El Ateneo, de Buenos Aires, inaugura espaço para experiência imersiva histórica
A Ateneo Grand Splendid, livraria mais famosa de Buenos Aires e apontada como a mais bonita do mundo, vai inaugurar um novo espaço cultural. A previsão é de que a área, chamada de "Experiência Grand Splendid", seja aberta entre o fim de dezembro e o início de janeiro, data que coincide com as férias de fim de ano e o aumento de turistas na cidade. As informações são do jornal La Nación.
Localizada no terceiro andar da loja, a Experiência Grand Splendid pretende fornecer aos visitantes um percurso histórico: haverá atividades imersivas para conhecer o passado do edifício, espaço dedicado ao cantor argentino Carlos Gardel e um café decorado com imagens da vida cultural do local.
Com seus 2.000 m2, a Ateneo Grand Splendid coleciona prêmios: em 2019 foi eleita como a "livraria mais bonita do mundo" pela revista National Geographic; em 2010 recebeu a Medalha do Bicentenário; e em 2009, o prêmio "Testemunho vivo da memória cidadã". A reputação da beleza do espaço o tornou um ponto turístico obrigatório para quem visita Buenos Aires.
A livraria conta com mais de 200 mil exemplares em suas estantes e recebe cerca de 180 mil pessoas por mês. Ao reforçar seu papel como uma experiência cultural/turística da cidade, a Ateneo se tornou uma das livrarias mais importantes da Argentina em termos de visibilidade, porte e simbolismo.
De rádio, cinema e teatro a livraria
A inauguração da "Experiência Grand Splendid" coincide com as comemorações pelos 25 anos desde a abertura do edifício como livraria.
Localizado na Avenida Santa Fé, o espaço foi projetado pelos arquitetos Peró e Torres Armengol a pedido do empresário Max Glücksmann.
Originalmente construído como teatro, o prédio foi inaugurado em 1919 e durante décadas recebeu espetáculos - de tango, ópera, entre outros - até se tornar a livraria mais turística de Buenos Aires.
Em 1923 o edifício marcou o início das transmissões da emissora Radio Splendid - um dos primeiros estúdios e rádios de difusão da cena musical argentina. O local também abrigava a gravadora Nacional Odeón, onde diversos artistas de tango gravaram na época.
Em 1929 foi convertido em cinema, que fechou em 1999. O prédio passou a ser objeto de interesse de investidores para requalificação.
Em 2000, o grupo de livrarias Grupo Ilhsa (dono da rede El Ateneo / Yenny) decidiu arrendar o prédio, reformá-lo e transformá-lo em um espaço cultural.
O projeto de restauração e adaptação foi liderado pelo arquiteto Fernando Manzone. Poltronas deram lugar às estantes de livros, mas os elementos originais, como a famosa cúpula com afrescos, palcos, camarotes e ornamentos foram mantidos.
Além disso, o palco virou cafeteria, os camarotes viraram áreas de leitura, o subsolo virou espaço infantil e o andar superior abriga exposições.
Antecipando tendências
Essa trajetória de mais de um século mostra como um espaço originalmente pensado para espetáculos - teatro, cinema, rádio - pode ser reaproveitado e reimaginado de modo a se tornar um dos símbolos globais da cultura do livro e da livraria como experiência.
A conversão em livraria no início dos 2000s - com manutenção arquitetônica cuidadosa, integração de café, espaços de convivência e leitura - antecipou tendências contemporâneas de "livraria-butique/livraria-experiência": não apenas ponto de venda, mas destino cultural e turístico.
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