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Economia

Seguro fica até mil reais mais caro e faltam peças para carros

Fluxo maior de veículos, após o isolamento por conta da covid, e o reajuste nos valores da Tabela Fipe estão entre os motivos para impacto no bolso


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A volta de uma circulação mais intensa de veículos desde o início da pandemia de covid-19, além da falta de peças automotivas  e a alta do preços de carros,  têm impactado diretamente no bolso de motoristas, que têm encontrado seguros mais caros. 

Os  valores  para novos contratos ou para renovação tem chegado a ficar até R$ 1.000 mais alto que no ano anterior, dependendo do modelo, valor e outras variantes.

Em média,  as apólices no Brasil ficaram 2,27% mais caras em agosto, como aponta o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA/IBGE). Já na Grande Vitória, em agosto, o aumento foi mais tímido: 0,60%.

No entanto, enquanto o  acumulado dos últimos 12 meses  mostrou que a  alta é de 43,63% na média nacional para os valores de seguros. Na Grande Vitória, o percentual chegou a 60,63%.

A corretora de seguros Iracema Rosa,  afirmou que  entre os motivos para a elevação no valor está  o aumento na Tabela Fipe –  que  expressa preços médios de veículos  no mercado nacional. “Em média, o aumento tem variado entre R$ 500 e chega a R$ 1.000, dependendo de cada caso. As franquias também têm ficado mais altas”.

Ela ressaltou que entre os motivos está a falta de peças no mercado, tanto para reposição, quanto para as montadoras.

O diretor- executivo do Sindicato das Seguradoras do Rio e Espírito Santo (SindSeg RJ/ES), Ronaldo Vilela,  frisou também aumento observado é atribuído principalmente a uma recomposição dos preços com a retomada  da circulação dos veículos.

“É difícil comparar 2021 com este ano. Com aumento  da atividade econômica, também temos o aumento da circulação de veículos. Isso amplia a exposição ao risco de colisões, de furtos e roubos de veículo. Isso é algo que  impacta nos valores praticados”.

Ele ainda explicou que, além disso, houve uma valorização grande dos veículos em consequência da pandemia. 

“Com o problema de fornecimento de peças  e insumos, houve dificuldade na entrega de veículos e maior procura. Isso ainda não está totalmente normalizado”.

 Surpresa na renovação da apólice

Imagem ilustrativa da imagem Seguro fica até mil reais mais caro e faltam peças para carros
O representante comercial Robson Motta |  Foto: Kadidja Fernandes

Como trabalha com o carro e viaja muito, o representante comercial Robson Motta Costa, de 51 anos,  não abre mão de ter o seguro do veículo em dia.

 Mas ele contou que este ano sentiu o impacto do aumento na hora da renovação da apólice. “Ficou entre 20% e 30% mais caro. Nunca sofri  um acidente ou tive de acionar o seguro, então não era um aumento esperado”, comentou. 

Robson ainda frisou que, na época da renovação, o que foi explicado é que os valores ficaram maiores por conta da valorização dos veículos, além da  falta de peças no mercado. 

“Não tem muito o que fazer. O seguro hoje é necessário, principalmente por trabalhar com o veículo”, revelou.

Oficinas têm dificuldade principalmente com eletrônica

Na oficinas mecânicas e nas autopeças faltam peças automotivas de reposição, principalmente na parte eletrônica. A situação afeta a agilidade na entrega do serviço e os preços. O aumento do valor das peças varia entre 60% e 70%.

Segundo o vice-presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Espírito Santo (Sindirepa-ES), Eduardo Dalla Mura do Carmo, há falta de peças, o que afeta diretamente os seguros no caso de colisões.

“Algumas peças devem ser encomendadas diretamente das fabricantes e muitas vezes, as montadoras não tem estoque e nem insumos para a produção. Com isso, ocorre uma grande demora”, diz.

O empresário Fábio Tessarolo, proprietário de uma oficina na Serra, destaca que há uma grande deficiência em reposição de peças no Estado. “Faltam muitos componentes, sendo bastante na parte eletrônica, em geral, como os semicondutores”, cita.

