Nathalia Dill: "Sou uma pessoa mais paranoica do que antes"
Em entrevista ao AT2, a atriz Nathalia Dill conta sobre as mudanças com a maternidade e o passar do tempo
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Uma ida à praia deixou de ser um programa simples na vida da atriz Nathalia Dill, 39, após o nascimento da filha Eva, de 4 anos. É que uma dose de aflição foi adicionada ao roteiro.
“Com certeza, sou uma pessoa mais paranoica do que era antes. A gente fica com preocupações que eu nunca imaginei que fosse ter. Antes, eu podia só sentar e tomar um coco. Agora, tenho que tomar coco, olhar a filha, pensar nos perigos... Mas isso tem diminuído um pouco com o crescimento dela”, afirma a artista ao AT2.
Capricorniana, Eva tem uma personalidade bem própria. “É decidida”, como Nathalia mesmo define. Dia desses, a pequena chegou a falar que não gostou da performance da mãe em um quadro de TV.
“Cada criança tem seu desafio. Ela me demanda questionamentos, os quais nunca pensei que fosse ter. Eu também sou uma mãe a partir desse diálogo com ela, com essa criança que ela é”, reflete.
Fruto do casamento com o músico Pedro Curvello, Eva também chegou promovendo mudanças nas escolhas profissionais de Nathalia.
“O feminino, o lugar da mulher na sociedade e a maternidade são temas que têm me rondado e tenho buscado projetos mais conectados com esses assuntos”, conta a intérprete de Valiana na série “Guerreiros do Sol”.
Para ficar mais tempo com a família e se jogar em novas empreitadas profissionais, a atriz decidiu tirar férias da peça “Três Mulheres Altas”, cujas últimas apresentações da atual temporada acontecem em Vitória, no mês de agosto.
“É uma peça que envelhece bem e descubro novas camadas toda vez que retorno para ela. Então, é legal estar me conectando com ela em diferentes fases da vida. Acho que chegou o momento de dar um respiro. Teatro é muita doação de tempo, entrega”.
Na remontagem do clássico de Edward Albee, cuja estreia foi em agosto de 2022, Nathalia interpreta a mais jovem de três mulheres de diferentes idades.
“Quando comecei a fazer essa peça, me conectava muito com a minha personagem. O tempo foi passando, a filha foi crescendo, fui refazendo e me compreendendo mais como a personagem da Deborah Evelyn”. Suely Franco completa o elenco atual.
Confira a entrevista

AT2: “Três Mulheres Altas” fala sobre a passagem do tempo. O que aprendeu com essas personagens?
Nathalia Dill: A grande lição é que o tempo realmente passa para todos e a gente não tem o controle exato do que vai acontecer, é ter essa consciência da imprevisibilidade do futuro. É o que essa peça mostra: a imprevisibilidade do que é a vida.
AT2: Em 2026, chega aos 40 anos. A proximidade dessa idade te aflige?
Nathalia Dill: O número redondo tem algo diferente, uma mística. Senti isso quando fiz 30. É como se fossem viradas, mas não que todo ano não seja. E, sim, a gente vê o tempo passar concretamente, ainda mais como mulher. Se for olhar nosso sistema reprodutivo, ele se transforma a cada ano que passa.
AT2: O que espera dos seus 40 anos?
Nathalia Dill: Nunca pensei nisso. (Risos) Sou muito feliz de conseguir fazer arte, viver dela, de poder ter essa conversa com você, e eu acho que só penso em continuar fazendo isso.
AT2: Completa duas décadas de carreira este ano. Foi fácil chegar até aqui?
Nathalia Dill: Sou muito realizada com as minhas conquistas, de ter uma família na qual sou feliz… É uma trajetória pela qual tenho um grande respeito.
AT2: Qual foi o grande momento da sua carreira ou o mais desafiador?
Nathalia Dill: Quando fiz “A Dona do Pedaço”. Eu era uma vilã no horário das nove e que tinha um bordão, algo tão popularesco, então foi um momento muito bonito. Essa volta aos palcos em “Três Mulheres Altas” também foi importante. Um momento pós-pandemia e pós-maternidade e que foi um retorno às minhas origens, ao teatro.
AT2: Revelou que quase viveu a Nina, personagem de Débora Falabella em “Avenida Brasil”. Qual foi o “não” mais difícil da sua carreira?
Nathalia Dill: Já teve tanta coisa que não rolou, mas sempre acredito que não é para ser. Vem para nossa vida o que a gente consegue absorver. Às vezes, é melhor deixar ir. Faço meus esforços, mas sabendo entender que, às vezes, pode não acontecer.
AT2: Tem sido desafiador unir maternidade, trabalhos na TV e no teatro?
Nathalia Dill: As coisas, às vezes, não vão estar totalmente equilibradas, e tudo bem. Vai ter momento que vou trabalhar mais e ficar menos com família e vice-versa. Meu trabalho tem essa natureza e tento aceitar.
Há momentos em que estou muito demandada, que nem aconteceu agora com “Três Mulheres Altas”, que estava em São Paulo, em outro estado, e, durante esse período, apareceu a oportunidade de gravar o filme “O Personagem”.
AT2: Sobre o que fala o filme?
Nathalia Dill: Fala sobre a imigração haitiana na cidade de São Paulo. Minha personagem é uma jornalista que está querendo fazer uma matéria sobre essa realidade, mas acaba retratando ela de maneira enviesada.
Sobre a peça
“Três Mulheres Altas”
O quê: Comédia dramática com Suely Franco, Deborah Evelyn e Nathalia Dill.
Quando: Dias 2 e 3 de agosto. Sábado, às 20h, e domingo, às 17h.
Onde: Teatro da Ufes, Goiabeiras, Vitória
Ingresso (meia): Plateia B a R$ 80 e Plateia A a R$ 90. Mezanino esgotado.
Venda: Site Sympla
Classificação: 12 anos.
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