“Cresci sem me achar bonito”, afirma Breno da Matta
Em entrevista ao AT2, o baiano Breno da Matta, 40, conta que hoje está tranquilo com sua autoestima
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Um metro e noventa de altura, corpão de atleta, traços fortes, cabelos ondulados e brilhantes.
Mesmo com todas esses atributos, Breno da Matta, 40 anos, um belo baiano da cidade de Itabuna, confessa que não se achava bonito.
“Cresci sem me achar bonito. Beleza é algo relativo e passa por muitas construções sociais. Pessoas negras não são o referencial de beleza construído na sociedade em que vivemos. Aprender a se amar e se achar belo é um processo para nós. Até porque somos lindos também”, afirmou o ator, que interpreta o pastor Lívio na novela “Renascer”, em entrevista ao AT2.
Mas a insegurança quanto à própria imagem ficou para trás. Aos 15 anos, quando foi morar em Salvador, passou a ser, finalmente, paquerado. “Hoje estou tranquilo com minha autoestima”, ressalta.
Ele revela que tem recebido muitos elogios, mas agora por conta também de seu trabalho como ator. “Acredite que tenho recebido mais elogios pela atuação, pelo trabalho, do que por algum aspecto físico. Mas me divirto com os comentários sobre a imagem do Lívio, as pessoas são criativas! (Risos) Já comigo, fico tímido”.
Ah, sim, o segredo para manter o corpão é simples: “Sempre pratiquei muito esporte e hoje me mantenho principalmente na academia”.
E quem vê Breno dando um show como o pastor Lívio nem imagina que é sua primeira vez em novelas. O ator, que é formado em Farmácia, trabalhou durante uma década em sua área até ser “arrebatado” pela arte, como ele mesmo diz.
Antes de “Renascer”, integrou o elenco da série “Escola de Gênios” (Gloob), de “Negócio de Família”, do longa “Carcereiros - O Filme”, e também poderá ser visto em breve na série “Justiça 2”.
Cria do teatro, atuou em diversas peças e ainda faz parte do elenco da trupe argentina Fuerza Bruta.
Mas, voltando à sua estreia na TV, seu personagem promete agitar o remake da novela de Benedito Ruy Barbosa. Na versão original, ele era um padre que entrava em conflito ao se apaixonar por uma mulher.
Agora como pastor – e sem o celibato – fica mais fácil o aprofundamento em um triângulo amoroso que envolve Lívio, Joaninha (Alice Carvalho) e Tião Galinha (Irandhir Santos). Cheiro de polêmica no ar!
“É sobre minha história de vida”
AT2- Como se preparou para interpretar um pastor?
Breno da Matta- Lendo muitos livros, inclusive a Bíblia, sobre o universo do Lívio, em relação a evangelismo e humanismo, tendo Rubem Alves como maior norte. Tenho encontrado e conversado com alguns pastores e amigos evangélicos.
Na primeira versão, o personagem era um padre. O que acha dessa mudança?
Nem eu sei, por enquanto, para onde caminhará esse tema. Mas o mais importante até agora que me chegou é a missão que Lívio carrega em ajudar os mais necessitados. Acho uma mudança mais que necessária. A arte tem sempre que dialogar com seu tempo e suas discussões. Lívio ter a crença evangélica amplia a possibilidade de olhares sobre espiritualidade.
Acho que a espiritualidade de Lívio e seu olhar para o mundo, a partir dela, são mais importantes neste momento. A humanidade dele me contempla e tudo ajuda na composição de um personagem.
Seu personagem vai abordar intolerância religiosa. Como vê essa questão?
Muitos temas importantes e que nem deveriam mais ser polêmicos irão atravessar o caminho de Lívio, inclusive intolerância religiosa. O ecumenismo é algo muito importante na obra do Benedito e tem sido brilhantemente abordado pelo Bruno Luperi nas figuras de Lívio, Inácia e padre Santo.
Você é formado em Farmácia. Em que momento da vida, decidiu virar ator?
A arte atravessou minha vida muito por acaso, e me arrebatou. Nunca imaginei ser ator, mas a vida me levou pra isso. Quando assisti à minha primeira peça de teatro, eu já tinha 24 anos.
Aos 40 anos, é sua primeira novela. Como está se sentindo? Tinha o sonho de estar na TV?
Estou muito feliz em estar fazendo esta novela e neste momento da vida. Não diria que era um sonho estar na TV, mas estou amando estar fazendo e experimentando essa linguagem. Não seria hipócrita em dizer que não é fantástico. Mas, principalmente, sempre quis fazer bons personagens e contar histórias em que acredito.
Estar em uma novela que se passa na Bahia é mais fácil para você?
Fácil, não é. Nunca. Mas essa novela em si é muito sobre minha história de vida, pois sou da região e meu pai trabalha com cacau.
Como foi trabalhar com os adolescentes em “Escola de Gênios”?
Foi uma delícia! Aprendi muito mais sobre tudo. Talentosas, espirituosas, divertidas, as novas gerações sempre têm a nos ensinar. Fora que tinham mais experiência do que eu, inclusive.
Quais seus planos para o futuro?
Estou num momento de deixar a vida acontecer. Mas rezo para que as portas sigam se abrindo e que mais personagens bons e histórias importantes, experiência boas, cheguem a mim.
E, claro, que conquiste uma segurança financeira com isso, pois vida de ator não é fácil, é muito instável e de muita luta.
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