Tarifaço de Trump: acordo entre EUA e China pode trazer benefícios ao ES
Acordo entre os EUA e a China tende a trazer benefícios ao Espírito Santo, segundo o governo estadual e lideranças empresariais
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EUA e China divulgaram ontem um acordo para reduzir as tensões iniciadas com o governo de Donald Trump, que resultaram em uma escalada tarifária desde 2 de abril. Ambos concordaram em reduzir por 90 dias as tarifas impostas a produtos um do outro, o que impulsionou as bolsas americanas e valorizou o dólar.
Essa trégua comercial deve atrair investimentos para o Espírito Santo, segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento, Sergio Vidigal, e representa um movimento relevante para a economia global — com reflexos particularmente positivos para o Estado:
“Como exportador, especialmente de commodities como minério de ferro, celulose e petróleo, o Espírito Santo se beneficia de um ambiente internacional mais estável e propício ao comércio. A redução de barreiras tende a ampliar a demanda chinesa por matérias-primas brasileiras, favorecendo o escoamento pelos portos capixabas e impulsionando nossa balança comercial.”
Além disso, Vidigal afirmou que o novo cenário pode abrir oportunidades estratégicas para atrair investimentos, fortalecer o setor logístico e ampliar a inserção do Espírito Santo nas cadeias globais de valor.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos, destacou que o Espírito Santo pode destravar investimentos que estavam sob risco devido às incertezas do cenário futuro.
A Fecomércio e o Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex) haviam manifestado preocupação com as tarifas impostas recentemente pelos EUA a produtos brasileiros, o que trazia implicações para a balança comercial capixaba.
“O Espírito Santo encerrou 2024 com cerca de US$ 10,7 bilhões em exportações, com destaque para os setores de minério de ferro, aço e rochas ornamentais. Do total, US$ 3,1 bilhões foram destinados aos Estados Unidos.”
A medida adotada pelos EUA, segundo essas entidades, acende um alerta sobre o risco de redução da competitividade internacional dos produtos capixabas.
“Cabe um olhar voltado à diversificação dos mercados de destino das mercadorias exportadas pelo Espírito Santo, como países da Ásia, Oriente Médio e Europa, além da conclusão de acordos comerciais.”
Previsão de alta do dólar e inflação
A trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China pode trazer impactos diretos para o comércio nacional e estadual, segundo o coordenador dos cursos de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Universidade de Vila Velha (UVV), Daniel Carvalho.
“Primeiramente, teremos uma subida no dólar. A queda na moeda norte-americana que estávamos observando desde abril aconteceu justamente devido à guerra comercial entre EUA e China, e o principal motivo desse embate cessou. Outra razão para o aumento do dólar é que veremos antecipação significativa dos fluxos comerciais internacionais”.
Portanto, ele ressaltou que pode-se esperar aumento na demanda da moeda americana e, consequentemente, subida do dólar.
Ele completou que a alta do dólar contribui com a inflação. “Pode ser mais um fator que atrapalhe a desaceleração do IPCA”.
Mas ele destacou que é necessário cautela sobre o acordo. “As narrativas não mudaram. Há uma desescalada na guerra comercial, mas o clima entre EUA e China permanece instável. As tarifas entre os dois países continuam mais altas do que estavam antes do primeiro governo Trump, por exemplo. ”.
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