Vorcaro nega fraude bilionária e diz que Banco Master agiu de 'boa fé'
Defesa foca na controvérsia central da venda de carteiras de crédito; entenda
A defesa do empresário Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, divulgou uma série de documentos e notas à imprensa neste sábado (22) para contestar a base da investigação da Polícia Federal que culminou na liquidação extrajudicial do banco.
Os documentos, que incluem notas do Banco de Brasília (BRB) e ofícios do Banco Central (BC), são usados pela defesa para alegar que o suposto crime de fraude ou prejuízo de R$ 12,7 bilhões é um "fato inexistente", pois o Master agiu em "boa-fé" para proteger o BRB de qualquer perda.
Em nota, a defesa do banqueiro afirma que "as carteiras objeto da investigação criminal jamais foram transferidas definitivamente ao BRB, que não as detém, em razão das ações tempestivas adotadas de boa-fé pelo próprio Banco Master".
A defesa foca na controvérsia central da venda de carteiras de crédito. O Master, diz a defesa, vendeu carteiras ao BRB, mas elas teriam sido originalmente adquiridas de terceiros, como a Tirreno Consultoria Promotoria de Crédito e Participações S.A.. O BC apontou "indícios de insubsistência" nessas operações de crédito consignado.
Investigações do BC, Ministério Público Federal e Polícia Federal mostraram que o Banco Master teria vendido ao BRB carteiras de consignado forjadas no valor de R$ 12,2 bilhões, o equivalente a mais de 20% das operações de crédito do banco de Brasília.
Os advogados afirmam, no entanto, que, ao identificar que a documentação das operações adquiridas de terceiros estava fora do padrão, o próprio banco teria iniciado a substituição dos ativos, evitando o prejuízo ao BRB.
Em uma notificação supostamente enviada ao BRB em maio de 2025, o Master teria dito que "documentos referentes aos direitos creditórios encontram-se ainda pendentes de entrega ao Banco Master. Enquanto não recebermos os documentos pendentes, as operações constam em nosso sistema com informações incompletas, em razão de vícios documentais e de formalização".
Ainda de acordo com a documentação enviada a jornalistas, diante disso, o Master teria proposto a "resolução imediata dos direitos creditórios" por meio da substituição.
A defesa usa também uma nota enviada pelo BRB à imprensa nesta sexta-feira (21), no qual diz que grande parte do problema já teria sido resolvida.
"Dos R$ 12,76 bilhões divulgados pela imprensa, e referentes à exposição bruta de carteiras com documentação fora do padrão exigido, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos, e o restante não constitui exposição direta ao Banco Master," disse o BRB.
A defesa de Vorcaro afirma que as ações tomadas pelo Master provariam a ausência de má-fé, já que teriam sido constituídas garantias robustas para proteger o comprador, o BRB.
Daniel Vorcaro foi preso pela Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, sob acusação de ser o líder de um esquema que envolvia carteiras de crédito fictícias, emitidas por empresas de fachada ou fantasmas, controladas pela instituição financeira comandada por ele.
No dia seguinte, o Banco Central determinou a liquidação do Banco Master. Para a defesa, as medidas cautelares resultantes da investigação da PF "acabaram forçando o BC a decretar liquidação extrajudicial no Banco Master".
Segundo o Master, as medidas ocorreram apesar de o banco estar em processo avançado de uma suposta venda. A investigação "inviabilizou solução de mercado legítima que evitaria os custos de liquidação impostos ao sistema financeiro e à sociedade", afirma a defesa.
O FGC (Fundo Garantidor de Créditos) vai realizar a maior indenização de sua história com o pagamento de R$ 41 bilhões a depositantes do Banco Master.
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