Martha Gabriel: "IA obriga a se reinventar, independente da idade"
A escritora e palestrante Martha Gabriel diz que a Inteligência Artificial já está transformando a forma como as pessoas trabalham e pensam
O futuro chegou – e ele não tem idade. Para a engenheira, futurista e escritora Martha Gabriel, a Inteligência Artificial já está transformando a forma como as pessoas vivem, trabalham e pensam, exigindo de jovens e idosos a mesma disposição: reinventar-se. “IA obriga a se reinventar, independente da idade”, observa.
Martha será uma das palestrantes da 3ª Edição da Semana Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontece entre quarta-feira (3) e sexta-feira (5), das 13 horas às 21 horas, no Parque da Cidade, na Serra.
Em sua palestra às 14 horas de sexta-feira (5) – que terá como tema “Inteligência Artificial: O Futuro é Agora” –, Martha destaca que a ferramenta tem um impacto diferente em cada área.
“No entanto, ao longo do tempo, não teremos uma área que não seja reconfigurada pela IA, da mesma forma que não teve nada que não foi reconfigurado pela eletricidade, ou pelo computador, por exemplo. Essas criações reestruturam a forma que vivemos e que enxergamos o mundo”.
Ela ainda apontou que a IA é essa grande tecnologia, mas que não está sozinha. “Temos outras tecnologias que vão convergindo com a IA hoje, causando um impacto ainda maior em tudo”.
Entre elas, ela citou a IoT (internet das coisas), Big Data (grande volume de dados), nanotecnologia, impressão 3D, robótica, computação quântica, blockchain (tecnologia de registro digital que armazena informações em blocos interligados em uma cadeia segura), entre outros. “Temos várias tecnologias hoje capitaneadas pela Inteligência Artificial”.
Ela destacou que, com a tecnologia, há uma valorização cada vez maior das habilidades humanas. “A tecnologia está cada vez mais fácil de ser usada com as novas ferramentas, mas entre as habilidades que vamos precisar ter está a de saber perguntar e, principalmente, saber o que fazer com a resposta e onde usar aquilo”.
Martha Gabriel enfatiza a importância do pensamento crítico, que tem o questionamento sempre como primeiro pilar.
“É essencial hoje questionar à tecnologia 'de onde veio essa informação?', 'será que é verdade?'. Essa busca mais aprofundada que vamos precisar saber fazer, em meio a tanta informação. Eu preciso filtrar e quem me direciona é o pensamento crítico”.
Abertura
A 3ª Edição da Semana Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação terá sua abertura oficial às 14 horas, com a presença de autoridades, empresários, entusiastas e estudantes da área de tecnologia. O evento é gratuito e aberto ao público.
“Precisamos de habilidades humanas”
A Tribuna — Como se preparar para essas mudanças trazidas pela Inteligência Artificial?
Martha Gabriel — De fato, todo mundo – não apenas os mais jovens – terão que se preparar para isso. Porque as novas tecnologias estão mudando tudo. Temos que entender que estamos também vivendo mais, trabalhando por mais tempo.
Então, assim como em todas as revoluções que passamos, não adianta brigar com a tecnologia, isso não funciona. Diante do novo, o que temos que buscar sempre é entender como é que a gente cria regras de uso, onde ela é danosa e onde ela é boa.
Porque sabemos que nem sempre é boa, certo?
Sim. Até para dar um exemplo comparativo, quando surgiu o automóvel, não tinha lei nenhuma. Não tinha segurança, não era necessário tirar carteira de habilitação.
Então, primeiro surge a tecnologia, depois a gente entende qual é a infraestrutura necessária, o que se tem que fazer para ter segurança, quais os benefícios, por aí vai.
E com relação às novas tecnologias também estamos precisando de regras?
Certamente. É muito importante pensar nesses direcionamentos a partir disso. E eles vão surgindo.
No nível do indivíduo, o principal impacto é que mudam as habilidades que a gente precisa para ter sucesso no mundo que é governado por tecnologias.
E quais seriam essas habilidades?
Se antes a gente precisava de habilidades mais técnicas, agora a gente precisa de habilidades humanas. Lógico que a técnica continua sendo necessária, porque é importante ter profissionais que dominem a tecnologia. Mas o diferencial mesmo são as habilidades humanas.
Até porque, para as pessoas e profissionais em geral, a tecnologia fica cada vez mais fácil de usar. Hoje, você tem o ChatGPT, Gemini ou qualquer uma dessas ferramentas na palma da sua mão. As pessoas conversam com elas.
Mas quais seriam então as habilidades humanas?
Estamos falando de habilidades humanas principalmente de pensamento crítico, para tomar decisões a partir do que a tecnologia fornece.
Temos também o pensamento para solução de problemas complexos, a criatividade, as habilidades interpessoais, as atitudes relacionadas com valores humanos, ética, moral.
São essas as habilidades para o futuro, que muitas vezes nos faltam hoje e que levam algumas pessoas ao negacionismo, à polarização.
Serviço
3ª Edição da Semana Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação
De quarta-feira (3) a sexta-feira (5), das 13 horas às 21 horas, no Parque da Cidade, na Serra. O evento é gratuito.
Programação de hoje
13 horas: Credenciamento.
14 horas: Abertura oficial
14h30: Painel “Inovação e Negócios no Espírito Santo”.
15h15: Painel “Observabilidade como Pilar da Transformação Digital”, com Daniel de Lima.
16 horas: Painel “Inovação Social”, com Priscila Gama.
17 horas: Painel “Inspirador: Tecnologias da Palavra — Literatura e Inovação no Quilombo”, com Raoni Huapaya.
18 horas: Painel “Fortalecendo os MEIs por meio do Programa Contrata+Brasil”.
19h30 – 20h30: Painel “O Poder dos Dados”, com Leticia Araújo Silva e Alexandre Valente.
21 horas: Encerramento.
Perfil
Martha Gabriel
Com atuação nas áreas de negócios, tendências e inovação, ela é futurista (Institute For The Future), engenheira (Unicamp), pós-graduada em Marketing (ESPM) e design (Belas Artes).
Também é mestre e PhD em Artes pela ECA/USP e tem formação executiva pelo MIT Sloan.
Autora de livros como “Habilidades para o Futuro” e “Inteligência Artificial: do zero a superpoderes”.
Foi duas vezes finalista do Prêmio Jabuti.
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