Preço de passagem aérea dispara e preocupa governo
Preço disparou e é o maior da série histórica iniciada em 2010 e influencia na inflação. Só nos últimos quatro meses, alta foi de 65%
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O impacto dos preços das passagens aéreas sobre a inflação é motivo de preocupação, afirmou o ministro Fernando Haddad (Fazenda).
O componente pressionou o resultado do que é considerado uma prévia da inflação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de dezembro. O indicador acelerou a 0,40% e ficou acima das previsões do mercado financeiro.
Segundo dados divulgados na quinta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15 fechou 2023 com alta de 4,72% no acumulado de 12 meses.
“O que nos preocupa em relação ao IPCA é um item: as passagens aéreas. Cresceram 65% nos últimos quatro meses. Já estavam caras quatro meses atrás e agora subiram 65%”, disse Haddad.
Ele frisou que não é a inflação que afeta de maneira uniforme toda sociedade, mas afeta quem faz uso desse meio de transporte. “Eu não sei quanto os 65% representam sobre o IPCA, mas não é de se desconsiderar”, ressaltou.
Em dezembro, sete dos nove grupos de produtos e serviços do IPCA-15 tiveram alta de preços. A maior variação (0,77%) e o principal impacto (0,16 ponto percentual) vieram de transportes. Dentro desse grupo, o subitem passagem aérea subiu 9,02% – o maior impacto individual do mês (0,09 ponto percentual).
A última pesquisa da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de outubro, confirma a evolução e mostra que o preço médio da passagem aérea é de R$ 741,47 (valor corrigido pela inflação oficial).
Trata-se do maior valor desde que a análise passou a ser realizada, em 2010.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou, depois da manifestação de Haddad, que a alta dos preços das passagens aéreas não foi causada pelo preço do combustível de aviação (QAV).
“A discussão vai além dos preços da Petrobras”, disse Prates em entrevista à GloboNews.
Os preços de passagens aéreas acumulam alta de 81,93% entre setembro e dezembro.
Na entrevista, Prates afirma que o preço praticado pela Petrobras é parecido aos demais países da região: “A Petrobras não é a única fornecedora de QAV. O combustível de aviação baixou um terço no ano. O problema não é a Petrobras”.
Concorrência pequena é o motivo
Especialistas ouvidos pela TV CNN citaram explicações para a alta nos preços das passagens.
A primeira é uma resposta ao crescimento da demanda por viagens que surpreendeu este ano. Com a pandemia, as companhias tiveram de reduzir a operação, devolvendo aeronaves e encolhendo quadros. No pós-crise, a recuperação foi mais rápida e intensa do que a reação das empresas, limitando a capacidade de ajuste na oferta de voos e lugares.
“Há uma onda de aumento da oferta nos próximos meses, mas não será rápida. A redução da operação aconteceu no mundo todo e agora estão todos procurando aeronaves. Este é um dos maiores problemas do setor aéreo”, disse Cleveland Prates, da MicroAnalysis Consultoria Econômica.
O segundo tem a ver com a baixa concorrência entre aéreas que atuam no País. Com maior procura pelas passagens e poucas operadoras, o preço sobe e não há estímulo para reverter a dinâmica.
O terceiro tem a ver com o custo das aéreas. O querosene de aviação responde por 30% dos custos das empresas. Mas o preço do petróleo está no menor patamar do ano, em queda desde outubro, o que não justificaria o aumentos dos preços. Mas não é só essa a fonte de pressão no caixa das aéreas.
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