A escassez de semicondutores é internacional e se tornou um dos maiores gargalos do setor automotivo, com os lockdowns na China, incluindo o fechamento do porto de Xangai por dois meses em 2022, além da guerra na Ucrânia. 

Todas as marcas foram afetadas, sendo nacionais ou importadas. “Acontece desde 2020, principalmente depois da pandemia e depois do fechamento de montadoras no Brasil”, explica.

Segundo Tessarolo, não é possível manter o mesmo nível de estoque como antes da pandemia.

Quando uma determinada peça não está disponível no mercado local, a média de tempo para reposição fica em torno de 10 dias úteis, porém, em alguns casos, pode demorar ainda mais, de acordo com o empresário.

No caso dos carros importados, a espera por peças para reposição poder ser ainda maior, já que o pedido deve ser feito ao país de origem dos veículos.

No Estado, Tessarolo destaca também que faltam fornecedores para determinadas marcas, o que representa outro empecilho para a situação da dificuldade por peças para os veículos.

SAIBA MAIS

Imagem ilustrativa da imagem Seguro fica até mil reais mais caro e faltam peças para carros
|  Foto: -

FROTA ATUAL POR ANO DE FABRICAÇÃO

2022 = 41.653

2021 = 75.390

2020 = 64.398

2019 = 84.050

2018- 82.012

EVOLUÇÃO DA FROTA 

1992 =15.780

2002 = 270.952

2012 = 1.559.228

2022 = 2.928.978

SEGUROS DE VEÍCULOS

- Menos de 30% dos veículos da frota hoje têm seguros

- 0,6%  foi o aumento registrado em agosto na  Grande Vitória, segundo o IPCA.

- 60,63% de aumento  no valor do seguro voluntário de veículo no acumulado em 12 meses na Grande Vitória.

- 43,63% foi a variação no mesmo período no Brasil

AUMENTO DOS SEGUROS (IPCA) - ACUMULADO DO ANO:

  • Brasil 28,75%

    Regiões metropolitanas Variação

    • 1  Belo Horizonte (MG)   77,84%
    • Rio de Janeiro (RJ)   54,54%
    • 3  Fortaleza (CE)   52,05%
    • 4  Grande Vitória (ES)   51,21%
    • Salvador (BA)  44,52%
    • 6  Curitiba (PR)  36,72%
    • 7  Recife (PE)   35,55%
    • 8  Porto Alegre (RS)  31,13%
    • 9   Belém (PA)  16,25%
    • 10  São Paulo (SP)   7,01%

ALGUNS MOTIVOS PARA O AUMENTO

1) Maior circulação

- Um dos motivos para o aumento do valor dos seguros está porque a sinistralidade voltou aos níveis anteriores à covid-19. 

- Com veículos voltando a circular de forma mais intensa, o número de acidentes, colisões e outros sinistros também aumentou.

 2) Valor dos veículos

- Os preços dos carros zero e seminovos foram fortemente reajustados por conta de um desequilíbrio entre oferta e demanda por conta da pandemia de covid-19. 

- Como montadoras tiveram dificuldades para conseguir peças e insumos para a fabricação de carros novos, os veículos novos tiveram dificuldade de chegar ao mercado, aumentando também a procura por semi novos.   

- Como os carros ficaram mais caros, o custo da proteção subiu, já que  é proporcional ao valor de avaliação, já que inclui custos de peças e até a compra de um carro novo em eventual sinistro.

3) Falta de peças

Com a pandemia e a guerra na Ucrânia, insumos têm faltado para que fabricantes produzam peças de reposição, o que fez com que esses itens ficassem mais caros, impactando o valor das apólices.

COMPARAÇÃO

- Apesar do aumento, especialistas da área afirmam que o que está havendo é uma compensação de uma queda que vinha sido registrada nos últimos anos. 

- Eles apontam também a necessidade de realizar orçamentos com diferentes seguradoras, observando sempre itens incluídos e que são essenciais na cobertura para a realidade de  cada um, como cobertura ilimitada para guinchos, carro reserva, indenização de danos a terceiros. 

- Avaliar também valores de franquias é importante na hora da decisão de um seguro. Se optar por uma franquia mais alta, é interessante ter uma reserva para casos de imprevistos.

Fonte: Detran, IBGE, especialistas consultados.

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