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Economia

Salário na construção e colheita de café acirram disputa por empregados no ES

Reajuste na construção civil e remuneração no agronegócio vêm atraindo profissionais, que chegam até a pedir férias para colher café


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Imagem ilustrativa da imagem Salário na construção e colheita de café acirram disputa por empregados no ES
Colheita do café tem remunerado trabalhadores com valores de R$ 6 mil a R$ 8 mil, conforme a produtividade: grão está com o maior valor da história |  Foto: Canva

Na tentativa de driblar a dificuldade com mão de obra e valorizar o quadro de profissionais, alguns setores têm oferecido melhores salários e benefícios, como é o caso da construção civil e do agronegócio, especialmente na colheita de café. Essa realidade tem acirrado a disputa por empregados.

Na construção civil, por exemplo, desde o dia 1º foram concedidos reajustes aos empregados, sendo 10% sobre o salário vigente em novembro de 2024, para os cargos de auxiliar de obras, mensageiro, auxiliar de escritório e vigia; 8% para os demais cargos; cartão-refeição ou cartão-alimentação mensal de R$ 1.100, e outros.

Já na colheita de café, a remuneração mensal, em média, varia de R$ 6 mil a R$ 8 mil, conforme a produtividade, o que tem incentivado profissionais a pedirem licença não remunerada e até férias para ganhar uma renda extra no período de colheita.

Essa migração acontece principalmente fora da Grande Vitória e até com pessoas de outros estados, segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faes), Júlio Rocha.

Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos, confirma esse cenário e diz que os setores de hospedagem, alimentação e comércio são pressionados a ampliar salários e benefícios para não perder profissionais.

Vice-presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, reforça que o setor enfrenta desafios de mão de obra.

Nos exemplos, ele citou situações relacionadas à jornada de trabalho, especialmente em shoppings, supermercados e varejo em geral, que exigem atividades à noite, aos sábados e, muitas vezes, também aos domingos.

Diante disso, muitos acabam migrando para funções que têm mais flexibilidade de horário, autonomia e uma renda maior.

Entenda

Construção civil

Desde 1º de maio deste ano foram concedidos reajustes salariais aos empregados, sendo 10% sobre o salário vigente em novembro de 2024, para os cargos de auxiliar de obras, mensageiro, auxiliar de escritório e vigia; 8% sobre o salário vigente em novembro de 2024, para os demais cargos e cartão refeição ou cartão alimentação mensal de R$ 1.100.

No entanto, há um envelhecimento na idade média de alguns profissionais, como ajudantes, carpinteiros, mestres de obra e engenheiros, dificuldade que também atinge outros setores, incluindo comércio, serviços e agricultura.

Entre os motivos, é que grande parte dos jovens não se sente atraída pelo trabalho na construção, que é pesado, exige esforço físico, trabalho ao ar livre e tem jornada fixa. Muitos preferem atividades mais flexíveis, como aplicativos de transporte e entregas.

Comércio e serviços

Principalmente a parte mais operacional tem perdido profissionais para áreas como logística, segurança do trabalho e prestação de serviços.

Para reter bons profissionais, os empresários têm adotado algumas estratégias. Além de oferecer salários mais atrativos, há um esforço crescente para melhorar o ambiente de trabalho.

Esse aprimoramento passa por mudanças na postura de gerentes e encarregados, que têm adotado uma abordagem mais empática e humanizada, inclusive na cobrança de metas e na concessão de folgas — por exemplo, no dia do aniversário. Além disso, são oferecidos mimos como cestas de alimentação e prêmios.

“Essa é uma equação muito difícil de resolver”

Consultor em inovação e presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), Evandro Milet, falou sobre o cenário de escassez de mão de obra, descrito como uma equação muito difícil de resolver.

