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Economia

Reciclagem que vira bons negócios no ES

Estado produz 127 mil toneladas de lixo por mês, no total


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Imagem ilustrativa da imagem Reciclagem que vira bons negócios no ES
Usina de lixo : material sendo separado por trator para reciclagem |  Foto: Arquivo/AT

No Espírito Santo são produzidas 127 mil toneladas por mês de resíduos sólidos. Desse total, 41.910 toneladas são de produtos recicláveis, que geram bons negócios e aquecem a economia estadual como  papel, plástico, papelão, vidros, metais.

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No entanto, não é possível saber o quanto desse total é realmente reciclado no Estado, conforme Romário José Corrêa de Araújo, presidente do  Sindicato das Empresas de Reciclagem do Espírito Santo (Sinreciclo). No Brasil, esse número é 4% do total produzido. 

“Acredito que os estados da região Sudeste tenham uma média maior que a média nacional” , afirmou Carlos Silva Filho, diretor-presidente da  Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

“O potencial de reciclagem no Brasil é enorme e o aproveitamento dos resíduos recicláveis que hoje seguem para os lixões tem potencial de injetar R$ 14,1 bilhões no País”, destacou.

Entre os produtos recicláveis, em maior quantidade está o plástico, que corresponde a 17% do total. O superintendente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado (SindiplastES), Gilmar Almeida Nogueira, detalhou:

“As empresas de reciclagem compram mais de 1,5 milhão de quilos de plástico todo mês no Espírito Santo. Desse material todo, 30% é descartado porque está contaminado”.

O presidente do Sindicato Estadual das Empresas de Limpeza Urbana do Espírito Santo (Selures), Marco Antônio Valente, revelou que na coleta seletiva, por falta de educação, vai muito rejeito (resíduo sem possibilidade de reaproveitamento) junto com o material reciclável.

“A prefeitura tem que ir lá buscar para jogar no aterro sanitário. Acaba ficando bastante caro se não tiver uma conscientização para isso”, frisou. 

Os resíduos sólidos não reciclados no Estado vão para aterros sanitários e também para lixões, que ainda persistem, principalmente na região Norte.

“Hoje, no Norte do Estado, a prefeitura sozinha não aguenta pagar o tipo de transbordo (processo de transferência) que tem que ser feito para levar o resíduo sólido para o aterro sanitário”, explicou o presidente do Selures.

Ele ressaltou a importância que terá o aterro sanitário, que está em fase licenciamento, na região. Ele não soube precisar o número de lixões que ainda há no Estado.

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O gerente José Toso Maciel, de 71 anos |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

RECICLAGEM

Caixas 

José Toso Maciel, de 71 anos, é gerente de uma empresa que trabalha com a reciclagem de caixas, em Cariacica. Ele compra caixas quebradas de cerveja, refrigerante, hortifrutigranjeiro, por exemplo, e transforma em novas.

Para composição do plático, ele também usa 10% de tampinhas de garrafa recolhidas por meio  do programa Tampinhas do Bem. “Reaproveitar aquilo que foi jogado fora é muito satisfatório. Gosto do que faço. Fico muito satisfeito em contribuir”, ressaltou o gerente da Lux Caixas.

Reutilização

Novos ricos e mudança de vida dos catadores

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Família de Ana Lúcia (no centro): filhos na faculdade e novo apartamento |  Foto: Douglas Schneider/AT

Um trabalho com relevância social e grande potencial econômico. A reciclagem está criando novos ricos no Espírito Santo, de acordo com fontes que trabalham no segmento.

Há indústrias de reciclagem ampliando seu leque de produtos, comprando novos equipamentos, aumentando o número de empregados, investindo em tecnologia e inovação e ampliando o faturamento. 

“O povo está começando a entender o valor, porque tem gente ficando rico de fato, cuidando de reciclagem”, afirmou Gilmar Almeida Nogueira, superintendente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado (SindiplastES).

 Além dos empresários, ele explicou que também tem associações de catadores que estão conseguindo se destacar, com uma gestão bem-feita.

A reciclagem mudou a vida da catadora Ana Lúcia Oliveira dos Santos, de 49 anos. Foi com o dinheiro do seu trabalho que ela conseguiu criar sete filhos, três deles estão cursando o ensino superior. Ela está comprando o próprio apartamento e segue transformando sonhos em realidade.

Ana Lúcia  morava em Governador Valadares, Minas Gerais. Com um dos filhos tendo crise de epilepsia, decidiu mudar para o Espírito Santo, em busca de um melhor tratamento para ele.

No Estado, não tinha condições de ter um trabalho fixo já que precisava cuidar do filho. “Tinha dificuldade de parar no emprego e aí conheci uma pessoa que me ensinou a trabalhar na rua e me emprestou o carrinho. Durante o dia eu ficava com ele, à noite o pai dele chegava e eu ia buscar material”, revelou. 

Foi com o dinheiro da reciclagem que ela criou os sete filhos e se orgulha: “Tenho um filho que faz faculdade de Direito, uma filha que faz Contábeis e outra que faz Engenharia. Através da reciclagem eu pude me capacitar e tenho ajudado muitas outras vidas”.

Além disso, ela também está pagando seu próprio apartamento e vendo os filhos aos poucos realizando os próprios sonhos, como compra de terreno, carro, moto. “Ainda estão jovens, vão chegar lá”. 

Hoje, ela é catadora associada da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis da Ilha de Vitória (Amariv) e os filhos também são associados.

A estudante de Ciências Contábeis, Angela Cristina, 26, por exemplo, é auxiliar de escritório na associação. 

“Escolhi o curso por causa do trabalho que desempenho aqui. Vou conseguir ajudar outras associações também”, contou. Ela revelou, ao lado dos irmãos, que tem muito orgulho da mãe e do trabalho que a família realiza.

