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Famosos

Cantora autista pede respeito às diferenças

Ilus, de 43 anos, que foi diagnosticada há dois com Transtorno do Espectro Autista, lança CD com reflexões sobre as pessoas atípicas


Imagem ilustrativa da imagem Cantora autista pede respeito às diferenças
Ilus: “Somos excluídos por termos um ritmo e forma de trabalho divergentes. Acessibilidade é um direito pouco acessado por pessoas autistas” |  Foto: Divulgação/Virgilio Libardi

Ela é cantora, compositora, atriz, escritora, doutora em Geofísica Espacial e, há dois anos, foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O diagnóstico só serviu para confirmar o que a carioca Ilus, de 43 anos, já desconfiava, pois sempre se considerou “diferente”. 

Agora, utiliza sua arte e sua voz para ajudar outras pessoas com TEA a conquistarem seu espaço e, acima de tudo, respeito na sociedade.

Ilus se prepara para lançar o novo álbum, “Natureza Líquida”, que será disponibilizado integralmente ao público no dia 28 deste mês, reunindo nove composições autorais e um poema dela. 

Nele, a artista propõe  um olhar sobre a realidade desse segmento da sociedade, sempre sob o prisma do respeito às diferenças.

Além disso, Ilus é uma das administradoras do portal Adultos no Espectro, sendo facilitadora de grupos de apoio para pessoas autistas e  ministrado e organizado cursos e seminários para psicoeducação de autistas, familiares e profissionais da saúde que atendem esse público.

“É também do meu interesse colaborar para tornar a rede de apoio das pessoas como eu maior e mais bem informada. Minha arte e meu engajamento social estão sempre alinhados, e tenho me sentindo bem com as coisas que faço hoje”, disse em entrevista ao jornal A Tribuna.

Seu dia a dia é uma rotina em que, segundo ela, “antecipação de eventos” e “estrutura” são as palavras-chaves para seu bem-estar.

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“Convivo com minha família e faço o curso de composição na Ufes, pois cheguei à conclusão de que o ambiente acadêmico era um ambiente em que eu conseguia aliar meu foco de interesse, vontade de aprender com alguma socialização. Tenho evitado pegar trabalhos musicais surpresas e sem tempo de me preparar”, observou.

Ilus, que já deu aulas em uma faculdade particular e na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), contou que teve  dificuldades profissionais tanto na carreira artística quanto na acadêmica. 

“A inclusão das pessoas autistas no mercado de trabalho é algo que precisa ser discutido com seriedade. Somos excluídos por termos um ritmo e forma de trabalho divergentes. Acessibilidade é um direito pouco acessado por pessoas autistas”, lamenta. 

“Sempre me senti muito diferente”,Ilus cantora, compositora, atriz e escritora

A Tribuna: De onde vem a inspiração para suas músicas?
Ilus: A maioria das vezes vem das minhas angústias. Minhas músicas são desejos lançados por aí, como aquelas cartas engarrafadas lançadas no mar. Elas são sempre uma vontade de comunicação.

Para você, compor é um processo tranquilo ou sofrido?
Depende. Na maioria das vezes, compor me traz alívio. Noutras vezes é um processo difícil, obsessivo, que me draga as energias. Mas percebi que quando eu consigo comunicar essa música, estabelecer uma relação entre mim e o interlocutor, eu ganho paz.

É um processo de materializar sentimento. Só as palavras não dão conta. Pode ser um processo rápido e tranquilo, mas também pode ser difícil. Independente de como é o processo, sempre vale a pena.

Por que o título do álbum é  “Natureza Líquida”?
Esse nome veio da aceitação de que tenho uma natureza diferente. A aceitação radical de quem eu sou só aconteceu no final do meu álbum. Eu sou uma pessoa que tem crises e que se expressa principalmente pelo choro.

Quando eu choro, tudo que enxergo se torna líquido também. Entendi que meus mecanismos de preservação são outros e que são naturais, e não uma maldição. Minha natureza é líquida, eu digo, numa visão poética sobre mim mesma.

Você vai do lírico ao funk feminista. Como consegue?
Estudando muito e tendo humildade de entender meus limites, assim como audácia para experimentar mesmo sabendo que serei criticada. A música é meu ar. Me dedicar a ela é o que me mantém viva.

Tem preferência por algum estilo? Tem algum que não ouve de jeito nenhum?
Tem muitos sons que são insuportáveis para mim e que estão presentes em algumas músicas. Então, posso deixar de ouvir por questões sensoriais. Não existe um estilo que seja completamente aversivo para mim, mas eu gosto de música que tenha drama.  

Imagem ilustrativa da imagem Cantora autista pede respeito às diferenças
Receber o diagnóstico foi como ter um caminho para trilhar, num momento que achei que estava sem saídas” Ilus, cantora, compositora, atriz e escritora |  Foto: Divulgação/Melina Furlan

Você foi diagnosticada há dois anos com TEA. Foi uma surpresa ou sentia que havia algo “diferente”? 

Não foi uma surpresa, pois procurei meu diagnóstico depois de constatar que realmente tinha barreiras importantes de socialização e que as mesmas não podiam mais, no auge dos meus 40 anos, e depois de muito esforço da minha parte, serem  associadas à timidez.

Não sei por que, mas sempre tive na minha mente a possibilidade de ser autista, pois sempre tive estereotipias (vontade de me movimentar como balançar o corpo, pernas, mãos).

Além disso, sempre me senti muito diferente das pessoas, como se eu vivesse numa espécie de bolha que me impedia de acessá-las. Hoje me compreendo muito melhor. Receber o diagnóstico foi como ter um caminho para trilhar, num momento que achei que estava sem saídas. 

O TEA interfere de que jeito em sua obra?
Eu não consigo distinguir o autismo de mim, pois ele afeta o que ouço, o que vejo, o que sinto na minha pele, a forma como sinto em todo o meu corpo. Afeta no gerenciamento das minhas emoções, como eu estruturo o mundo, na minha flexibilidade com novas ideias e, por fim, afeta como eu me expresso.

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