Preço faz cliente deixar produto no caixa do supermercado
Pesquisa feita por empresa de tecnologia diz que no 1º semestre deste ano 4,997 milhões de itens foram deixados para trás. Veja lista
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A alta no preço dos alimentos tem feito com que muitos consumidores abandonem produtos nos caixas de supermercados. No primeiro semestre deste ano foram 4,997 milhões de itens deixados para trás.
Segundo um levantamento feito por uma empresa de tecnologia de varejo, a Nextop, esse número representa um aumento de 16,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
A pesquisa, feita a pedido do Estadão, considerou informações de movimentação no sistema de caixa em 982 supermercados de médio e pequeno porte do Brasil. Ela se baseou em itens cancelados isoladamente. Eram produtos que o cliente consultou o preço na boca do caixa e desistiu de finalizar a compra.
A lista com os itens mais abandonados inclui supérfluos e básicos. No topo do ranking estão o refrigerante, o leite e o óleo de soja, respectivamente. Além deles, também aparecem o açúcar e a cerveja.
Presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Claudeci Pereira Neto considerou que boa parte dos campeões da lista são produtos de pouca necessidade.
“São itens que, por um período de tempo, dá para abrir mão. O consumo de supermercado de algumas famílias está se voltando para os itens mais básicos, que é para caber no orçamento familiar. É uma questão de escolha diante de uma restrição de recursos financeiros”.
O economista explicou que os altos preços são consequência de diversos fatores que encarecem o valor final. Segundo ele, há o frete do transporte, que sofre com a alta do diesel, e o aumento dos insumos agrícolas, por exemplo.
O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, explica que esse comportamento é comum e que isso ocorreu em razão da inflação, que provocou a diminuição do poder de compra.
“Isso acontece. Em determinados períodos aumenta um pouco mais, aí o consumidor acaba dando prioridade aos produtos que têm maior necessidade. Estamos com esperança que nos próximos meses essa situação se reverta”.
Líder do Comitê Qualificado de Finanças e Investimento do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), Luana Nadorf afirmou que esse comportamento acontece quando há uma sazonalidade de preços em produtos como o leite e a soja, por exemplo.
“O que isso causa na economia é uma redução na produção de algumas fábricas, pois a demanda reduz. Assim que houver uma estabilização, provavelmente volte”.
“Será que eu preciso muito?”
O administrador Lucas Olímpio, de 24 anos, conhece bem essa realidade. Ele admite que não é raro deixar alguns produtos para trás. “A gente vê o preço no terminal de consulta e pensa: ‘Será que eu preciso muito? Será que hoje é o momento de levar? Tem muito disso”.
Segundo ele, é na hora de comprar itens essenciais, como carne e óleo, que o bolso dói. “Esses não dá para substituir, nem ficar sem”.
Vendas no varejo não param de cair
O comércio varejista registrou queda nas vendas pelo segundo mês seguido. Foi o que mostrou um levantamento recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado faz parte da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), que indicou uma queda de 1,4% nas vendas em junho, na comparação com as de maio.
A segunda retração ocorre após as vendas terem tido alta nos quatro primeiros meses deste ano.
Em maio, o setor de varejo já havia registrado uma queda de 0,4%. Apesar disso, no acumulado do ano, houve alta de 1,4% em relação ao mesmo período de 2021.
Farmácia
De acordo com o IBGE, houve queda nas vendas no mês de junho em sete das oito atividades de comércio. O único setor que teve alta nas vendas foi o de farmácia.
Fique por dentro
Itens mais abandonados
1º Refrigerante
2º Leite
3º Óleo de soja
4º Cerveja
5º Açúcar
6º Molhos
7º Biscoito
8º Hambúrger
9º Farinha de Trigo
10º Bebida Láctea
Maiores retrações de venda
Cerveja:-15,6%
Leite asséptico: -13,6%
Cortes de frango: -11,6%
Café em pó:-8,5%
Legumes: -8,5%
Óleo comestível:-7%
Queijo: -6,5%
Biscoito: -5,1%
Fonte: Nextop e Nielseniq.
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