“Você só entende as coisas depois que amadurece”, diz Vera Fischer
Aos 74 anos, a atriz Vera Fischer conta ao AT2 que cometeu erros e acertos na juventude. Fora das novelas, agora se dedica ao teatro
Linda, poderosa e focada no teatro. Prestes a completar 74 anos de idade, Vera Fischer conta que sempre foi muito coerente com ela mesma, mas, se pudesse mudar algo na sua vida, bem que mudaria sim.
“Eu acho que tem coisas que eu poderia ter feito diferente. Mas eu era muito jovem e você só entende as coisas depois que amadurece. Aí fica pensando no passado e diz: ‘poxa, naquela hora, eu podia ter mudado aquilo, podia ter feito diferente’”, desabafou em entrevista ao AT2.
“Sim, todos nós somos humanos, temos erros e acertos. Eu acho que não há nenhum de nós que não diga assim: ‘ah, eu gostaria de ter mudado aquilo’”, completa.
Atualmente, a eterna “deusa” está em cartaz no Rio de Janeiro com a peça “O Casal Mais Sexy da América”, mas destaca que ficou mais difícil para os atores veteranos conseguirem trabalho, principalmente na TV.
“Dos veteranos que realmente começaram na televisão, existem muito poucos os que são chamados para fazer trabalhos agora. O resto ficou de fora. Então, a gente corre para o teatro”, explicou. Ah, e Vera avisa: “Não tenho a menor vontade de parar de trabalhar”.
“Eu não faço planos”
AT2 — Seu último trabalho na TV foi em 2019, em “Espelho da Vida”. Sente falta de fazer novelas?
Vera Fischer — Foi muito bom fazer essa novela, eu gostei muito. E, logo depois, em 2020, veio a pandemia, aí a TV Globo mudou o padrão de trabalho e fui mandada embora, porque meu contrato tinha terminado. No caso, nunca mais fiz novela depois dali. Fiz muito teatro, muito cinema. Então, se me chamarem para fazer um personagem da minha idade, em que eu possa realmente fazer alguma coisa interessante, aí eu vou aceitar sim.
Faltam oportunidades para os atores veteranos?
Ah, sim, falta trabalho para os veteranos, principalmente, em televisão. Eu fiz televisão durante 45 anos, só na Globo, e eu era jovem. Eu entrei com 26 anos de idade e eu me lembro que. quando eu fiz a Helena, em “Laço Família”, eu tinha 50, mas ninguém dizia que eu tinha 50 anos.
Eu era protagonista total, absoluta. Fora outras novelas que eu fiz também. Acho que, hoje em dia, as pessoas preferem chamar atrizes mais jovens para fazer mães e tias. E dos veteranos que realmente começaram na televisão, existem muito poucos os que são chamados para fazer trabalhos agora. O resto ficou de fora.
Então, a gente corre para o teatro, porque, no teatro, você sabe que o público está sedento para ver os atores ao vivo e a gente tem que contar uma boa história para eles. Depois disso, comecei a fazer teatro e não parei até agora. Estou em cartaz com “O Casal Mais Sexy da América”. No momento, o teatro é o meu lugar. Gostaria muito de fazer cinema também e streaming.
O espetáculo fala sobre vida amorosa e realizações após os 60 anos. Você leva alguma experiência sua para a personagem?
Eu acho que a gente sempre leva as nossas experiências para o palco. Nessa peça, são dois companheiros que faziam um programa de televisão muito famoso nos anos 90 e eram considerados o casal mais sexy da América, embora eles não fossem casados, e isso teve uma repercussão muito grande. E essa peça fala do reencontro desses dois atores 30 anos depois. Então, o que acontece em 30 anos? Muitas coisas mudam.
O espetáculo fala sobre essas reflexões que os dois atores tiveram, a perda de papéis, porque, quando eles estão mais velhos, eles recebem participações especiais, o pagamento é menor, as pessoas já não se lembram mais tanto dos atores que eram sucessos nos anos 90.
E claro que tanto eu quanto os outros atores, nós levamos para o palco algumas experiências nossas. Se bem que o que está acontecendo no momento, que é uma peça depois dos 60, 70, eu estou vivendo isso agora. Eu também invento muita coisa. Sou uma atriz, atriz inventa, cria coisas. E está sendo muito bom.
A beleza te ajudou ou atrapalhou na carreira?
Na verdade, eu acho que, por um lado, a beleza ajudou no início da minha carreira, porque eles queriam garotas jovens e bonitas. Claro que eu não me senti uma atriz até os 25 anos. Eu aceitava os trabalhos porque eu tinha que pagar minhas contas. Agora, depois dos 25 anos, eu ganhei dois prêmios importantíssimos, com um filme chamado “Intimidade”, que era a produção minha e do Perry Salles. E, dali para frente, eu decolei.
Ali, então, eu fui chamada pelo meu talento. Mas claro que a beleza existia. Eu fiz de tudo um pouco. Agora, depois do passar do tempo, eu já com mais de 70, está mais difícil.
Quais seus planos para o futuro?
Olha, eu não faço planos, eu espero um tempo, eu vejo o que acontece, o que me oferecem. Eu estou pensando aqui em muitas coisas que eu gostaria de fazer, mas não posso falar sobre o que é.
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