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Entretenimento

Afro congo agora em versão internacional


Imagem ilustrativa da imagem Afro congo agora em versão internacional
Fabio: “Em diversas partes do mundo, vão ouvir essa música” |  Foto: Barbara Bueno/Divulgação

O artista capixaba Fabio Carvalho, 50, está encerrando o ano com um novo trabalho. Ele acaba de lançar o EP “Solte os Cabelos”, que conta com seis novas versões da faixa-título e está disponível desde a última sexta-feira nas plataformas digitais.

Apesar de ter sido gravada em duas oportunidades pelo músico, a faixa não é composta por ele. “Ela é um congo tradicional que transformei em um afro congo beat”, explica, em entrevista ao AT2.

A primeira versão rolou nos anos 2000, com Manimal, ex-banda de Fabio. A segunda está em “Quintal (Afro Congo Beat)”, álbum do artista lançado em 2015.

Já nesse novo trabalho, o congo ganha quatro versões feitas não só por produtores do Brasil, mas também da África do Sul e da Alemanha.

Os colaboradores são os DJs FurmigaDub (Brasil), SucreSoul (África do Sul), Gutto Serta (Brasil/ Berlim) e Leandro Bonfim, de Vitória.

Com as colaborações, “Solte os Cabelos” surge num novo remix e também aparece no EP só em sua versão instrumental, sem vozes.

Agora, como foi que um congo genuinamente capixaba cruzou o Oceano Atlântico e chegou a mãos de diferentes produtores é uma história que o próprio Fabio Carvalho tem o prazer em contar.

“No meio dessa pandemia, me surge o Cid Travaglia, um cara de Vitória, que tem uma banda chamada Napalma e que hoje está em Berlim. Ele tem o selo Lona Musik, que tem essa estratégia de fazer remixes”, explica o músico.

Durante todo o processo do disco, o contato de Fabio com os parceiros se deu pela internet.

“Pessoalmente, só conheço o Leandro. Eles mandavam as faixas, a gente dava sugestão e voltava para eles. Tudo virtualmente. A tecnologia serviu para juntar as pessoas nesse trabalho”, ressalta.

Agora, com o lançamento oficial do EP, o objetivo é que versões ganhem destaque nas festas de música eletrônica ao redor do mundo.

“Muitas pessoas, em diversas partes do mundo, vão ouvir essa música. Os DJs vão discotecar nos sets deles e colocar a música nas redes sociais”, aposta Fabio, que acredita que esse possível alcance mundial possa fazer crescer o interesse do público local no congo.

“Caso seja um sucesso lá fora, acredito que 'Solte os Cabelos' vai ser recebida no Brasil com outro olhar”, anima-se o músico, que tem quase 30 anos de carreira.


Entrevista - Fabio Carvalho, músico e produtor: “Pitada mais moderna”


AT2- Você une o congo, um ritmo tradicional do Espírito Santo, com batidas eletrônicas.

Imagem ilustrativa da imagem Afro congo agora em versão internacional
“O congo é universal” |  Foto: Divulgação/Barbara Bueno
Fabio Carvalho - É uma forma de valorizar aquilo que é meu e colocar uma pitada moderna. Também é uma forma de homenagear o congo e fazer com que as pessoas conheçam ainda mais os instrumentos da minha cultura.

Como foi a transformação de “Solte os Cabelos” com diferentes produtores?

A música se transformou numa coisa mais universal. Alguns produtores nunca haviam ouvido o congo original. Eles conheceram a música pelo meu afro congo beat.

O DJ da África do Sul, que eu achei que fosse vir com um remix carregado de tambor, fez um som tão universal... E o congo é universal. E eu só o modernizo porque ele faz parte da minha identidade cultural. É minha ancestralidade.

Quando descobriu o congo?

Eu tinha 18 anos. Mas, na verdade, eu já via o congo, porque nasci no Bonfim e vi a banda de congo Amores da Lua. Porém, o congo entrou na minha vida quando ganhei uma imagem de São Benedito de uma prima historiadora e ela me contou sobre a festa na Serra.

Quando cheguei lá, conheci o Mestre Antônio Rosa e ele me ensinou coisas fundamentais, como conhecer e reconhecer a minha cultura.

Acredita que esse som capixaba terá um novo auge?

Depende muito do empenho dos artistas. Naquela época, fim dos anos 1990 e início dos 2000, nós nos unimos. A gente se juntava e tocava junto. Acho que está faltando é espírito de união. O movimento tem que ser forte da base para fora, e não o contrário.

Além de músico, trabalha com projetos sociais nas periferias. É uma forma que encontrou de dar retorno para a sociedade?

Sinceramente, não sei por que faço isso. Acho que é meu destino. Claro que é uma forma de agradecimento. Apesar de tudo, quando você é preto, pobre e da periferia, surgem em você vários bloqueios de merecimento na sua vida. E eu tenho trabalhado muito isso em mim: eu medito e rezo, porque é o tempo inteiro as pessoas tentando te colocar pra baixo. 

Pode explicar o que são esses bloqueios que mencionou?

Vou fazer 51 anos ainda neste mês. Tenho 28 anos de carreira artística. Eu não tenho dúvida do meu trabalho, porque faço a minha verdade. Acho que as portas se abrem porque sou verdadeiro.

Mas é outra questão: quando se é negro e nasce em uma família pobre neste País, você recebe muitas mensagens de não poder acessar as coisas. E, às vezes, quando você acessa, você vira uma afronta.

Já foi vítima de racismo?

Sofri preconceito racial na rua onde eu moro, na Praia do Canto. Eu estava no aniversário de um ex-prefeito de Vitória, fui a um mercado e as pessoas saíram correndo. Também já entrei em um shopping e a vendedora da loja me disse que não tinha sandália para mim. Não o número que uso, mas não tinha sandália para mim. 

Outro dia, estava em um bar e um cara disse para mim que a filha dele estava namorando um cara “não igual a mim, mas pior em questão de cor”. Enfim, temos que ser muito fortes para conseguir seguir e tentar acreditar em nós mesmos.

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