O trabalho do ator é, realmente, privilégio vocacional. Não é uma escolha. Nós não somos escolhidos. É uma profissão que tem uma importância equivalente à responsabilidade, porque trabalha com as emoções, com a sensibilidade, a identidade. E, nesse sentido, o ator é uma espécie de sacerdócio da arte, da cultura e do entretenimento.
É um artista conhecido pelo engajamento político.
Talvez a minha consciência de classe venha se estruturando desde a minha adolescência, na observação da vida dos meus avós, que eram camponeses e imigrantes. Da consciência do meu lugar de minha origem, que era um ambiente de muita diversidade cultural e racial.
Acho que influenciou muito a exposição inicial que eu tive na infância e na adolescência naquele ambiente da Vila Leão, em Sorocaba (SP), quase um quilombo.
Vem também do fato de eu ser filho de uma empregada doméstica e de ter acompanhado sempre as dificuldades que minha mãe e meu pai tiveram para manter a estrutura econômica da nossa família.
No monólogo “Autobiografia Autorizada”, o público tem a oportunidade de conhecer mais de sua trajetória. Entre erros e acertos, aquele Paulo encontrou o seu lugar no mundo?
Acho que sim, eu encontrei um lugar no mundo. Eu tive a sorte que minha carreira frutificasse e eu tivesse reconhecimento do público e crítica.
Eu devo agradecer aos deuses, pois os ventos sempre, ou na grande maioria das vezes, sopraram ao meu favor. Tenho que agradecer aos deuses do teatro.
Está prestes a completar 69 anos de idade. Artisticamente falando, já conquistou tudo o que almejava?
Houve muitas conquistas, sem dúvida. Fui para muitos lugares, obtive muito reconhecimento. Mas ainda quero fazer muita coisa, apresentar, contribuir ou me expressar muitas vezes.
O QUE ELE DIZ
“Como fui maluco?”
Anos depois de “Império” (2014) ter estreado, Paulo Betti se questiona sobre a maneira que interpretou o blogueiro Téo Pereira. Segundo ele, o personagem seria feito por José Wilker.
“Mas ele morreu e eu fui chamado. No início, me senti um pouco, digamos, culpado, por herdar um papel tão bom. Muita gente diz que gosta, alguns pedem que eu faça autocrítica e reconheça que minha interpretação foi uma droga. Revendo a novela, adoro o desempenho de meus colegas, me divirto com o meu Téo e penso: 'Como fui maluco o suficiente pra fazer esse personagem desse jeito?'”, contou o ator em um post no Instagram.
Para Paulo Betti, a arte, mesmo diante da pandemia que tirou a vida de mais de 570 mil brasileiros, sempre encontra uma forma de se expressar. “Assim como essas mortes poderiam ter sido evitadas se houvesse um enfrentamento racional e objetivo em relação à pandemia, nós sofremos também o acréscimo de uma perseguição, de uma falta de compreensão da arte e da cultura no ponto de vista do governo”, disse o ator em entrevista ao AT2.
Homenagem ao pai
Caçula de 15 filhos, Paulo conta parte da sua infância e adolescência no monólogo “Autobiografia Autorizada”, disponível no YouTube do Sesc RJ e do Cultura Santos. Mais recentemente, em seu perfil no Instagram, o ator prestou uma homenagem ao pai.
“Ernesto, meu pai. Esse nome quer dizer 'combatente leal'. O que ele sempre foi. Trabalhou em diversas funções e sempre foi considerado prestimoso. Era apaixonado por minha mãe, Adelaide. Lembro que a chamava carinhosamente de 'Dêlo'. Hoje são minha memória e saudades eternas!”, escreveu o ator na postagem de uma foto.
Evento virtuais
Para Paulo, é importante que eventos como o FestCine Pedra Azul, que começa hoje e vai até sábado, sejam realizados, mesmo de forma virtual.
“É esse o espaço que nós temos neste momento. É dessa maneira que reafirmamos a presença do cinema, sua importância fundamental dentro da arte e cultural brasileira”, destacou.
Comentários