“Estou vivendo um sonho que nem imaginava”
Em entrevista ao AT2, a capixaba Elaine Dias fala de sua trajetória até conseguir espaço em produções como “Arcanjo Renegado”
Tem capixaba brilhando na telinha! E não é em uma novela tradicional. Aos 43 anos, Elaine Dias tem mostrado o seu talento em “Arcanjo Renegado”, série mais vista do Globoplay.
Na trama, a atriz faz parte do núcleo dos jornalistas, profissão na qual também é formada. Ela já apareceu em duas temporadas da produção e gravou, recentemente, a 5ª, prevista para estrear no ano que vem.
“O meu sonho é ter cada vez mais oportunidades como atriz. Mas também tento aproveitar o momento e saber que hoje já estou vivendo um sonho que eu nem imaginava, até porque o streaming é algo novo. Trabalhar em uma superprodução de sucesso é algo que até geograficamente parecia ser impossível”, revela em conversa com o AT2.
Nascida em Vila Velha, Elaine participou da novela “Caras e Bocas” (2009), na TV Globo, e do “Jornal Sensacionalista”, no Multishow. Por quatro anos, ela estudou no Tablado, icônica escola de teatro no Rio de Janeiro, e participou de diversos workshops. Mas seus estudos na dramaturgia iniciaram em terras capixabas, ainda na adolescência.
“Aos 14 anos, entrei em uma companhia profissional. Eu sempre tive muita certeza do que eu queria fazer. Estudei na Fafi, que é uma super referência de ensino de artes no Espírito Santo”, lembra.
Na capital carioca, onde vive há quase duas décadas, Elaine participou de diversos projetos ligados ao Terceiro Setor, como é o caso de “Arcanjo Renegado”, cuja produção é da AfroReggae Audiovisual, produtora criada pelo fundador da ONG Afroreggae, José Junior. Ela também fez parte da Cia Teatro Tumulto, sediada na Central Única das Favelas (Cufa).
“Se não fossem esses espaços culturais nas comunidades que me acolheram, eu poderia não ter tido fôlego para continuar e persistir na carreira. Os cursos pagos de atuação não são baratos, fiz vários, mas sempre com muito esforço - o dinheiro, quando sobrava, sempre foi para investir nos estudos”, desabafa a artista.
Elaine Dias Atriz e Jornalista
“Passei inúmeros perrengues! Não conhecia ninguém”
AT2 Ser atriz sempre foi um sonho?
Elaine Dias: Assisti à primeira peça de teatro na vida no Theatro Carlos Gomes, era um espetáculo infantil de um grupo teatral mineiro, “A Bela Aborrecida”. Entramos no teatro e tinha um ator já deitado em cena. Lembro da sensação de pensar: ‘como ele consegue ficar parado tanto tempo?' Eu achei tudo incrível e tive a certeza que um dia faria aquilo também.
Quando me apresentei no Carlos Gomes pela primeira vez, foi muito significativo, pois era um sonho distante. Me formei em Jornalismo em dezembro de 2005 e em Pedagogia em agosto de 2006. No mês seguinte, mudei para o Rio.
É possível viver só de atuação no Brasil?
Passei inúmeros perrengues! (Risos) Cheguei em uma cidade que não conhecia ninguém. Meus pais me ajudaram, mas, até começar a trabalhar, era dinheiro para o básico do básico.
Os primeiros anos foram muito difíceis. Trabalhei fora da área mesmo sendo formada. Não dava para ficar escolhendo emprego não. Considero importante ressaltar que trabalhar em outras áreas foi importante também para o meu amadurecimento. O ser humano precisa sempre se reinventar. Trabalhei com eventos, recreação e como promotora de vendas, e aí pude começar a estudar atuação e, consequentemente, formar uma rede de contatos. Mas o processo foi e é longo...
Como explica o sucesso da série “Arcanjo Renegado”?
O José Junior, que é o showrunner da série, é um gênio! Todos os projetos feitos pela produtora AfroReggae Audiovisual são incríveis!
É preciso falar sobre corrupção?
Com certeza! Em um país como o nosso, é muito necessário falar sobre corrupção, violência e segurança pública. Ao falar desses temas, é levantado o debate, o que é essencial para a transformação da sociedade, no meu ponto de vista.
Infelizmente, a imagem do Rio de Janeiro, além da beleza, é da violência. A trama de Arcanjo se passa no Rio, mas os temas abordados recortam todo o País.
Com quais grandes nomes teve a oportunidade de atuar?
Contracenei com a Rita Guedes (Governadora Manuela), que é uma referência na interpretação e na postura no set. Muito generosa e concentrada no trabalho.
Qual é o valor da AfroReggae Audiovisual para a arte?
Sou fã do trabalho da produtora. Eles investem no protagonismo negro e também geram oportunidades para artistas das comunidades, migrantes de outros estados (como é o meu caso), egressos do sistema prisional e atores renomados que agora podem ter oportunidades de viver outros papéis, que antes, não tinham oportunidades.
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