Novo livro mostra jornada reveladora de Cininha de Paula
A atriz e diretora está lançando “Caminhos do Ator – Do Palco à Câmera”, em que aborda desafios e descobertas
Filha da atriz Lupe Gigiotti e sobrinha do humorista Chico Anysio e do cineasta Zelito Viana, a atriz e diretora Cininha de Paula, 66, tem no DNA o talento da família.
Começou sua carreira cedo, atuando, mas seu foco sempre foi direção, o que não demorou para acontecer e lhe rendeu vários prêmios. No currículo, novelas, como “Salsa e Merengue” (1996) e “Cobras & Lagartos” (2006), programas de TV, como “Escolinha do Professor Raimundo” e “Pé na Cova”, além de filmes.
Após duas décadas à frente de um curso de formação de atores, Cininha e o diretor Charles Daves decidiram reunir as aulas numa obra que está nas prateleiras: “Caminhos do Ator – Do Palco à Câmera”.
No livro, os autores conduzem o leitor por uma jornada imersiva e reveladora sobre artes cênicas, apresentando a trajetória do ator como uma travessia repleta de desafios, descobertas e reinvenções.
Em entrevista ao AT2, Cininha abriu o jogo sobre como deve ser o comportamento de um aspirante a ator e garantiu: não existe “dica ouro” para quem está começando agora. “Existem perguntas que a gente tem que fazer. É isso mesmo que eu quero? Eu estou pensando no sucesso ou na carreira? Eu quero uma oportunidade ou dinheiro? Acho que a dica é essa. É todo dia se perguntar”, destacou.
“A gente precisa ter diferencial”
AT2 - Há 20 anos você ensina a arte de atuar. O que mudou em relação aos métodos e aos próprios alunos?
Cininha de Paula - Eu acho que a metodologia desses últimos 20 anos não modificou muito. O que modificou foi o tipo de aluno, como encaram tudo. Eles têm uma pressa de que tudo aconteça. Eles confundem um pouco, às vezes, ter conhecimento, ser ator, e ser famoso. Antigamente, tudo era mais construído. Hoje em dia, sofrem de imediatismo. Às vezes, desistem antes mesmo de ter experimentado.
Tem como, logo de cara, saber se um aluno tem potencial para se tornar um grande ator?
Tem. Reúne vários fatores. Uma coisa chamada inteligência emocional, além de foco, conhecimento e vocação. A gente consegue vislumbrar que aquele ator ali vai dar certo, a não ser que ele se perca no meio do caminho.
O que é preciso para se destacar na profissão?
A gente precisa ter um diferencial. Mesmo que esse diferencial não seja no talento, e sim no conhecimento. Aí, se você tem mais qualidades para apresentar do que outros, e você tem mais coragem do que outros, porque a gente precisa ser corajoso, a gente precisa enfrentar de frente a situação sem medo, sabe? E arriscar.
Qual é esse “caminho das pedras” que você ensina?
O caminho das pedras existe. Eu ensino como atravessá-lo. Quando chega a pedra, a gente tem que atravessar, trilhar aquele caminho. Aí você precisa ser inteligente, perspicaz, ter conhecimento profundo daquilo que você está fazendo, porque senão qualquer um te dá uma volta. E tem que ter paciência. Paciência, resiliência e, principalmente, saber escolher.
Ter nascido numa família de artistas facilitou ou teve que batalhar como todo mundo?
Eu tive que batalhar igual todo mundo. Talvez o que a família me ofereceu foi, sem dúvida, um diferencial, uma genética. Claro que meu tio (Chico Anysio) abriu uma porta, mas, se eu não tivesse corrido para essa porta não fechar, eu tinha fechado nos meus dedos.
Serviço
“Caminhos do Ator – Do Palco à Câmera”
Autores: Cininha de Paula e Charles Daves
Editora: Rubi Editorial
Páginas: 209
Preço: R$ 50
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