Gilberto Braga: bastidores da vida do gênio das novelas
Biografia sobre Gilberto Braga foi escrita pelos jornalistas Artur Xexéo e Mauricio Stycer e possui depoimentos de vários famosos
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Que Gilberto Braga era um gênio da teledramaturgia não se discute. Criador de personagens icônicas como Odete Roitman (Beatriz Segall em “Vale Tudo”), Olga Portela (Fernanda Montenegro em “O Dono do Mundo”) e Júlia Matos (Sonia Braga em “Dancin’ Days”) – só para citar algumas –, o dramaturgo acaba de ganhar uma merecida homenagem.
Chega às prateleiras a biografia “Gilberto Braga, O Balzac da Globo”, escrita por ninguém menos que os jornalistas e críticos Artur Xexéo (que faleceu em junho de 2021) e Mauricio Stycer.
A trajetória do próprio Gilberto Braga, que morreu em 2021, aos 75 anos, daria uma novela e tanto: tragédias em família, ascensão social, superações na vida profissional e na pessoal.
Na biografia, além da vida do gênio, o leitor vai poder conferir a história da própria televisão brasileira e curiosidades sobre as produções, escalações de elenco e curiosidades de bastidores.
Para deixar a obra ainda mais interessante, artistas que estrelaram novelas e minisséries do autor dão depoimentos esclarecedores.
Com a leitura de “Gilberto Braga, O Balzac da Globo”, dá para se ter uma ideia de por que o dramaturgo se empenhava tanto em suas produções.
Ele mesmo deixou claro sua vontade de estar sempre no topo: “Detesto quando jornalista insinua que escrevo alguma coisa para ter audiência. É claro que escrevo, sou pago para isso. Mas falam como se fosse pecado.”
TRECHOS DO LIVRO
Tragédia em família
“Gilberto Tumscitz nasceu em 1º de novembro de 1945, exatos 31 dias depois do assassinato da avó pelo padrasto de seu pai. Na certidão de nascimento, por opção dos pais, Durval Tumscitz e Yedda Braga, consta apenas o sobrenome do ramo paterno, de origem polonesa ou austríaca”.
Profissão
“Aos 26 anos, Gilberto Braga é um querido professor de francês na Aliança Francesa e um conhecido crítico de teatro no jornal O Globo, mas está insatisfeito com ambas as ocupações. Gilberto buscava encontrar uma profissão que o remunerasse bem. Respondendo a um teste vocacional alguns meses antes, disse que o bem-estar material era mais importante do que a realização profissional.”
Cinema
“Gilberto teve inúmeros interesses na infância, mas nenhum comparável à paixão que desenvolveu pelo cinema. Por sorte, sua família se estabeleceu no bairro com a maior concentração de cinemas no Rio naquela época.”
Terapia
“Numa das vezes que Gilberto ameaçou desistir de escrever a novela, Daniel Filho apresentou outra sugestão importante, que não chegou a resolver o problema, mas foi de grande utilidade. O diretor sugeriu ao autor que ele fizesse terapia. Por indicação de uma amiga, começou a fazer análise com o psicanalista Nilo de Ramos Assis. Foram quase vinte anos de terapia, só interrompida a pedido de Gilberto. “Porque, no final da minha análise, já não era mais análise. A gente ficava cantando marchinha de Carnaval”.
Sucesso
“'Dancin’ Days' foi uma espécie de exame de admissão de Gilberto no horário nobre. Por cinco anos, a Globo contou apenas com dois autores, Janete Clair e Lauro César Muniz, revezando-se na faixa das oito. A partir de 1979, passa a dispor de um terceiro.”
Discussão sobre racismo
“'Corpo a Corpo' foi a primeira novela da era moderna a colocar em destaque, entre os personagens principais, um casal inter-racial, vivido pela arquiteta Sônia (Zezé Motta) e o engenheiro Cláudio (Marcos Paulo). Na trama de Gilberto Braga, o amor entre Sônia e Cláudio terá inúmeras repercussões, com discussões importantes e educativas sobre racismo.”
Ajuda
“Contratados a peso de ouro, mas nem sempre ocupados, os autores de novelas da Globo passavam às vezes longos períodos de folga. Eram, por isso, requisitados com alguma frequência para auxiliar os colegas. A missão mais importante de Gilberto foi ajudar Silvio de Abreu em “Rainha da Sucata”.
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