Nova forma de reciclar carros

Contribuir para a reciclagem de carros faz parte da vida do empresário Barreto Morais. Ele é presidente de uma empresa que trabalha fazendo o corte da sucata e prensando o material, mas não consegue ainda, por exemplo, separar os materiais como gostaria.

Ele contou que está implantando um equipamento em Cariacica que vai resolver esse problema. “Vamos ter plástico, alumínio e cobre de forma separada. Hoje, não fazemos a separação do cobre e do alumínio dentro da empresa”.

A firma processa uma média 4 mil toneladas por mês no pátio de Cariacica e com a mudança prevista para julho deste ano, o número deve passar para 6 mil.

O equipamento é um moinho específico, que a empresa está sendo a primeira a implantar no Estado, segundo ele. Atualmente no País é usada a supermáquina Shredder.

“Ela é muito grande e custa R$25 milhões. O projeto que a gente está colocando vai custar cinco milhões. Tem capacidade operacional menor. Mas vai atender as médias e pequenas empresas”, explicou o presidente da Eco Ferros.

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Barreto Morais, empresário do segmento de reciclagem de carros, com corte da sucata e prensa do material |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

SAIBA MAIS

Entenda o cálculo

Para calcular a produção de resíduos sólidos no Estado, foram utilizados os seguintes dados: 

- A produção média nacional de resíduos sólido é de: 381 kg/hab/ano.

- População do Espírito Santo: 4 milhões de habitantes.

- De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 33% do total produzido  é reciclável.

Imposto 

De acordo com a  Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz),  as empresas que compram sucatas podem postergar ou adiar o pagamento do imposto para o momento posterior à industrialização, uma espécie de substituição tributária.

Para onde vai  

No Espírito Santo 

Resíduos sólidos

- Há dois tipos de coleta seletiva. Aquela em que os consumidores levam os resíduos até um ponto de coleta, conhecida como entrega voluntária  e a coleta porta a porta. O material descartado é recolhido por uma empresa contratada pela prefeitura.

- A prefeitura doa esse resíduo para as cooperativas. Elas vendem o material para empresas de reciclagem.

- Quando não há coleta seletiva, o resíduo sólido vai para o aterro. No Estado há aterro sanitário em Vila Velha, Cariacica, Cachoeiro, Aracruz e Linhares. Além disso, tem um aterro em fase de licenciamento na Serra e outro em São Mateus.  

Lixo orgânico

É colocado no lixo e recolhido pelas prefeituras. Depois é levado para o aterro sanitário, onde entra em decomposição e vira gases, que são queimados para não serem lançados na natureza, evitando contribuir para o efeito estufa.

Material eletrônico

A responsabilidade de dar uma destinação correta ao material eletrônico descartado cabe os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

No Estado, há alguns pontos que recebem o material eletrônico descartado. De lá, ele é recolhido pela empresa ES Ambiental, para que seja dada uma destinação correta. Não há, no Estado, uma empresa que faça a reciclagem desse material.

Municípios 

Vitória 

- Em 2022 foram coletadas cerca de 100.000 toneladas de resíduos sólidos do tipo domiciliar, pela Prefeitura. Além de 2.500 toneladas via coleta seletiva. A prefeitura tem parceria com três associações de catadores.

- Ela oferece dois serviços voltados ao descarte de eletrodomésticos e móveis: entrega voluntária  na Unidade de Transbordo, em Resistência e o Papa-Móveis, cuja coleta do móvel pode ser agendada pelo 156. 

- Os materiais recolhidos em condições de uso são doados a pessoas de baixa renda. Quando  irrecuperáveis, são enviados à logística reversa.  Não são reformados.

- Vitória é a primeira cidade do Sudeste a implantar a Logística Reversa para todos os tipos e portes de produtos.

Cariacica

- A Secretaria Municipal de Serviços possui mais de 40 unidades de coleta seletiva. Todo o material recolhido nos pontos é repassado  para duas associações de catadores. Em 2022, foram recolhidos 1.527.857 kg. 

- Também possui o serviço Papa-Móvel, que pode ser acionado pelo telefone 162. Os móveis que têm possibilidade de reforma são recuperados e distribuídos a famílias cadastradas pela Secretaria Municipal e Assistência Social (Semas). 

Serra

- Um total de 11.728,27 toneladas por mês de resíduos sólidos são coletados e transportados ao destino final em aterro sanitário pela  Secretaria de Serviço. Desse total, 40% poderia ser reciclado. 

- Na coleta seletiva são recolhidos, por mês, em torno de 13 toneladas de materiais recicláveis.

- O município também realiza coleta seletiva por meio do modelo de entrega voluntária, com 125 locais disponíveis. O material arrecadado é doado às associações de catadores organizadas do município.

Para onde vai o lixo

No Brasil 

- No Brasil,  92% dos resíduos são coletados. Desse total, cerca de 61% vai para os   aterros sanitários (destinação adequada). Por outro lado,  39% não recebe tratamento adequado, vai  para lixões e aterros  controlados (não tem preparação do solo para receber esses materiais).

- De acordo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), na composição dos resíduos no Brasil, a fração orgânica  é a principal, com 45,3%. 

- Os resíduos recicláveis secos são compostos principalmente: 

- Plásticos: (16,8%). 

- Papel e papelão (10,4%). 

- Vidros (2,7%). 

- Metais (2,3%).  

- Embalagens multicamadas (1,4%). 

- Rejeitos: 14,1% (contemplam os materiais sanitários). 

- Resíduos têxteis, couros e borrachas: 5,6%, 

- Outros resíduos: 1,4%.

Fonte: instituições e municípios citados.

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