Relembre grandes sucessos de Arlindo Cruz, como 'Meu Lugar' e 'Será Que É Amor'
Cantor morreu nesta sexta-feira (08), em decorrência de sequelas de um acidente vascular cerebral
Escute essa reportagem

Arlindo Cruz, um dos sambistas mais influentes de seu tempo, morreu nesta sexta-feira (08), aos 66 anos. Foram mais de 500 composições durante a carreira – dentre as quais estavam sucessos como "Meu Lugar" e "Camarão que Dorme a Onda Leva".
Sua primeira aparição em um disco foi aos 17 anos, em "Roda de Samba", de Candeia. Desde então, foram 40 anos de uma trajetória em que se tornou um dos principais músicos do país, com canções em rodas de samba, rádios, programas televisivos e novelas.
O sambista não cantava ou compunha desde 2017, quando sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou com sequelas graves.
Arlindo teve músicas gravadas por Beth Carvalho, Alcione e outros, além de colaborar com artistas como Caetano Veloso, Seu Jorge e Zeca Pagodinho. Também foi integrante do grupo Fundo de Quintal, responsável por revigorar o samba na década de 1980.
Relembre alguns de seus principais sucessos.
'MEU LUGAR'
Feita em parceria com Mauro Diniz, a canção foi a faixa de abertura do disco "Sambista Perfeito", de 2007. Em pouco tempo, virou febre nacional e marcou uma reviravolta na carreira do sambista.
"Meu Lugar" virou um clássico das rodas de samba. Trata-se de uma carta de amor ao bairro de Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, onde Arlindo nasceu e cresceu. Mas não homenageia só este local -exalta a cultura do samba e da comunidade, relatando um cotidiano simples, mas cheio de alegria e autenticidade.
No Spotify, as duas versões da música -uma gravada ao vivo e outra em estúdio- acumulam cerca de 100 milhões de plays.
Ela também apareceu em uma das principais novelas desde a virada do século, "Avenida Brasil". Para o folhetim, Arlindo adaptou a letra para homenagear o bairro fictício da trama, o Divino. "Casou totalmente com a trama, por falar da espiritualidade do povo carioca", afirmou, na ocasião, ao portal Gshow.
'CAMARÃO QUE DORME A ONDA LEVA'
Canção que se sagrou como um clássico do samba, esta colaboração entre Arlindo, Zeca Pagodinho e Beto Sem Braço foi gravada pela primeira vez por Beth Carvalho, em 1983, no disco "Suor no Rosto". A amizade entre Arlindo e Zeca -eles eram conhecidos como "o gordo e o magro" na juventude, por estarem sempre juntos- desabrochou no campo musical.
Com uma interpretação descontraída e carregada de leveza, a letra pega emprestada um ditado popular, misturando a sabedoria das ruas com humor. Ressalta a importância da cautela e da esperteza -no caso, o sujeito que não antecipa os acontecimentos ou não presta atenção ao seu redor acaba sendo levado pelas circunstâncias.
'SERÁ QUE É AMOR'
Lançada no disco "Pagode do Arlindo", o hit marcou o samba romântico. A melodia suave embala a letra sensível, na qual Arlindo se questiona sobre a dúvida suscitada pela paixão -não se sabe se é amor verdadeiro ou apenas uma paixão passageira e, portanto, superficial.
Apesar da alegria típica dos sambas de Arlindo, a interpretação de "Será que É Amor" é mais melancólica e vulnerável. Traduz um sentimento universal e toca o coração das pessoas de diversas gerações, apesar da aparente simplicidade de sua letra e tema.
A música, composta por Arlindo, Babi Cruz e Junior Dom, foi interpretada, ainda, por artistas como Thiaguinho e Exaltasamba.
'O SHOW TEM QUE CONTINUAR'
Nesta canção, o show segue como uma metáfora para a vida. A letra trata da resiliência e superação -o eu-lírico precisa ser otimista e persistir apesar das adversidades, modo de pensar muito comum nas canções de Arlindo e no samba brasileiro.
Com uma interpretação emotiva que conquistou os fãs, tornou-se um dos maiores sucessos do sambista. Foi cantada por artistas como Péricles, Thiaguinho, Beth Carvalho e o Grupo Revelação. Também fez parte da trilha sonora da novela "Insensato Coração", de 2011, e foi a última faixa do disco "Eu, Você e o Samba" (2019), com participações de Martinho da Vila, Maria Rita, Teresa Cristina, Xande de Pilares, entre outros.
'ELA'
A canção é uma colaboração com Sombrinha, que também foi do grupo Fundo de Quintal e com quem Arlindo Cruz lançou quatro álbuns. "Ela" faz parte do disco de estreia, "Da Música", de 1996; depois, gravaram "Samba É a Nossa Cara" (1997), "Pra Ser Feliz" (1998) e "Hoje Tem Samba" (2002).
A batida divertida, criada com os arranjos de violão, cavaquinho e percussão típicos de rodas de samba, convida para a dança. O grande sucesso da música veio não só pelo ritmo contagiante e envolvente, mas também pela letra divertida e carismática -nela, um homem relata sentir-se na palma da mão da mulher, ou seja, completamente submisso a ela.
Apesar do homem encontrar-se sob o controle da pessoa amada -ele está em situação de vulnerabilidade em relação à mulher, que o seduz-, isso não é visto como um problema, mas sim encarado com humor e alegria.
'O BEM'
A canção de Arlindo Cruz e Délcio Luiz, do disco "Batuques e Romances" (2011) tem uma mensagem positiva e otimista que conquistou fãs por todo o Brasil. Além de Arlindo, outros artistas como Thiaguinho e Melim também interpretaram a música.
A melodia, suave e envolvente, se equilibra com a reflexão sobre a importância do amor e da amizade. "O Bem" fazia parte da trilha sonora da novela "Salve Jorge", de 2012.
'MEU NOME É FAVELA'
Lançada em 2007 no mesmo álbum que "Meu Lugar", "Sambista Perfeito", a canção transforma a favela em protagonista de sua própria história. A música denuncia o preconceito, a desigualdade social e a criminalização sofrida por quem vive nas comunidades, ao mesmo tempo em que exalta sua cultura, força e dignidade.
A música se tornou um hino de representação da identidade periférica.
'AINDA É TEMPO DE SER FELIZ'
Composta ao lado de Sombrinha, a música celebra o poder do samba como símbolo de alegria, fé e superação -e convida quem a ouve a valorizar o presente. Foi entoada por Beth Carvalho e Zeca Pagodinho.
'BAGAÇO DA LARANJA'
Clássico samba que canta a dor de um coração partido, a canção usa humor e ironia para falar sobre um relacionamento que não deu certo. A letra fala de um sujeito que deu tudo de si por alguém mas foi deixado de lado, como o bagaço de uma laranja. A música é um ótimo exemplo da genialidade de Arlindo em transformar situações cotidianas em poesia popular, e se popularizou na voz de Zeca Pagodinho.
'SAUDADE LOUCA'
Essa é outra música sobre o fim de um amor, mas de ritmo mais melancólico, marcada pela cadência suave do samba. Arlindo canta consumido pela saudade.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários