“Ser autêntico é fundamental”, diz Mari Palma em palestra no ES
Buscar conexão com as pessoas ou com o público é essencial, segundo a jornalista Mari Palma, que fez palestra no evento
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Autenticidade e conexão. Com essas duas palavrinhas que podem fazer toda a diferença na vida pessoal e nos negócios, a jornalista, influenciadora digital e empresária Mari Palma compartilhou a sua experiência ontem em uma palestra da 11ª edição do evento Em Pratos Limpos, promovido pela Rede Tribuna.
Vestindo uma camiseta e usando um tênis despojado, Mari Palma, que é apresentadora da CNN, falou para pessoas “importantes”, como ela mesma fez questão de descrever o público presente. A empresários, políticos, juristas e comunicadores, ela mostrou a importância de aprender a ser autêntico e se conectar com as pessoas.
Rede Tribuna - Autenticidade e conexão, como essas palavras convergem para ter uma boa relação?
Mari Palma - Olha, eu descobri que conexão a gente só consegue com autenticidade. Descobri isso através do meu trabalho, com as oportunidades que me deram liberdade para ser quem eu sou de verdade, usar as roupas que uso, minhas tatuagens, meus tênis e eu me surpreendi quando percebi que isso fazia as pessoas se conectarem comigo.
Você passa verdade, transmite verdade para as pessoas?
É, eu sempre falo que é muito mais fácil ser quem a gente é do que criar um personagem que não vai se sustentar por muito tempo.
Como transmitir isso para o mundo empresarial?
Pois é, esse é um desafio. Além de trabalhar como jornalista na televisão e de criar meu conteúdo digital, eu tenho uma empresa que presta consultoria e planejamento de comunicação a outras empresas.
Acho que depois da pandemia o mundo corporativo encarou a comunicação de outra maneira. Quem não se comunicava com as pessoas durante a pandemia, quem não se conectava, perdeu muita coisa.
E existe um movimento de transição agora, do mercado corporativo entender a importância da comunicação, de olhar no olho do público e entender que essa relação é muito mais duradoura se a gente conseguir se conectar de um jeito genuíno com o cliente final. É um processo quase de convencimento de mostrar para o mercado o que pode trazer se a comunicação for abrangente e de igual para igual.
O que achou da iniciativa da Rede Tribuna em promover esse evento?
Eu fico muito feliz, eu adoro quando participo de iniciativas assim, que são justamente as iniciativas que fazem as pessoas pensarem fora da caixa, saírem um pouco do automático. É uma iniciativa que consegue juntar pessoas de diversas áreas, que talvez, se não fosse por oportunidade, não se encontrariam, para falar sobre diferentes pontos de vista.
Quais as dificuldades de ser autêntico no dia a dia?
Acho que a dificuldade hoje em dia é você tentar ser quem você é e não quem você vê. Hoje, a gente acaba tendo muitas referências e fica tentado a imitar as pessoas.
Acho que a grande cilada é a gente não copiar, e sim se inspirar nas pessoas, na autenticidade de cada um, mas é muito complexo.
A autenticidade é um exercício que a gente faz todos os dias, seja na carreira, na vida pessoal ou onde for, mas é um desafio dentro dessa sociedade que coloca na nossa cara tantas vidas perfeitas, tantas pessoas perfeitas e tantas coisas perfeitas, que a gente quer ser aquilo, né? E é muito difícil aceitar a imperfeição.
No mundo corporativo, como é possível agir sem fazer com que o cliente se afaste ao invés de se aproximar?
Eu sempre falo que se eu for a um restaurante um dia, e a comida for ruim e o garçom for simpático, eu volto. Agora, se o garçom for muito ruim e a comida boa, talvez eu não volte. Eu gosto dessa analogia porque se você for sincero com as pessoas, se reconhece seus erros e vulnerabilidades, você cria uma relação de conexão e identificação, que é muito mais poderosa do que as pessoas imaginam.
O cliente vai perdoar muito mais um tropeço ou alguma coisa que aconteça no meio do caminho da empresa, se existir sinceridade e vontade de melhorar dos dois lados. Se existir conflito, a grande chave hoje em dia é realmente a comunicação.
Antes era só a empresa falando, falando, falando e hoje em dia, não, pois existem formas de ouvir os dois lados. É um exercício de humildade para as duas partes.
Alguém autêntico pode mudar o seu ponto de vista?
Com certeza! Mudar faz parte da vida. Eu tenho muito medo daquele discurso “você mudou”, como se fosse algo negativo.
Eu acho que a vida é mudança, é evolução, mudar de ideia, recalcular a rota, mudar de direção, e isso vale para a vida pessoal e profissional. Tentar evitar que as mudanças aconteçam pode te fazer ficar no lugar muito tempo e você terminar infeliz. Acho que as pessoas ainda têm muito medo de assumir que mudam de ideia e assumir que estavam erradas.
É possível mudar do dia para a noite? Qual o primeiro passo para isso?
Eu sempre defendo uma estratégia para fazer essa mudança, até porque o cliente não é bobo. Ele precisa saber que essa mudança é verdadeira e não estratégica, então, se você está mudando só em busca de estratégia, se é algo de um dia para o outro, o cliente vai pensar “pô, então ele estava mentindo esse tempo todo?”.
Quando a gente fala de empresa, eu acredito muito em processo e sempre defendo que a gente pense em qual caminho queremos seguir, qual o valor da empresa, o propósito, a missão e, a partir disso, construir a comunicação que queremos. Mas isso não acontece de um dia para o outro.
Sei que existe uma ansiedade corporativa, do tipo, “a gente quer mudar”, mas eu acho que isso tem que ser feito com calma e de um jeito muito transparente com o público e até comunicar essa decisão, de falar: “ó, a gente vai reformular os caminhos, como vocês gostariam de ver a gente?” e construir junto.
Mari Palma disse que as empresas precisam ser verdadeiras ao promover mudanças: “O cliente não é bobo (...) ele precisa saber que não é só estratégia”
Perfil
Mari Palma:
Tem 34 anos, começou a carreira de jornalista em 2008, aos 19 anos, no segundo ano de faculdade. Foi quando entrou como estagiária na Rede Globo, onde passou por áreas diferentes. Em 2015, começou com o projeto G1 em 1 minuto. Em 2017, ganhou o Troféu Mulher Imprensa como repórter de site de notícias. Ficou no projeto por três anos e aprendeu sobre televisão e sobre redes sociais. Depois de 11 anos na Rede Globo, foi para a CNN Brasil, onde é apresentadora. É também criadora de conteúdo da Albuquerque Content, uma produtora que oferece ainda cursos e treinamentos de comunicação.
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