“Precisei brigar na justiça”, diz pensionista que teve problema com empréstimos
Wanda Balestreiro foi surpreendida com um desconto em seu pagamento
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Foram anos de muito trabalho fazendo faxinas em condomínios, cozinhando e varrendo rua até que a pensionista Wanda Balestreiro, de 74 anos, decidiu parar, tirar o “pé do acelerador”, como ela mesmo diz, e tentar curtir mais a vida e a sua família.
Recebendo pensão há mais de 10 anos, ela conta que há cerca de cinco, mesmo sem solicitar, recebeu uma ligação do seu banco.
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Do outro lado da linha, a pessoa lhe oferecia um empréstimo de R$ 6 mil, e ela aceitou.
Esse foi apenas um dos mais de 20 empréstimos que ela fez. Dessas, restam apenas dois para quitar.
Em um dos empréstimos consignados, que ela afirma que não fez, Wanda diz que foi surpreendida com um desconto em seu pagamento.
Sentindo-se lesada, ela buscou os seus direitos na Justiça e, agora, aguarda uma sentença do juiz.
Sentada em um banco da Praça Costa Pereira, em Vitória, ela contou parte da sua história à reportagem.
A Tribuna- A senhora já pegou quantos empréstimos?
Wanda Balestreiro- Nossa, peguei uma galera. Já peguei dinheiro mais de 20 vezes e precisei 'brigar' na Justiça por causa de um deles, que foi um empréstimo no valor de R$ 1.300 que eu não fiz e fui surpreendida com desconto do meu pagamento.
Qual o valor total desses empréstimos?
São valores variados, tem de R$ 600 a R$ 6 mil. Somados, dá mais de R$ 15 mil que, com os juros, a gente paga mais que o dobro. É uma bola de neve.
Já quitou muitos empréstimos?
Sim. Restam apenas dois, sendo que em um deles eu fui lesada.
Me conta mais detalhes?
Esse empréstimo de R$ 6 mil eu recebi uma ligação do meu banco oferecendo o dinheiro.
Não pensei duas vezes, fiz o empréstimo e ajudei até a minha família. Veio em boa hora. Esse eu estou quase terminando de pagar, acho que no ano que vem.
Já o outro, que eu fui lesada, está na Justiça. O banco, que não é o meu, liberou um empréstimo em meu nome, usando os meus dados sem eu ter passado qualquer informação.
Quando eu descobri, corri atrás dos meus direitos. Mesmo com fome e sem forças para andar, fui ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Procon, Casa do Cidadão, Juizado Especial, onde ingressei com uma ação pedi ndo R$ 5 mil de danos morais e suspensão dos descontos em folha.
Aguardo a sentença, mas eu confio que a justiça será feita.
São muitos descontos no seu benefício?
Eu ganho um salário mínimo (R$ 1.412), mas com os descontos o valor que recebo por mês é bem mais baixo. Agora, por exemplo, está em torno de R$ 880.
Esse dinheiro faz muita falta?
Ah, faz muita falta. Eu tenho diabetes e outras comorbidades e preciso do dinheiro para comprar remédios, além da alimentação e outras despesas que tenho que pagar, como telefone, luz, água, gás.
Isso tem tirado a sua paz?
Sim. Isso tira o meu sono, me dá crises de ansiedade. Busco forças em Deus e sei que tudo isso vai passar.
Depois de quitar tudo, pensa em pegar mais empréstimos?
Nem pensar. Agora, chega. Não aguento mais dormir e acordar com esse problema. É um dinheiro que parece ser fácil, mas para pagar é muito sacrificante.
Saiba mais
Fique atento
Contrate empréstimos de instituições reconhecidas, que possuam filiais no Espírito Santo, facilitando contatos e negociações;
Pesquise as taxas de juros, comparando com outras instituições e nunca forneça o cartão ou a senha do banco à outra pessoa;
Leia bem o contrato antes de assiná-lo e caso tenha dúvidas, procure o Procon mais próximo.
Orientações do INSS
Sobre empréstimos consignados, o INSS esclarece que ele é uma transação comercial realizada entre o beneficiário e a instituição bancária (o Instituto apenas operacionaliza o desconto). Entre as orientações para o beneficiário que não reconhece o contrato de empréstimo, estão:
emitir extrato de empréstimo consignado dos benefícios recebidos, acessando o aplicativo/site do Meu INSS (na ferramenta de busca, colocar extrato de empréstimo consignado). No extrato, identifique o banco responsável pelo empréstimo;
identificado e certificado de que o beneficiário, efetivamente, não autorizou o empréstimo, deve-se entrar em contato com o banco para questionar a legalidade do contrato;
se não for possível resolver com o banco, o cidadão deve registrar reclamação por meio do site www.consumidor.gov.br.
Onde denunciar?
- Governo federal
Pelo Portal Fala.Br, para que o INSS apure possíveis irregularidades.
- À polícia
Na Delegacia Especializada de Proteção à Pessoa Idosa, na avenida Nossa Senhora da Penha, nº 2290, Santa Luíza, Vitória, das 8 às 18 horas, ou em qualquer delegacia mais próxima. Também é possível denunciar pelos telefones do Disque 100 e 181.
- No Procon
Na sede do Procon-ES, na Avenida Jerônimo Monteiro, 935, centro de Vitória, mediante agendamento pelo site www.agenda.es.gov.br.
No Faça Fácil, em Cariacica, de 2ª a 6ª, das 8h às 17 horas, e, aos sábados, até as 13 horas. Agendamento pelo site www.facafacil.es.gov.br.
Pelo Atendimento eletrônico, no site www.procon.es.gov.br. As dúvidas podem ser esclarecidas pelo WhatsApp (27) 3323-6237.
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