Imagem ilustrativa da imagem Salário na construção e colheita de café acirram disputa por empregados no ES
Consultor em inovação e presidente do Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico (CDMEC), Evandro Milet |  Foto: Aquiles Brum/ AT

A Tribuna — Qual é a sua leitura sobre a realidade atual do mercado de trabalho, especialmente no Espírito Santo?

Evandro Milet — Olha, a situação aqui no Estado reflete muito o que acontece no Brasil inteiro. Existe uma falta generalizada de mão de obra em praticamente todos os setores. Alguns, inclusive, têm aumentado a remuneração e oferecido benefícios, o que tem tornado a disputa mais acirrada.

Converso com pessoas do comércio, supermercados, indústria. Todos reclamam da dificuldade em encontrar trabalhadores. E, quando encontram, há uma queixa recorrente: falta de comprometimento. As pessoas entram, ficam pouco tempo e saem.

O que está competindo com os empregos tradicionais?

Muita gente migrou para atividades como motorista de aplicativo, entregador do iFood, Shopee e outras plataformas de comércio eletrônico. Conversei com pessoas que largaram empregos formais e hoje trabalham por conta própria.

Qual o motivo disso?

Principalmente pela liberdade de horário e pela ausência de um patrão direto. Além disso, os salários dos empregos tradicionais costumam ser baixos. Quem trabalha formalmente tem custos com transporte e horários rígidos. Já por aplicativo, a pessoa define sua própria rotina e, muitas vezes, consegue ganhar parecido ou até mais.

O que poderia ser feito para reverter essa situação?

Essa é uma equação muito difícil de resolver. Muita gente diz que basta pagar melhor, mas não é simples assim. Para pagar mais, a empresa precisa cobrar mais pelos produtos ou serviços. Só que o mercado nem sempre aceita esse repasse de custos, o que gera inflação. É um jogo complexo.

Além da remuneração, existe outro fator que influencia?

Sim, falta formação profissional. Há uma demanda enorme, por exemplo, por engenheiros. Está muito difícil encontrar. A única engenharia que parece não ter esse problema é a engenharia de software, porque todo mundo quer trabalhar com tecnologia.

E os outros setores? Como vamos desenvolver indústria sem engenheiro de produção? Quem vai cuidar da logística sem engenheiro de transporte? E a transição energética? Precisamos de eletricistas, engenheiros mecânicos, civis. E não há disponíveis no mercado.

Por que estão deixando de buscar essas profissões?

Muitas vezes o salário não compensa o investimento. Algumas empresas, inclusive, contratam engenheiros como “ajudantes” ou com cargos de fachada, para pagar abaixo do piso.

Além disso, os jovens estão buscando outros caminhos. Vejo muitos que largam cursos tradicionais para investir em carreiras como influencers, produtores de conteúdo, ou entram em negócios digitais, como “fórmulas de lançamento” e cursos on-line.

Existe algum estudo que comprove esses fatores?

Ainda não vi um estudo completo. Mas é evidente que tudo isso — aplicativos, comércio eletrônico, mudanças culturais e busca por liberdade — influencia muito.

Mesmo com reajustes, envelhecimento é desafio

As melhorias salariais e benefícios, como reajuste no auxílio-alimentação, ajudam, mas não resolvem a dificuldade de mão de obra devido o envelhecimento da mão de obra na construção civil.

Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), Douglas Vaz, contou que conversas entre o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil do Estado, com a Secretaria de Trabalho, têm sido realizadas para entender melhor onde estão as principais dificuldades e buscar soluções conjuntas.

Ele explica que há uma geração, especialmente os mais jovens, que não se interessa por esse tipo de trabalho, não só na construção civil, mas em diversos setores.

“Por isso, é necessário que as empresas se adaptem, investindo mais em tecnologia, inovação e na industrialização dos processos, facilitando assim atividades que exigem mão de obra pesada”.

A mão de obra do setor está concentrada na faixa etária entre 35 e 45 anos, e é muito difícil encontrar trabalhadores abaixo dos 30 anos.

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