Quando vale a pena criar a própria marca?
"A marca própria demora uns 2 ou 3 anos para ter a expertise que a franquia já tem. Trabalhar em rede dá mais poder de compra", contou Rafael Galvêas
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A escolha entre os modelos depende do perfil do empreendedor e de suas metas. Se o objetivo é ter um negócio seguro e confiável, sem grandes riscos, a franquia é a opção mais indicada. Se a pessoa valoriza autonomia e já tem experiência no setor, o negócio próprio pode ser mais apropriado, segundo especialistas.
A principal diferença entre franquia e negócio próprio é que na franquia o empreendedor adquire todo o know-how (conhecimento prático) da marca, processos testados e suporte, enquanto que no negócio próprio, o risco e sucesso dependem exclusivamente das decisões e competências do empreendedor.
Para quem nunca teve experiência empreendendo, franquia pode ser a melhor opção. Mas é preciso analisar bem o contrato da franquia, para entender todas as cláusulas e obrigações que o empreendedor terá. É importante pesquisar sobre a marca, seus concorrentes, custos e rentabilidade, antes de investir em uma franquia.
Rafael Galvêas, vice-reitor e professor de empreendedorismo da Universidade Vila Velha (UVV), destacou que a vantagem da franquia é o know-how.
“Se for montar um negócio com a marca própria, demora uns dois ou três anos para ter a expertise que a franquia já tem. Já trabalhar em rede é bacana para dividir informações. Muitas vezes consegue um poder de compra maior”, afirma. Sobre pontos negativos comparado ao negócio próprio, Galvêas disse que um deles é o investimento no início, que é mais alto.
“Tem a taxa de franquia, e normalmente paga royalties e fundo de propaganda todo mês e isso diminui a sua lucratividade. Além disso, é um negócio que já está customizado, então, se quiser começar a fazer alterações, precisa pedir autorização ao franqueador”, contou o professor.
Para Clodoaldo Nascimento, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) no Rio de Janeiro, uma rede de franquias tem uma assessoria maior, principalmente para quem vai iniciar pela primeira vez um negócio. Ao iniciar o negócio do zero, as chances de insucesso são maiores, segundo ele.
Negócios próprios oferecem mais liberdade e flexibilidade, mas envolvem maior risco e demandam mais conhecimento e experiência para lidar com todas as etapas do empreendimento.
Estado é 4º maior em faturamento
Pesquisa de Desempenho do segundo trimestre, da Associação Brasileira de Franchising (ABF), mostrou que o Espírito Santo é o maior em crescimento de faturamento das franquias no primeiro semestre deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado.
O faturamento do Estado no primeiro semestre deste ano foi de mais de R$ 1,9 bilhão, e o mesmo período em 2022 foi de R$ 1,5 bilhão, segundo o levantamento.
Analisando os dados do desempenho neste primeiro semestre e as perspectivas para a segunda metade do ano, a ABF manteve as projeções para 2023. Nacionalmente, o faturamento deve crescer entre 9,5% a 12%; o número de operações, 10%, empregos também tem projeção de alta de 10% e o volume de redes, 4%.
Segundo o presidente da ABF, Tom Moreira Leite, as expectativas são positivas para o segundo semestre, marcado por datas importantes para o varejo, principalmente a Black Friday, e também feriados com viagens. “O começo da queda da taxa de juros e perspectivas macroeconômicas mais positivas podem ajudar também”.
Sobre o resultado do primeiro trimestre, o estudo apontou que todos os segmentos cresceram no período, com destaque para hotelaria e turismo, alimentação food service – que já haviam se destacado no trimestre anterior –, e moda, beneficiados especialmente pela forte retomada dos hábitos sociais presenciais, mas com a manutenção de atividades representativas no delivery e no e-commerce, segundo a ABF.
A entidade também disse que “a pressão inflacionária, a dificuldade no acesso a crédito, a mudança de hábitos do consumidor e a consolidação dos canais digitais e estratégias de inovação são desafios que permanecem”.
“Um dividendo positivo da pandemia foi, justamente, uma maior expertise em realizar procedimentos a distância, inclusive de captação de leads de franqueados e até na implantação de lojas”, afirmou o presidente da ABF.
Análise
“Bom planejamento, gestão de tempo e marketing são cruciais”
“Investir em uma franquia enquanto mantém um emprego em período integral pode ser uma estratégia desafiadora, mas também é possível conciliar as duas atividades.
Para ter sucesso, precisa-se de um bom planejamento ao escolher a franquia mais adequada ao perfil do profissional, planejamento financeiro com reserva de emergência, gestão de tempo, networking e trabalho de marketing.
Existem os desafios de conciliar o empreendimento com o emprego como tempo limitado, equilíbrio, riscos financeiros e pressão emocional.
No entanto, existem as vantagens de investir em uma franquia, por já ter um modelo de negócio testado e comprovado no mercado, suporte do franqueador e marcas já estabelecidas. Existem os riscos por ter um custo inicial significativo, taxas contínuas para o franqueador, menos liberdade criativa em comparação com um novo negócio, concorrência com outras unidades da mesma franquia na mesma área.
Quando se fala em ter seu próprio negócio, a principal vantagem é uma maior liberdade criativa e no controle do negócio.
Possibilidade de construir uma marca do zero e o potencial para maiores margens de lucro a longo prazo são outras vantagens.
A escolha entre investir em uma franquia ou empreender com um novo negócio depende de seus objetivos, recursos financeiros, tolerância ao risco e habilidades pessoais. Ambas as opções têm prós e contras, e é importante avaliar cuidadosamente qual delas se alinha melhor com suas metas e circunstâncias.”
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