Petrobras estuda investir na energia do vento do mar
Dispositivos vão medir a força das rajadas do litoral capixaba para definir a instalação de geradores eólicos dentro do oceano

A Petrobras anunciou a instalação de seis novos dispositivos de medição de vento em plataformas marítimas em três estados, entre eles o Espírito Santo.
O sistema de medição, chamado de LiDAR (sigla para Light Detection and Ranging – em Português Detecção de Luz e Alcance, em tradução livre), vai auxiliar em estudos voltados à instalação futura de plantas para a geração de energia eólica offshore, ou seja, fora dos limites do continente.
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O equipamento usa um sensor óptico com feixes de laser que medem a velocidade e a direção do vento de 10 a 200 metros de altura, produzindo dados compatíveis com o ambiente de operação das turbinas eólicas.
Segundo o subsecretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ricardo Pessanha, ainda se sabe pouco sobre o projeto pensado pela empresa na região, mas é possível dizer que vai trazer benefícios econômicos.
“Além de ser um investimento em energia renovável, bem-visto no ponto de vista ambiental e energético, eles movimentam uma cadeia em geral, desde a prestação de serviços até a indústria logística, indústria naval, com investimentos diretos e indiretos”, diz.
Segundo o consultor empresarial Durval Vieira de Freitas, o Espírito Santo produz apenas 50% da energia que consome, precisando importar o restante de outros estados.
“Consumimos 15 gigawatts-hora (GWh), enquanto geramos 7,5 GWh. Então essa nova fonte de energia irá ajudar o Estado a balancear o consumo, além de ir ao encontro do que procuramos, que é a neutralização do carbono.”
Necessidade
Com grandes empresas do setor da siderurgia e metalurgia instaladas na região, a necessidade de energia é crescente, principalmente quando se visa à expansão das operações.
A perspectiva, portanto, é que esse tipo de investimento avance rápido, destaca o consultor em investimento da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Luís Cláudio Santana Montenegro. “Mas é preciso também olhar para a inovação, para a viabilidade (dos investimentos) e para os incentivos que ajudam a acelerar o desenvolvimento.”
Equipamentos para medição do potencial energético do vento já estão em operação em plataformas da estatal no Rio Grande do Norte e no Rio de Janeiro.
Outras empresas avaliam investimentos eólicos
Além do estudo anunciado pela Petrobras, o Espírito Santo já possui outros investimentos em pesquisa voltados à energia eólica.
Segundo o consultor empresarial Durval Vieira de Freitas, um dos exemplos são os estudos realizado pela petrolífera Shell e pela norueguesa Equinor, ambos destinados à geração em campos marítimos.
Freitas destaca Presidente Kennedy, Marataízes e Itapemirim como regiões potenciais, chegando a pegar uma parte do Rio de Janeiro.
“Essas empresas estão bem adiantadas nesses estudos e a Petrobras está investindo agora”, afirma o consultor.
De acordo com o subsecretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ricardo Pessanha, a Votu Winds, parceira do Porto Central, também demonstrou interesse em investir no setor.
Um dos principais marcos para o investimento nesse tipo de energia, segundo Pessanha, foi a confecção do Atlas Eólico, lançado pelo governo em 2009.
“O mapa nos colocou dentre um dos principais estados com potencial de energia tanto onshore, quanto offshore. O investimento da Petrobras é um ímã, que estimula outras empresas”, relata.
Por não ser um bem escasso da União, a perspectiva é que a operação não gere royalties, mas sim tributos sobre a operação. No entanto, o setor aguarda a votação de um marco legal da energia offshore, em discussão no Congresso Nacional.
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Energia offshore
Uma das possibilidades para a geração de energia eólica é a utilização do potencial energético dos ventos que ocorrem em alto-mar.
A esse tipo de investimento é dado o nome de “offshore”, ou seja, energia gerada fora da região costeira e do continente.
O potencial do tipo de energia é estudado há mais de 10 anos no Brasil, mas tem ganhando impulso com o processo de transição energética e a cobrança pelo uso de fontes limpas e renováveis.
O mercado eólico possui perspectivas de crescimento no Estado, principalmente tendo em vista o objetivo das empresas de reduzir a emissão de carbono e a reivindicação internacional por tornar os processos de produção mais sustentáveis.
Setores beneficiados
Segundo o consultor de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Luís Cláudio Montenegro, há uma série de atividades que podem se beneficiar dos investimentos em energia eólica, tanto offshore, quanto onshore.
A extração de Sal-gema, com potencial de exploração na região de Conceição da Barra, possui uma demanda grande energética.
“O primeiro estágio da produção é a indústria de cloro e soda. Para fazer isso, é preciso quebrar a molécula de sal, o que precisa de energia. Usar a energia eólica é um caminho interessante”, destaca.
Plantas de hidrogênio, que possuem um interesse mundial; e a substituição do gás pela energia eólica no processo de produção da indústria de fertilizantes são outras atividades que devem ter ganhos.
Fonte: Especialistas citados e pesquisa AT.
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