Por que tantos navios no litoral capixaba?
Reabertura do comércio exterior, em especial entre Brasil e China, é uma das razões para o aumento do tráfego naval
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Quem anda pelas orlas da Grande Vitória, como a de Camburi ou da Praia da Costa, vem percebendo aumento na quantidade de navios em alto-mar. O motivo disso: a melhora da economia do País e das relações comerciais do Brasil com outros nações.
Para o presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex), Sidemar Acosta, esse aumento no tráfego naval não é apenas uma percepção de quem observa o mar do Espírito Santo.
“É notório até pelo volume de importação que tivemos no ano de 2022. Logo no começo de janeiro, estivemos praticamente parados e recentemente temos retomado os contratos. A volta da China é um fator importante e também tem a retomada da economia”, afirma Sidemar.
Presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES), Claudeci Pereira Neto afirma que o novo governo também contribui para as relações comerciais.
“A política externa no governo Bolsonaro estava muito prejudicada. Com o governo Lula há a retomada de várias relações institucionais com outros países. Então, isso é importante porque só faz melhorar o fluxo de mercadorias”.
O diretor presidente do Porto de Vitória, Ilson Hulle, destaca que, no último ano, houve recorde no número de embarcações que trouxeram automóveis ao País. Sendo 158 navios em 2022 contra 132 em 2021.
“O crescimento no volume de navios e de cargas envolve uma série de fatores, entre eles a reabertura da economia da China pós-surto da covid-19, o que tem demandado bastante commodities do Brasil”, explicou Hulle.
Professor de Comércio Exterior e Logística, Rafael Dandrea ressalta que apesar da maior movimentação de cargas no litoral, alguns navios podem estar parados para manutenções.
“Com isso (reabertura da China) aumenta a demanda por importação e exportação, o que faz com que o fluxo de embarcações aumente e o número de navios parados tenda a aumentar”.
Dandrea diz que os valores pagos pelos proprietários das embarcações podem variar entre US$ 4 mil (R$ 20,6 mil) a US$ 30 mil (R$ 154 mil) por dia. “Dependerá do tamanho e do tipo do navio, de mercadoria, do terminal onde ele atracará e da necessidade de utilização dos guindastes do terminal”.
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Retomada econômica aquece transações
> Mais navios no Estado
Nos últimos meses, a costa do Espírito Santo tem recebido maior volume de embarcações.
A situação pode ser percebida por pedestres, banhistas e quem trafega pelas principais orlas da Grande Vitória.
> Os motivos
Reabertura da economia da China pós-surto da covid-19.
Melhora das relações diplomáticas e comerciais do Brasil após a eleição de nova equipe do governo federal.
> Impacto da China no Brasil
Depois de três anos com duras restrições da política Covid Zero, a China volta a abrir seu mercado para o mundo.
Depois de um ano de recessão, economistas consideram que o país asiático irá voltar a impulsionar a economia global por meio do consumo de commodities, como alimentos, metais e petróleo.
“Esse maior fluxo pode afetar alguns setores, principalmente os exportadores agrícolas”, afirma o presidente do Corecon-ES, Claudeci Pereira Neto.
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