Portabilidade: consumidores fazem 292 trocas de operadora por dia no ES
Em seis meses, foram registradas 52.490 portabilidades. Entre os motivos estão o alto preço e a insatisfação com o serviço prestado
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Trocar de operadora e manter o mesmo número de telefone é um direito. No Estado, um total de 52.490 portabilidades numéricas foram realizadas, de janeiro a junho deste ano.
São, em média, 292 trocas de operadora por dia, sendo 81% delas de telefones móveis e 19% de fixos. Segundo especialistas consultados pela reportagem, os motivos são variados, como insatisfação com a qualidade dos serviços ou com os preços.
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Os números são da Associação Brasileira de Recursos em Telecomunicações (ABR Telecom). Com a manutenção do número, o consumidor consegue ser encontrado facilmente pela rede de contatos.
A estratégia evita uma série de dores de cabeça que envolveria a troca de número, como a necessidade de atualização da rede de contatos. Mas nem sempre a portabilidade é um processo simples de ser realizado pelo cliente.
A advogada e professora Marta Vimercati explicou que manter o mesmo número é um direito do consumidor de preservação à identidade, já que o número de telefone o conecta a seus contatos pessoais e profissionais. E perdê-lo pode significar prejuízos materiais.
“A pessoa que trabalha, por exemplo, por telefone, e perde o número, pode perder contratos já que o contratante não tem mais acesso a ela”, explicou.
A arquiteta Brenda Contarato, de 28 anos, teve prejuízos materiais por uma portabilidade malsucedida. Ela decidiu mudar de Vila Velha, no Espírito Santo, para Carangola, em Minas Gerais. A operadora que ela usava não funcionava bem em Minas, foi aí que decidiu fazer a portabilidade.
Ela contou que, um mês depois, sua linha foi suspensa. “Fiquei sem acesso a receber e enviar SMS e ligação e sem acesso ao 3G. Incomunicável, mudando de estado”.
Ela não conseguiu recuperar o próprio número. “Era para ser algo simples e prático. Fiquei dias sem poder realizar meu trabalho. Não pude entrar em contato com a minha família”, contou Brenda.
A advogada Luiza Simões diz que pessoas físicas e jurídicas têm enfrentado problemas quando se trata deste assunto.
Para a portabilidade em linhas de telefone de pessoas físicas, ela vem sendo procurada com mais frequência por clientes com queixa de portabilidade ilegal da linha.
“Em que os golpistas se aproveitam do vazamento de dados dos usuários, ligam para a operadora se passando pela pessoa, e solicitam a portabilidade da linha”.
“De repente fiquei sem sinal”
Criminosos têm usado dados das vítimas para acessar as redes sociais delas e tentar obter vantagens financeiras. Advogados apontam que eles preferem vítimas com maior número de seguidores nas redes sociais.
A criadora de conteúdo Daniela Laender, de 30 anos, foi uma das vítimas desses golpistas. Eles conseguiram os dados dela, cancelaram a linha telefônica da influenciadora e passaram o número dela para outro chip.
“Não sei como eles fizeram. Se alegaram que perderam o celular ou se tinham algum tipo de conchavo com esse lugar que fez isso”.
Ela revelou que estava na livraria em um shopping no Rio de Janeiro digitando uma mensagem no WhatsApp. “De repente, fiquei sem sinal nenhum. Desconfiei porque já sabia desse tipo de golpe e estranhei, porque quando o sinal fica fraco, ele vai reduzindo, não corta de uma vez”, revelou.
Ela se conectou no wi-fi e, quando viu, começou a perder o acesso ao próprio Instagram, e-mail e WhatsApp. “Ele não deslogou do meu e-mail, mas eu recebia os e-mails falando que a senha estava sendo trocada”, contou.
Eles fizeram stories no Instagram dela pedindo Pix. Como ela estava no shopping, foi logo até a loja da operadora. Além disso, teve que pagar um especialista para recuperar seu Instagram com quase 50 mil seguidores.
Em duas horas conseguiu o acesso de volta, exceto ao e-mail. “Perdi o acesso as estatísticas mais antigas. Teve um trabalho que eu tinha que entregar as métricas, passei por um grande estresse emocional, fiquei bem abalada, nervosa, ansiosa”.
Além do abalo emocional, ela teve perdas materiais devido a essa situação.
Saiba mais
Mudança de operadora
- A portabilidade é um direito do consumidor e preserva a sua identidade. Já que por meio do número de telefone ele se conecta tanto com pessoas do seu ciclo pessoal quanto profissional.
Como fazer
- Para fazer a portabilidade numérica, na hora de solicitar a transferência para a operadora:
- Informe à operadora de telefonia que receber o pedido: nome completo, número do documento de identidade, número do registro no cadastro do Ministério da Fazenda (no caso de pessoa jurídica), endereço completo do assinante do serviço, código de acesso, nome da operadora de onde está saindo, comprove a titularidade da linha telefônica.
Acompanhamento
- É possível acompanhar o movimento de pedidos e efetivações de transferências da portabilidade numérica conforme o DDD e a data de início do serviço, pelo site da abrtelecom.com.br.
- Nele também há uma ferramenta de busca para pesquisar a qual operadora pertencem os números de telefones que já realizaram a portabilidade numérica.
Golpes
- Golpistas têm realizado a portabilidade ilegal. Eles se aproveitam do vazamento de dados dos usuários, ligam para a operadora se passando pelo dono da linha e solicitam a portabilidade da linha. De posse da linha, cometem vários crimes.
- Para se proteger dos golpes é importante utilizar recursos de segurança como autenticação por dois fatores, por exemplo, que na prática é acrescentar uma camada a mais de segurança por meio de senha nas redes.
Fonte: Especialistas citados na reportagem e ABR Telecom
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