Produtora de show de Kanye West em SP tenta fazer o músico se desculpar a judeus
Ele cantaria no Autódromo de Interlagos, mas a autorização do uso do espaço foi revogada pela prefeitura da cidade
A produtora que traria o show de Kanye West à cidade de São Paulo, agora cancelado após conflitos com a prefeitura, tenta fazer com que o rapper se desculpe com a comunidade judaica após ele ter acumulado declarações antissemitas há dois anos e ter se comparado a Adolf Hitler.
Ele cantaria no Autódromo de Interlagos, mas a autorização do uso do espaço foi revogada pela prefeitura da cidade, que justificou a medida dizendo não compactuar com a apologia do nazismo.
Agora, a produtora Holding Entretenimento & Networking, para viabilizar o show, diz que Kanye West estaria disposto a gravar um pedido de desculpas direcionados a judeus numa entrevista, com preferência para algum programa da TV brasileira.
A Folha de S.Paulo apurou com pessoas envolvidas nas negociações que o artista prioriza uma conversa com o programa Fantástico, da Globo, ou com o apresentador Luciano Huck, que é judeu e comanda o Domingão, também na emissora.
A produtora vai insistir em outros espaços em São Paulo e, em último caso, cogita levar o show para outra cidade, como Rio de Janeiro ou Florianópolis. O cachê do artista de US$ 5 milhões, ou cerca de R$ 27 milhões, já foi pago.
No Instagram, a Holding Entretenimento & Networking diz discordar da atitude da prefeitura, "uma vez que um show dessa magnitude proporciona acesso à cultura, ao entretenimento e fomenta a economia da cidade".
Eles seguem buscando outra cidade para realizar o show. Quem comprou ingressos pode pedir reembolso ou guardá-los para a possível nova apresentação do rapper no país. As pessoas que optarem por cancelar os tíquetes devem receber email com instruções até sexta-feira (21).
No começo do mês, Kanye West adiou pela terceira vez o lançamento de seu próximo álbum, "Bully", que chegaria ao streaming. Ele também divulgou um vídeo que mostra um encontro do artista com um rabino chamado Yoshiyahu Yosef Pinto em Nova York.
Na ocasião, o rapper pediu desculpas públicas pelos comentários antissemitas feitos ao longo do ano. "Me sinto realmente abençoado por poder sentar aqui com você hoje e simplesmente assumir a responsabilidade. Eu estava lidando com várias questões do transtorno bipolar, então isso pegava as ideias que eu tinha e me fazia levá-las ao extremo", disse. "Estes são os primeiros passos, tijolo por tijolo, para reconstruir muros fortes."
Em 2023, ele também já havia publicado nas redes sociais um pedido de perdão similar pelas declarações. "Peço sinceras desculpas à comunidade judaica por qualquer explosão não intencional causada por minhas palavras ou ações. Não era minha intenção magoar ou rebaixar, e lamento profundamente qualquer dor que possa ter causado", escreveu, na ocasião, em hebraico.
Uma das pessoas que trabalham no show de Kanye West no Brasil, Jean Fabrício Ramos, que se apresenta como Fabulouz Fabz, disse à Folha de S.Paulo em junho que o rapper não era nazista. "Ele está num caminho, se você olhar o Twitter, já começou a se retratar. Artista a gente conhece… Ele é muito estratégico em várias situações de causar polêmicas, devido aos contratos que ele tem."
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