“A maternidade e a carreira me desafiam diariamente”, diz Juliana Knust
Em entrevista ao AT2, a atriz Juliana Knust, 44, revela que tem dias em que “tudo parece demais e sente vontade de surtar”

Filhos, carreira, romance. Dar conta de tudo isso sem “surtar” é para os fortes! E Juliana Knust, 44 anos, tem conseguido dar conta do recado.
Atualmente em cartaz em São Paulo com a peça “Aluga-se um Namorado”, mãe de dois meninos – de 15 e 9 anos – e com um namoro recém-assumido após o fim do casamento de 15 anos, ela ressalta, em entrevista ao AT2, que o importante é valorizar cada instante da vida.
“Minha rotina é intensa, mas também muito prazerosa. Com meus filhos, tento estar presente de verdade, nos momentos simples do dia a dia, mesmo com a correria do trabalho”, conta.
“É claro que tem dias em que tudo parece demais e a gente sente vontade de surtar. (Risos) Já surtei algumas vezes… Mas tento sempre respirar, me organizar e pedir ajuda quando sinto necessidade. A maternidade e a carreira me desafiam diariamente, mas também me ensinam sobre paciência, amor e sobre a importância de valorizar cada instante”, desabafa.
E tudo isso ao mesmo tempo em que lida com crises de ansiedade e momentos de baixa energia e desânimo desde a adolescência.
“Sempre me cobrei demais. Mas aprendi a reconhecer os sinais e a buscar estratégias para me cuidar. Faço acompanhamento terapêutico e, quando necessário, uso medicação sob orientação médica. Os exercícios ajudam a liberar serotonina e dopamina, que são fundamentais para o bem-estar físico e emocional”.
“Sempre existe um próximo capítulo”
AT2 — Teria coragem de pedir para alguém fingir ser seu namorado para agradar à família, como sua personagem na peça “Aluga-se um Namorado?
Juliana Knust — Eu acho que, na vida real, a gente sempre acaba surpreendendo a família de outras maneiras . Nunca precisei inventar um namorado para agradar a ninguém, até porque acredito que relacionamentos, de qualquer tipo, devem ser verdadeiros. Mas, como atriz, é divertido explorar essas situações absurdas que talvez a gente jamais viveria fora do palco. No teatro, a gente pode exagerar essas situações para provocar reflexão.
Está numa fase confortável em sua carreira ou busca novos desafios?

Eu me sinto muito feliz e realizada com tudo que construí até aqui. Mas, confortável? Nunca. Acredito que o ator vive de desafios, e é isso que mantém a chama acesa. Cada novo trabalho é uma chance de me reinventar, de explorar territórios que ainda não conheço e de contar histórias que provoquem o público.
O que falta conquistar?
Eu acho que a arte é infinita, então sempre vai faltar algo para conquistar. Tenho vontade de explorar mais o cinema, de me aventurar em personagens que me tirem totalmente da minha zona de conforto, de contar histórias que deixem um legado. Também sonho em criar meus próprios projetos, produzir e dar vida a ideias que ainda estão guardadas no coração. Acho que o mais bonito é isso: saber que, por mais que já tenha vivido tanta coisa, sempre existe um próximo capítulo esperando para ser escrito.
Você estreou na TV em “Malhação”. Foi difícil?
Foi intenso e, de certa forma, assustador. Eu era muito nova, ainda imatura, e, de repente, estava em um universo enorme, com muita exposição e responsabilidade. Aprendi muito no tranco, me sentindo observada e, às vezes, julgada. Tive inseguranças, me comparei com outras pessoas e até duvidei do meu talento.
Mudaria alguma coisa em sua carreira?
Quando olho para trás, vejo que minha carreira foi construída com muito trabalho, escolhas conscientes e também com alguns tropeços que, no fim, foram grandes professores. Talvez, se pudesse voltar, eu me acolheria mais nos momentos de insegurança, teria menos medo de arriscar. Mas não mudaria o caminho, porque cada experiência me trouxe até aqui, mais madura e mais conectada com a artista que quero ser. Nem tudo aconteceu como sonhei, mas talvez tenha acontecido do jeito que precisava acontecer.
Passou por alguma dificuldade esses anos todos?
Sim, muitas. A vida artística é cheia de desafios que o público nem sempre vê. Passei por períodos de muita insegurança, e até por uma depressão. Foram anos de altos e baixos. Um processo longo de autoconhecimento, terapia, de buscar ajuda médica e aprender a respeitar meu tempo. Hoje, vejo que essas fases difíceis me fortaleceram e me ensinaram a olhar para mim com mais compaixão.
Na série “Estranho Amor”, você interpretou uma delegada. Como foi essa experiência?
A delegada que interpretei lida com histórias de abuso e violência que, infelizmente, refletem a realidade de muitas mulheres. É impossível passar por um trabalho assim sem ser tocada emocionalmente, mas aprendi, ao longo de todos esses anos, a criar um equilíbrio.
Já sofreu com algum relacionamento abusivo?
Já vivi situações em que percebi sinais de abuso emocional - controle, manipulação, desrespeito. Na época, talvez eu não tivesse consciência plena do que eram. A gente, muitas vezes, normaliza comportamentos que não deveríamos aceitar. Com o tempo, aprendi a identificar esses sinais e a colocar meus limites.
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