Renato Aragão afirma que humor 'está mais contido' e que nunca ofendeu ninguém
Humorista está disposto a retomar a carreira, adormecida por anos devido à pandemia
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Renato Aragão, o Didi, verá sua vida encenada no palco do teatro VillaLobos, na zona oeste de São Paulo, a partir desta sexta-feira (19). "O Adorável Trapalhão, o Musical" homenageia o ator com um texto que vai da sua infância no Ceará até Os Trapalhões, programa da TV Globo que o transformou num dos humoristas mais importantes do Brasil.
Renato é modesto, e diz não se ver com essa pompa toda. "Falta aprender muito. Ainda vou chegar lá", afirma ele à Folha de S.Paulo, um dia antes da estreia do espetáculo.
O humorista é interpretado pelo ator Rafael Aragão, que, apesar do sobrenome, não sabe cravar se é parente de Renato. Ele, que já queria criar peças para homenagear grandes nomes da cultura brasileira, idealizou o espetáculo e ganhou sinal verde de Renato e sua mulher, Lilian, há dois anos. Desde então, produzia a atração.
Renato faz uma breve participação na peça, de cerca de cinco minutos. A presença dele no palco, porém, vai depender da sua disposição no dia, já que o ator de 89 anos não tem a mesma energia de antes.
Mas ele diz estar empolgado. "Fico todo arrepiado em falar no musical. Conta coisinha por coisinha. De quando me formei em direito, da minha filha, de quando fui assistir o filme do Oscarito e decidi que não queria ser advogado, mas sim um palhaço."
Parte importante do musical é a história da formação e separação d’Os Trapalhões, grupo que tinha, além de Didi, os humoristas Dedé, Mussum e Zacarias.
Renato foi o líder do quarteto, que fez fama nos anos entre as décadas de 1970 e 1990. Hoje há quem questione o humor satírico e pastelão d'Os Trapalhões, dizendo que certas piadas eram preconceituosas e ofensivas. Mussum, que era negro, já fora chamado de macaco ao longo dos episódios, por exemplo.
"O que eu fiz está feito. Não adianta consertar. Não sei se fiz algo de errado, sempre faço as coisas direito, sempre respeito o público, mas muitas piadinhas escorregam. Tem que ter muito cuidado", diz. "Mas nunca ofendi ninguém."
"Hoje o humor está mais contido. O planeta mudou. Na televisão você vê passando novela, jornal, mas programa de humor acabou. O público fica triste."
Renato está disposto a retomar a carreira, adormecida por anos devido à pandemia, época em que ele ficou recluso com a família em sua casa, no Rio de Janeiro. Em fevereiro ele voltou ao cinema com o youtuber Luccas Neto, com uma participação do no filme "Príncipe Lu e a Lenda do Dragão".
A peça é mais um passo nessa retomada. O texto escrito por Marília Toledo percorre os principais acontecimentos da vida do humorista de forma lúdica e com um toque de fantasia, conta o diretor José Possi Neto. O objetivo, segundo ele, é homenagear os palhaços do mundo todo usando a história de Renato de modelo.
"Pensei ‘ufa, até que enfim’ quando soube que botariam minha vida num teatro", diz o humorista, dando risada.
O ADORÁVEL TRAPALHÃO, O MUSICAL
Quando Em abril: Sex., às 20h, e sáb. e dom., às 16h e 20h. Em maio: Sex., às 10h, e sáb. e dom., às 15h e 18h30. Até 26/5
Onde Teatro VillaLobos - av. Dra. Ruth Cardoso, 4.777, São Paulo
Preço A partir de R$ 39,60 a entrada inteira
Classificação Livre, com menores de 12 anos acompanhados dos responsáveis
Autoria Marília Toledo
Elenco Rafael Aragão e Renato Aragão
Direção José Possi Neto
Ingressos sympla.com.br
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