Presidente do Bandes anuncia realização de concurso até março
O executivo destacou o papel da instituição na manutenção de empregos na fase mais crítica da pandemia e prometeu mais recursos
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“O Bandes está recuperando seu papel de protagonista. Por isso, há a necessidade de aumentar o quadro. Teremos concurso público em 2022”. O anúncio foi feito pelo diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes), Munir Abud de Oliveira, em entrevista exclusiva para A Tribuna.
Além da divulgação do concurso público, Oliveira fez um balanço de sua gestão em 2021, destacou projetos para o próximo ano, incluindo três produtos do Bandes para ajudar na retomada da economia do Estado.
A Tribuna - Que balanço o senhor faz deste primeiro ano de sua gestão no Bandes?
Munir Abud de Oliveira - O Bandes assumiu em 2021 um protagonismo na retomada da economia capixaba. O governador criou o maior fundo de reconstrução econômica do País, gerido por nós, com o objetivo de emprestar dinheiro a empresas afetadas pela pandemia. Recebemos um aporte de R$ 250 milhões para isso.
E quantos empregos foram preservados graças a esses recursos?
Foram mais de 2 mil empregos preservados aqui no Estado justamente pela atuação e distribuição desses recursos, somente em 2021.
Quais são os planos e desafios para 2022?
Agora, nós voltaremos nossa atenção para a reconstrução e recuperação da economia do Estado. Já evitamos demissões e fechamentos, agora nosso objetivo é, com os novos produtos do banco, gerar crescimento na nossa economia e criar mais empregos e renda.
E que produtos são esses?
Há o Bandes Retomada, focado no empreendedor que já conseguiu atravessar a crise e precisa de um “empurrão” para melhorar a empresa. É um capital de giro que dá conforto ao empreendedor. 20% desta linha é destinada exclusivamente a empreendedoras mulheres, que é um mercado no qual apostamos.
Há outros?
Sim, há mais dois. O primeiro é o Fundo de Investimento em Participação, que é abastecido pelo Fundo Soberano, com aporte de R$ 250 milhões. É um recurso para transformar o Estado numa espécie de “Vale do Silício”.
Por que esse nome?
É uma referência a região dos Estados Unidos onde há muitas empresas de tecnologia. Os recursos deste fundo vão dar condição de alavancar empresas da área de tecnologia que estão surgindo e precisam de investidores. Sabemos da dificuldade que as startups têm de conseguir seus primeiros recursos para tocar o negócio, e a ideia é dar esse apoio necessário.
E o outro produto?
Já o último é o programa de PPPs que criamos para municípios capixabas. O objetivo é fornecer aos municípios, sem custos, projetos estruturados de iluminação publica, saneamento básico e qualquer outro equipamento que o município opte por delegar a iniciativa privada, o Bandes é parceiro na estruturação deste projeto.
E como o Bandes está tendo condições de oferecer essas linhas de crédito?
Com os números de hoje, que o Bandes tem, podemos afirmar que em março do ano que vem teremos o maior lucro da história do banco. Por isso, há total viabilidade de fazermos esse trabalho de apoio à retomada da economia local. Temos condições de dar essas linhas de crédito mais “adocicadas” para o empresariado neste momento tão importante.
O quadro funcional precisará de mudanças?
Claro. E já está nos nossos planos realizar ao menos um concurso para 2022. Estamos recuperando nosso papel como protagonista na economia capixaba. O crescimento natural dos recursos e produtos oferecidos cria a necessidade de aumentar nosso quadro. Por isso, a ideia é publicar um edital de contratação de profissionais até o primeiro semestre de 2022.
E já há detalhes sobre esse concurso?
Ainda não temos informações sobre número de vagas ou salários, mas a certeza é que haverá vagas para profissionais de Tecnologia em Informação (TI). Isso é certo. Áreas como economia, contabilidade e administração poderão ter cadastro de reserva ou vagas, dependendo do que ficar definido.
Por que a prioridade em TI?
Porque iniciamos um processo de digitalização do banco. Estamos acabando com o papel no banco, para facilitar o acesso ao crédito, e fazer as coisas de forma digital, sem a necessidade do empreendedor estar presencialmente no banco.
E como está a relação atual do Bandes com o governo federal?
Recuperamos nossa relação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que havia sido perdida em governos passados. O BNDES nos liberou R$ 150 milhões para trabalhar em parceria conosco. Temos o Finepe que é uma linha de crédito própria advinda do governo federal.
Quais as perspectivas do estado para 2022? Haverá dificuldade com a pandemia?
Somos um Estado organizado. Estamos com as finanças em dia e somos o único do País com um Fundo Soberano. Também temos o maior fundo de reconstrução do País. Vejo um descolamento do Espírito Santo da economia nacional. Mesmo com a pandemia, vamos largar na frente do resto do Brasil na recuperação econômica.
Em 2020, o nome do senhor chegou a ser cogitado para disputar a prefeitura de Guarapari, mas não se lançou como candidato. E em 2022? Está nos seus planos se candidatar a algum cargo?
Eu não tenho pretensão de largar o mandato do banco. Vou cumprir meu mandato, meu compromisso é com a gestão Casagrande e não pretendo me licenciar para disputar cargos públicos em 2022. Pretendo cumprir meu mandato e assumir o compromisso na recuperação econômica. Estamos focados nisso e não tenho finalidade eleitoreira. Não é o meu foco neste momento.
Quem é
Munir Abud de Oliveira
- Advogado, antes de chegar ao Bandes, Munir Abud atuou como diretor-presidente da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Estado do Espírito Santo (ARSP).
- Foi procurador-geral de Anchieta e conselheiro da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Espírito Santo OAB/ES.
- Mestrando em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV), ele é pós-graduado em Direito Administrativo (2020) pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG).
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