Quando vale a pena participar de consórcio? Especialistas orientam
Modalidade oferece crédito sem juros e flexibilidade, permitindo comprar carro, imóvel ou investir, mas há incerteza no prazo

O consórcio funciona com a formação de um grupo de pessoas físicas ou jurídicas que compartilham o objetivo de adquirir um bem ou serviço de forma programada.
Após firmarem o acordo, os participantes contribuem mensalmente em um fundo que contempla cada membro por meio de sorteios ou lances. Mas quando vale a pena optar pela modalidade?
Existem consórcios para diversos perfis de consumidores, que oferecem diferentes prazos, valores e condições flexíveis. Essa modalidade de autofinanciamento permite que cada consumidor encontre um plano adequado ao seu orçamento e objetivos, segundo os especialistas.
O consórcio pode ser vantajoso para alguns perfis e menos para outros, dependendo do momento de cada um, segundo Ricardo Gava, executivo da Gava Crédito Imobiliário e diretor do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário (Secovi-ES).
“Entre os benefícios estão a disciplina para poupar e a chance de antecipar a contemplação por sorteio ou lance. Já os cuidados envolvem a incerteza sobre quando o crédito será liberado, o reajuste das parcelas e a ausência de desconto na quitação antecipada”, explicou.
O diretor do Grupo Contauto, Gabriel Rizk, disse que o consórcio é uma opção muito viável, pois não tem juros. Ele contou também que há diferentes formatos de grupos de consórcios.
“O que existe realmente é a taxa de administração. Sem dúvida, os consórcios de veículos, de motocicleta, caminhões e automóveis são os mais procurados. Tem uma altíssima procura nesses últimos dois anos para imóvel próprio”, afirmou o diretor.
A consultora de vendas da Ademicon Thassiane Costa Araujo reforçou que a principal vantagem do consórcio é que tem apenas uma taxa de administração.
Ela explicou que a procura por consórcios tem crescido e que, em um cenário de juros altos, cada vez mais consumidores estão percebendo que o consórcio é uma forma inteligente de comprar sem se endividar.
“Outra vantagem é a liberdade: você pode usar o crédito de acordo com o seu sonho, seja para comprar uma casa, um carro, investir em uma empresa, renovar a frota ou até mesmo no agronegócio”.
O advogado Leanderson Silva, 46 anos, adquiriu um carro por meio de consórcio e contou ter ficado satisfeito.
“Decidi pelo consórcio porque, embora seja a longo prazo, no final fica menos oneroso, pois não pagamos uma taxa de juros tão abusiva e absurda. E ficamos satisfeitos com a contemplação com menos de um ano”, contou.
Consórcios para compra de carro e imóvel

A advogada e psicanalista Josânia Pretto, de 53 anos, sempre teve vontade de participar de consórcio, por lembrar do pai, e adquiriu um carro.
“Lembro do meu pai falando de consórcio. Na época, tínhamos dificuldades financeiras e ele foi melhorando de vida com os consórcios. Decidi pelo consórcio para ter o carro que eu queria. Com entre seis e sete meses, dei um lance e fui contemplada. E hoje estou em um consórcio para um imóvel”, contou.
Cuidados para não entrar em cilada com a aquisição
Não pesquisar ou confiar em administradoras não autorizadas, não ler o contrato, não ter disciplina financeira, ou ser atraído por propaganda enganosa que promete contemplação rápida: essas são situações que podem acabar se tornando uma “furada” quando se fala em consórcios.
É preciso uma análise cuidadosa das taxas de administração e de outros custos adicionais, segundo o economista Ricardo Paixão.
“É imprescindível que o consumidor avalie minuciosamente todos os custos envolvidos no consórcio, comparando-os com outras opções de aquisição, como financiamentos, para determinar qual alternativa é mais vantajosa financeiramente”, afirmou.
O consumidor deve estar ciente de que a participação no consórcio pode se estender por um período considerável, como quatro anos, sem que haja a garantia de ser contemplado em um tempo menor, destacou Ricardo Paixão.
O diretor do Grupo Contauto, Gabriel Rizk, contou que, antes de buscar um consórcio, é sempre válido conferir se a administradora tem autorização do Banco Central.
“É uma garantia de maior confiança para o consumidor ao entrar em um grupo de consórcio. Se não estiver (entre as autorizadas pelo Banco Central), é um risco maior para esse consumidor”, destacou.
Consórcio ou financiamento?
O financiamento deve ser melhor opção para usufruto rápido. No entanto, é necessário considerar os juros do negócio a longo prazo, que podem pesar no bolso do consumidor. Entre os cenários que compensam a opção pelo financiamento, estão a oportunidade de valor na compra, oportunidade de adquirir em leilões — com preços geralmente mais acessíveis — e uma aquisição para geração de renda.
Já o consórcio pode ser vantajoso para quem tem tempo para esperar para o bem. Não existe a incidência de juros, mas sim a taxa e índices de inflação. Por outro lado, algumas empresas podem cobrar uma taxa de adesão, e o consórcio ainda conta com o fundo de reserva, o que garante o funcionamento do grupo em caso de insuficiência das receitas nas assembleias. Dependendo da solvência do grupo, os valores podem ser reembolsados no final.
Saiba Mais
Como funciona?
Consórcio é um modelo de “autofinanciamento” para adquirir bens e serviços sem depender de empréstimos junto a instituições financeiras.
A Estrutura da modalidade é coletiva. De forma geral, é formado um grupo de pessoas com o mesmo interesse de aquisição em comum, como um imóvel, por exemplo. Esses investidores passam a investir com parcelas prefixadas em contrato, visando a formação de um fundo de recursos para a compra do bem ou serviço.
Cada consórcio realiza uma assembleia mensal. O objetivo é identificar os ganhadores das cartas de crédito. Essas cartas viabilizam o acesso ao bem e os interessados podem ser contemplados por meio de sorteio ou lances, que podem ser livres ou fixos.
Vantagens e desvantagens
O consórcio é uma alternativa inteligente para quem deseja adquirir um bem sem pagar juros. No entanto, como qualquer modalidade financeira, ele apresenta vantagens e desvantagens, que devem ser avaliadas antes da adesão.
Vantagens
Ausência de juros: diferente do financiamento, o consórcio não possui cobrança de juros, apenas a taxa de administração, tornando-o uma opção mais econômica a longo prazo.
Planejamento financeiro: ideal para quem não tem urgência na aquisição do bem e deseja se organizar financeiramente para a compra sem comprometer sua renda.
Flexibilidade na utilização da carta de crédito: o valor contemplado pode ser usado para diversos fins, como aquisição de bens novos ou seminovos, quitação de financiamento e até investimentos.
Desvantagens
Tempo de espera para contemplação: como a contemplação ocorre por sorteio ou lance, o participante pode demorar muito tempo, inclusive anos, para receber sua carta de crédito.
Taxa de administração: apesar de não haver juros, a taxa de administração deve ser considerada ao calcular o custo total do consórcio.
Multas por inadimplência: caso o participante atrase ou deixe de pagar as parcelas, pode haver penalidades, incluindo a exclusão do grupo.
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