Sinais ajudam a identificar se criança é superdotada
Pensamento crítico, capacidade de resolver problemas complexos, sensibilidade emocional aguçada e criatividade estão entre eles
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A pequena Lulu, de 4 anos, encantou a internet por sua inteligência e capacidade de comunicação avançada, tornando-se um fenômeno após seus pais, Maju Mendonça e Arthur Cardoso, postarem vídeos ao seu lado nas redes sociais. Diante de toda a repercussão, o casal explicou que a filha tem superdotação profunda.
Além de Lulu, o Brasil é casa para outros superdotados. Mas você saberia identificar quem tem a condição? Especialistas explicaram para A Tribuna.
Inicialmente, a neuropediatra Larissa Freire Krohling disse que o desenvolvimento cognitivo dessas mentes brilhantes é influenciado por uma combinação de fatores genéticos e do ambiente, sendo este aquele que é mais enriquecido e com mais estímulos.
Ela afirmou que cada criança superdotada é única e as potencialidades delas também, sendo que algumas se destacam em uma área específica e outras em combinações de talentos.
“Os conceitos vão muito além da nota na escola. Embora o desempenho acadêmico seja um indicador, abrange também uma ampla gama de habilidades, como criatividade, curiosidade insaciável, pensamento crítico, capacidade de resolver problemas complexos e sensibilidade emocional aguçada”, comentou a profissional.
Ao perceber que a criança tem essas características, é importante levá-la a um especialista. Segundo João Paulo Cirqueira, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, a identificação da superdotação exige abordagem multidisciplinar.
Ele explicou que são utilizados testes padronizados de inteligência, como o QI, onde o indivíduo precisa pontuar acima de 130. Esses são feitos por neuropsicólogos.
Também é observado o comportamento, como as características citadas por Larissa. “Além disso, é importante o acompanhamento de psicólogos e pedagogos, que podem aplicar avaliações complementares e observar a interação da criança em diferentes contextos, como na escola e em casa”, disse João Paulo.
Junto a todo o brilhantismo, esses pequenos requerem cuidados, pois enfrentam desafios, como a socialização, pontuou a neuropediatra Marcela Fraga. “As crianças podem sofrer de alta exigência, de ansiedade muito grande e de dificuldade de introdução em um grupo de crianças, porque os interesses são muito diferentes”.
“Quero ser astrofísico”, diz superdotado de 11 anos
Uma das crianças superdotadas do Estado é Pedro Henrique Uliana de Oliveira, de 11 anos. Aos 5 anos, o diagnóstico foi dado a sua família.
Sua mãe explicou que desde muito pequeno ele demonstrava interesse em assuntos que não eram para sua idade. Aos 2 anos e meio, por exemplo, Pedro Henrique falava de glóbulos vermelhos e glóbulos brancos.
“Uma professora do maternal, onde ele estudava, nos chamou e sinalizou que ele era diferente, que era muito inteligente, acima da média dele”, comentou a mãe da criança, Pricilla Uliana, uma administradora de 37 anos.
Com tão pouca idade, Pedro já se destaca como cientista júnior, astronauta análogo e competidor em várias olimpíadas científicas e de Matemática ao redor do mundo. O menino também é líder de turma e recebeu prêmios como Top Teen e Star Kids.
“Eu quero ser astrofísico e meus futuros objetivos são ganhar um Prêmio Nobel e contribuir com grandes descobertas para a ciência”, comentou Pedro Henrique, sobre seus objetivos.
O menino, é válido lembrar, além de adorar estudar, também gosta de brincar. “Minhas brincadeiras favoritas são jogar vôlei, futebol e jogar videogame”.
FIQUE POR DENTRO
> Superdotação
- É um desenvolvimento intelectual acima da média, podendo representar especificidades em diversos campos do conhecimento.
> Como identificar?
- A neuropediatra Larissa Freire Krohling afirmou que, ao longo do desenvolvimento da criança, a família deve observar se o pequeno aprende muito rapidamente, aprendeu a ler e contar cedo, tem raciocínio avançado, vocabulário extenso para a idade, curiosidade insaciável, memória excepcional, pensamento crítico e capacidade de resolver problemas complexos.
- No ambiente escolar, os educadores também podem observar se a criança ou o adolescente está se entediando com as atividades de rotina, se as crianças questionam profundamente, se elas têm habilidades notáveis em áreas específicas.
> Desafios
- Segundo João Paulo Cirqueira, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, muitas crianças superdotadas podem sentir tédio ou frustração em ambientes que não oferecem estímulos adequados, levando a um possível sub-rendimento escolar ou a problemas emocionais.
- “Elas podem sofrer de uma alta exigência, de ansiedade muito grande e de dificuldade de introdução em um grupo de crianças porque os interesses são muito diferentes”, completou a neuropediatra Marcela Fraga.
> Ações importantes
- Larissa Freire Krohling apontou ser importante os responsáveis pelo pequeno criarem um ambiente o qual estimule a criatividade dele, permitindo-o explorar seus interesses com profundidade.
- Pais também devem proporcionar ao filho uma rotina de atividades lúdicas e incentivar que o pequeno interaja com outras crianças, fazendo amizades. O convívio com outros superdotados pode ajudar.
- Para João Paulo Cirqueira, a escola desempenha papel crucial no apoio ao desenvolvimento do superdotado. “Programas de enriquecimento curricular, aceleração de série ou atividades extracurriculares desafiadoras são algumas estratégias para estimular essas crianças. O mais importante é proporcionar um ambiente que respeite seu ritmo e interesse de aprendizagem, ao mesmo tempo em que oferece suporte emocional e social”, disse.
> Cérebro dos superdotados
Superdotados têm a plasticidade cerebral elevada. Essa plasticidade é a capacidade do cérebro se reorganizar e formar novas conexões em resposta à experiência de aprendizado que a criança teve.
Têm maior conectividade neural, ou seja, maior conexão entre áreas do cérebro que facilitam a troca de informações em regiões específicas como memória, linguagens, resolução de problemas e criatividade.
Fonte: Especialistas consultados.
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