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Entretenimento

Juliana Didone: “Existe uma solidão violenta na maternidade”

Em entrevista ao AT2, a atriz fala sobre os desafios diários de ser mãe e faz rir e pensar sobre o “paraíso materno” em peça teatral


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Imagem ilustrativa da imagem Juliana Didone: “Existe uma solidão violenta na maternidade”
Juliana faz o papel de mãe de primeira viagem em “60 Dias de Neblina”, que será encenada em Vitória |  Foto: Divulgação/Pino Gomes

“Luz e sombra, altos e baixos o tempo inteiro”. É assim que Juliana Didone, 38 anos, mãe de Liz, de 5 anos, define a maternidade. Foi justamente com o nascimento da filha que a atriz conheceu o livro “60 Dias de Neblina”, que serviu de inspiração para o espetáculo que ela apresenta em Vitória na próxima sexta-feira (06) e no sábado (07), no Teatro Universitário, na Ufes.

Dirigida por Beth Goulart e com texto de Renata Mizrahi, a peça aborda, com humor, as alegrias e descobertas de Luísa, mãe de primeira viagem. E, cá entre nós, mamães, quem nunca teve aquela vontade de “devolver o filho para a cegonha”?

“Lógico que já tive! A gente fala disso na peça. Que, apesar de todas as coisas maravilhosas, às vezes, a gente não sabe onde se meteu. Existe uma solidão violenta na maternidade. E a gente precisa expô-la”, contou Juliana, ao risos, em entrevista ao AT2.

Sim, caro leitor, em vários momentos, ser mãe é “padecer no paraíso”, como diz o famoso poema de Coelho Neto. E, às vezes, cansa mesmo, segundo Juliana.

“Em vários momentos, né?! (Risos) Você, como mãe, deve bem saber. Eu canso quando ela pede insistentemente para brincar o fim de semana inteiro. Eu canso quando ela não para de falar e eu só quero ler duas páginas de um livro”, confidenciou.

Mas, apesar de todos os pesares, a maternidade modificou a vida de Juliana. E para melhor, ela garante. “Eu amo. É transformadora mesmo, e todo crescimento causa dor. Não é fácil, são desafios diários, mas eu não consigo imaginar minha vida sem a Liz. Minha filha chegou para iluminar minha vida. Esse é o superpoder dos filhos, eles iluminam nossas vidas. Alargam o nosso amor”.

E, desde a época de sua estreia, em “Malhação”, muita coisa mudou. “Já se vão 20 anos, e acredito que a gente se modifica a cada dia. Mas minha essência é a mesma, minhas prioridades em relação à vida, aos afetos, continuam intactas.”

“Precisei de apoio psicológico”

AT2 -  “60 Dias de Neblina” é uma peça voltada para mulheres ou também é essencial para os homens?

Juliana Didone: Sabe que eu achava que a peça era só para mulheres? Mas eu estava completamente errada. Ela é essencial para os homens! Muitas mulheres, ao fim da peça, me falam: ‘Eu vou trazer meu marido para assistir na próxima temporada. Ele precisa ver!’. E homens que estão na plateia me dizem como foi importante assistir à peça, que ele percebeu realmente a carga mental e a exaustão que invadem uma mulher depois que ela se torna mãe. O humor comunica muito, né?!

Na sua opinião, o que o pai pode fazer para amenizar o sufoco que a mãe passa nos primeiros meses de vida do bebê?

Ser parceiro dessa mulher. Ampliar o olhar e a escuta, aumentar a sensibilidade para entender o que sua companheira precisa. Muitas vezes, é só um copo de água enquanto ela amamenta, um passeio com o bebê de manhã cedo para ela descansar até mais tarde. Levar seu doce preferido quando chegar em casa do trabalho.

Você teve apoio de seu ex-marido e de sua família no início da maternidade?

Minha mãe foi e é minha grande rede de apoio. Meu ex-marido também está ali na presença, mas o nosso casamento já não estava funcionando. O primeiro ano de maternidade foi barra pesada. Eu precisei, inclusive, de apoio psicológico para não surtar.

Afinal, ser mãe é padecer no paraíso?

É uma dualidade gigante! Luz e sombra, altos e baixos o tempo inteiro. Mas acho uma ilusão definir como paraíso.

Imagem ilustrativa da imagem Juliana Didone: “Existe uma solidão violenta na maternidade”
"Eu faço tudo por ela! Tudo que não comprometa seu desenvolvimento pessoal e suas relações com o coletivo” |  Foto: Reprodução/Instagram

O que você faria de extremo por sua filha, a Liz?

Eu faço tudo por ela! Tudo que não comprometa seu desenvolvimento pessoal e suas relações com o coletivo. Dar limites também é dar tudo. Tudo que a eleve, que expanda a sensibilidade, que a torne um ser humano afetivo e forte!

Pensa em ter mais filhos?

Sim e não. Não, e depois sim, de novo. No momento, é uma incerteza. Mas quem sabe?

Como é seu dia a dia com sua filha e como você faz quando precisa viajar com a peça?

Eu tento estar presente o máximo que posso na vida da minha filha. Por ela e por mim. A presença é muito importante. Mas tem épocas da vida que eu fico mais corrida, e eu sinto que ela sente minha ausência. Eu acredito que maternidade e carreira podem andar juntas, mas tem que organizar os pratos e a culpa. E a sociedade precisa ter um olhar mais empático com as mães. É urgente!

Quais as semelhanças entre você como mãe e a sua personagem no teatro?

As situações e reflexões que a gente aborda na peça são muito semelhantes à minha realidade de mãe e à realidade de todas as mães. Acredito que toda mulher identifica traços da sua própria jornada materna quando assiste à peça.

Serviço

“60 Dias de Neblina”

- O Quê: Comédia com a atriz Juliana Didone.

- Quando: Sexta-feira (06) e sábado (07), às 20h. No sábado, haverá intérprete de Libras.

- Onde: Teatro Universitário da Ufes, Goiabeiras, Vitória.

- Clas.: 12 anos.

- Valor: Térreo Setor A e B R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Mezanino R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).

- Vendas: www.sympla.com.br ou na bilheteria do teatro, de terça a sexta, das 14h às 19h.

- Inf.: (27) 2142-5350.

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