Vale fecha acordo e estuda novas usinas com empregos no Estado
Empresa fechou parceria com startup sueca para produzir hidrogênio verde e avalia nova produção. Anchieta pode sediar projeto
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A Vale e a startup sueca H2 Green Steel assinaram um acordo que vai impulsionar a produção de hidrogênio verde. Elas estudam o desenvolvimento de duas plantas industriais, no Brasil ou em outro país da América Latina, e o Espírito Santo é o destino provável.
A startup pretende produzir hidrogênio verde e um material chamado Hot Briquetted Iron (HBI), um ferro com valor agregado maior que a pelota e que reduz a emissão de gás carbônico, usado para fabricar o aço. Os insumos para isso serão os briquetes de minério de ferro produzidos pela mineradora e a energia de fontes renováveis.
O CEO da DVF Consultoria, Durval Vieira de Freitas, destacou que um projeto como esse cria muitos empregos, diretos e indiretos: “É muito positivo no aspecto econômico, social e ambiental.”
Em entrevista ao jornal Valor, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, destacou que o primeiro modulo para a produção de 1 milhão de toneladas de HBI por ano exigiria um investimento de R$ 3,5 bilhões. Já a planta de hidrogênio verde pode exigir R$ 5 bilhões.
A Vale ainda fará estudos de viabilidade para definir o número de plantas que serão construídos, sua capacidade de produção e localização. O Estado desponta como destino provável do empreendimento.
Empresários dizem que Ubu, em Anchieta, tem condições de receber o projeto. A construção do primeiro trecho da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), de Santa Leopoldina à cidade, amplia a viabilidade da região em ter as usinas.
Se a Vale escolher o Estado, trará diversificação para economia de Anchieta. “Para a Região Sul do Estado, que hoje está concentrada na Samarco e no granito, virá uma nova tecnologia”, destacou Durval.
As vantagens da implantação das fábricas de HBI e hidrogênio verde no Estado estão associadas ao desenvolvimento da tecnologia inovadora dessas usinas e também na criação de empregos diretos e indiretos e nas oportunidades de negócios, segundo Cris Samorini, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
“A decisão pelo Espírito Santo ficará por conta da estratégia que a Vale vai adotar. Em Anchieta o complexo ficaria próximo ao Porto de Ubu, o que facilitaria a exportação.”
Hidrogênio verde
subproduto de um processo físico-químico de fontes renováveis, como energia solar e eólica. O excedente dessa energia pode ser convertido em hidrogênio verde.
Hot Briquetted Iron (HBI)
É um produto à base de minério de ferro com maior valor agregado. O HBI, que tem como matéria-prima pelotas de minério de ferro, é usado na produção de aço por meio de fornos elétricos, em um processo que gera baixa emissão de gás carbônico.
O hidrogênio verde seria usado para produzir o HBI – a Vale chegou a avaliar o empreendimento com o uso de gás natural, mediante a expectativa de redução do preço, o que não se confirmou. Agora, a tecnologia oferece outra possibilidade.
No caso do HBI, o papel da Vale é fornecer matéria-prima de qualidade. Os finos de minério de ferro produzidos pela empresa são insumos para a produção de briquetes.
Acordo
Com o acordo com a H2 Green Steel, a Vale estabelece uma parceria no Brasil com um produtor de ferro e aço verdes que está na vanguarda da descarbonização global, enquanto fomenta a indústria de baixo carbono e estimula o hidrogênio verde no País.
Fonte: Vale e pesquisa A Tribuna.
Mineradora já tem dois bairros
A Vale já tem uma área em Anchieta que pode ser usada para o empreendimento. Em 2010, ela comprou dois bairros para a instalação da Companhia Siderúrgica Ubu (CSU), mas desistiu do projeto. O CEO da DVF, Durval Vieira de Freitas, disse que é um possível espaço para as usinas de hidrogênio verde e HBI.
Para ele, pode até haver protótipo em Tubarão, Vitória, mas em maior escala a produção deverá ser em Ubu. “Tubarão já está com espaço esgotado”. “Em Ubu tem o espaço, o porto, a infraestrutura da Samarco e terá a ferrovia que permite flexibilidade muito grande”. A obra da ferrovia começa em 2024.
Hidrogênio é o combustível do futuro, dizem especialistas
O hidrogênio verde é visto por especialistas como material do futuro e é uma das opções mais promissoras na chamada revolução nos combustíveis. Ele é produzido com eletricidade oriunda de fontes de energia limpas e renováveis, como as de matriz hidrelétrica, eólica, solar e provenientes de biomassa, biogás, entre outros.
Rogério Peres, mestre em Engenharia Elétrica e Eletrônica, explica que o hidrogênio verde tem a capacidade de armazenar e fornecer quantidades relevantes de energia sem gerar emissões de CO2 durante a combustão.
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