Filho de Elis Regina descarta holograma em shows: 'Se quiser ver, vai ter que fechar os olhos'
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O produtor musical João Marcello Bôscoli, filho da cantora Elis Regina, negou a possibilidade de utilizar hologramas para recriar a imagem da mãe em apresentações ao vivo. A declaração veio em meio às expectativas do público para o evento Elis 80, que celebra os 80 anos da artista e ocorre nesta sexta-feira, 28, no Espaço Unimed, em São Paulo.
A especulação sobre o uso da tecnologia cresceu após o anúncio de que a inteligência artificial faria parte da celebração. No entanto, Bôscoli esclareceu que o recurso foi empregado apenas para a restauração de áudios e entrevistas da cantora, permitindo a limpeza de ruídos e o isolamento da voz.
"A gente nunca usou e nunca usará, no catálogo da Elis, as ferramentas de inteligência artificial para a área criativa (...) Se você quiser ver a Elis, vai ter que fechar os olhos", afirmou o produtor em entrevista à CNN.
Segundo ele, a rejeição ao uso da holografia parte da percepção de que essa tecnologia, nos moldes atuais, carece de emoção. Ele recordou que a família recebeu, há alguns anos, uma proposta para criar um holograma da cantora, mas o resultado não os agradou. "O olhar não está ali", justificou.
Mesmo assim, João Marcello não descarta totalmente a possibilidade para o futuro, desde que os irmãos, Maria Rita e Pedro Mariano, e as gerações futuras concordem. "Só no dia em que o olhar estiver ali, mas isso não aconteceu e não aconteceria", completou.
Embora a família se oponha ao uso de hologramas em apresentações musicais, a imagem da cantora já foi recriada digitalmente em outro contexto. Em 2024, a Volkswagen lançou o comercial Gerações, em que Elis Regina aparece cantando ao lado da filha, Maria Rita, por meio de deepfake e inteligência artificial. O anúncio emocionou muitos espectadores, mas também gerou críticas, com algumas pessoas questionando a ética da iniciativa.
Bôscoli minimizou a polêmica, argumentando que as críticas partiram de uma pequena parcela do público. "Teve gente que queria entrar no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) dizendo ser propaganda enganosa, porque a Elis não está viva. Achei um argumento risível, mas respeito a opinião", comentou. Apesar da controvérsia, ele vê um lado positivo no debate gerado pelo comercial. "Foi o primeiro debate adulto sobre os limites da inteligência artificial", afirmou.
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