Redução da prestação da casa própria para 112 mil famílias
As taxas de juros para a compra da casa própria caíram para um patamar recorde, e quem paga financiamento do imóvel com juros antigos tem a possibilidade de fazer a portabilidade do crédito e passar a pagar menos.
Pelo menos 112 mil mutuários no Estado podem optar pela transação, que nada mais é que uma troca de banco, ou seja, levar a dívida para outra instituição bancária, que apresente condições mais favoráveis, incluindo juros menores.
O presidente do Conselho Consultivo da Associação dos Representantes dos Bancos do Estado (Arbes), Jorge Eloy Domingues, informou o número de clientes que podem optar pela portabilidade no Estado. Ele afirma que pouca gente ainda opta pela transação.
“ O número é baixo porque é algo pouco divulgado. Muita gente acaba não sabendo que isso é possível e deixa de economizar”, frisou.
A transferência do financiamento para um banco com taxas mais atrativas pode reduzir o valor das prestações em até 39%, conforme cálculo realizado pelo economista Marcelo Loyola Fraga. Ele explica a seguir a simulação.
“Supondo um financiamento iniciado em 2010, de R$ 100 mil, para um imóvel no valor total de R$ 125 mil a ser pago em 25 anos. Nessa época, a taxa de juros era de 11%. Ao optar pela portabilidade para a Caixa Econômica Federal, que hoje tem taxas de juros de 6,25%, o cliente teria uma economia de R$ 601 por mês, uma economia de R$ 124.500 em 15 anos.”
Para solicitar a portabilidade, é preciso observar as taxas de juros aplicadas no banco atual e verificar se elas são maiores que as de outro.
Caso sejam, o ideal é procurar o próprio banco para tentar renegociar. Mas, se o banco se recusar, o cliente então deve ir a outra instituição com taxas menores e apresentar sua dívida. Ele receberá uma proposta, com juros menores, e poderá pedir a portabilidade. O novo banco cuidará dos trâmites necessários, segundo os especialistas.
O economista Ricardo Paixão alerta que é preciso analisar e simular antes de realizar a transferência. “É preciso observar bem antes da mudança, porque pode ser preciso pagar taxas extras, que encarecem a portabilidade”, alertou.
"Não custa conversar a respeito"
A cuidadora Edilaine dos Santos Silva, 34, comprou um apartamento de forma financiada em Jardim Limoeiro, na Serra, este ano, mas ficou interessada na hipótese de reduzir a sua taxa de juros atual, ao saber da possibilidade.
Ela contou que não sabia da oportunidade, mas que agora vai pensar a respeito e buscar saber se poderia reduzir sua atual parcela.
“É uma hipótese interessante. Irei pesquisar mais a respeito e analisar se vale a pena no meu caso. Creio que, para quem comprou há mais tempo do que eu, deve valer ainda mais a pena, mas, no meu caso, não custa nada conversar com especialistas e conferir se é possível economizar de alguma forma.”
Ela acrescentou que a possibilidade de portabilidade deveria ser mais divulgada, já que poucas pessoas acabam sabendo a respeito.
Procura pela portabilidade cresce 625% este ano
O número de pessoas que procurou a portabilidade deu um grande salto em relação a 2019, de acordo com o Banco Central. Enquanto no ano anterior foram 1.200 operações até julho, este ano, no mesmo período, foram 8.700, ou seja, um aumento de 625%.
O número de pedidos, no entanto, foi ainda maior: foram 26,5 mil solicitações de janeiro a julho. No mesmo período, o saldo portado (a soma dos valores financiados) atingiu R$ 3 bilhões.
Em nota técnica, o Banco Central informou que o contexto atual de juros, associado à entrada de novos participantes, contribui para a melhoria das condições de oferta de crédito, tanto para novas operações quanto para a portabilidade.
A crise financeira, na avaliação da entidade, também foi determinante para alavancar a demanda e a oferta de portabilidade de crédito neste ano.
Com menos encargos financeiros, os financiamentos se tornam mais acessíveis, e sob a ótica dos bancos, o crédito imobiliário se torna uma forma de estabelecer uma relação de longo prazo com bons clientes.
Comentários