Pipas deixam mais de 48 mil sem energia durante a pandemia em Vila Velha
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Soltar pipa tem causado prejuízo para moradores de Vila Velha. O município é o que mais registra ocorrências envolvendo pipas e a fiação elétrica neste ano. Somente de março até junho, foram 181 incidentes, que deixaram 48.461 pessoas sem energia.
Em todo o Estado, 928 ocorrências desta natureza foram responsáveis por deixar mais de 200 mil pessoas sem energia em suas casas neste ano.
O período, que coincide com a recomendação das autoridades para o isolamento social e suspensão das aulas escolares, como prevenção ao contágio pela Covid-19, acende um alerta.

Segundo a EDP, uma das distribuidoras de energia elétrica no Estado, entre março e junho desse ano foi registrada uma elevação de 540% no número de clientes que tiveram o fornecimento de energia interrompido por conta de pipas.
No mesmo período de 2019, apenas 246 ocorrências do tipo foram registradas no Espírito Santo.
Segundo o gestor de excelência ao cliente da EDP, Vilmar Abreu, o fornecimento de energia elétrica se torna mais essencial por abastecer unidades de saúde e hospitais que possuem pacientes que utilizam equipamentos elétricos essenciais à sobrevivência.
“Esses produtos (linhas com cerol ou produtos cortantes) causam desligamentos ao romper os cabos de energia e, também, podem provocar curtos-circuitos, ao ficarem presas na fiação e serem puxadas, interrompendo o fornecimento de energia para uma região”.
Já o gestor executivo de operações da EDP, Afonso Celso da Silva, completa que a preocupação é também com a segurança.
“Sabemos que o cerol e linha chilena (produzida com materiais mais abrasivos que o cerol) ainda são muito utilizados e, dependendo de sua composição, podem ser condutores de energia, com potencial de causar sérios acidentes com quem está brincando”.
Segundo a assessoria, a EDP distribui energia para 70, dos 78 municípios do Estado. Outras cidades são atendidas pela Empresa Luz e Força Santa Maria.
SAIBA MAIS
Danos causados
- Entre março e junho deste ano, foi registrada uma elevação de 540% no número de clientes que tiveram o fornecimento de energia interrompido por conta de pipas.
- Isso representa que mais de 200 mil unidades consumidoras foram afetadas com a interrupção do serviço sendo que, no mesmo período de 2019, esse número foi de 37 mil.
- No número de ocorrências, foram 928 ordens de serviço, ante 246 no mesmo período de 2019.
- O tempo de restabelecimento da energia em caso de ocorrências varia de acordo com o estrago que foi causado pela pipa na rede elétrica.
- O corte no fornecimento de energia de unidades de saúde, hospitais e residências que possuem pessoas que utilizam equipamentos elétricos essenciais à sobrevivência pode ocasionar riscos para esses pacientes.
Orientações para brincar de forma segura
- Empinar pipas em locais como lajes e muros deve ser evitado. A proximidade com os fios de alta tensão aumenta o risco de acidentes graves e fatais, além do perigo de quedas.
- Além de proibidos, o cerol (mistura cortante de vidro moído e cola ) e a linha chilena (feita industrialmente, com poder de corte mais elevado que o cerol) trazem risco para quem está empinando a pipa e também para motociclistas e pedestres, além do risco para a rede de energia.
- As linhas com cerol ou linha chilena cortam a camada protetora da fiação e a rede interrompe a transferência de corrente elétrica, podendo provocar curto-circuito.
- Brinque longe de rede elétrica, em locais onde não exista nenhum tipo de cabo de energia, de serviço telefônico ou antenas de celular. Isso evita acidentes e interferências na qualidade desses serviços.
- A maioria dos acidentes acontece quando o papagaio (parte que contém o papel) fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo com materiais condutores, como pedaços de madeira e barras metálicas.
- Se a pipa cair em uma árvore que esteja tocando a rede elétrica, é perigoso tentar retirar, pois o movimento dos galhos pode provocar curto-circuito e choques.
- Em caso de relâmpagos, recolha a pipa imediatamente. Não solte pipas na chuva ou com vento muito forte.
Manutenção
- Somente técnicos da distribuidora, treinados e habilitados para este trabalho, que exige o uso de equipamentos de segurança, estão aptos a manusear a rede elétrica.
- O choque pode acontecer até mesmo por aproximação com a rede elétrica, sem nem mesmo tocá-la.
- Se a pipa ficar presa nos fios, não tente retirá-la. Nunca use varas nem suba no poste para tirar uma pipa.
- O choque, nestes casos, pode ser fatal. Somente técnicos da distribuidora de energia, treinados para este trabalho, que exige o uso de equipamentos de segurança, estão aptos a manusear a rede.
- Um acidente causado por descarga elétrica pode deixar sequelas como queimaduras e, em casos mais extremos, causar a morte.
- Arremessar objetos na rede elétrica para o resgate da pipa pode causar graves acidentes. O “lança-gato” (pedra presa a uma linha), ou qualquer outro objeto, não devem ser lançados na rede.
Cidades mais atingidas
- Vila Velha: 181 ocorrências e 48.461 clientes sem energia.
- Serra: 136 ocorrências e 38.812 clientes sem energia.
- Cariacica: 153 ocorrências e 35.657 clientes sem energia.
- Cachoeiro de Itapemirim: 88 ocorrências e 22.955 clientes sem energia.
- Linhares: 69 ocorrências e 18.294 clientes sem energia.
- Guarapari: 56 ocorrências e 12.369 clientes sem energia.
- Vitória: 53 ocorrências e 5.979 clientes sem energia.
- São Mateus: 49 ocorrências e 4.419 clientes sem energia.
- Viana: 23 ocorrências e 4.020 clientes sem energia.
- Aracruz: 27 ocorrências e 3.045 clientes sem energia.
- Marataízes: 13 ocorrências e 2.377 clientes sem energia.
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