Pesquisa revela dificuldade de idosos com tecnologia no trabalho
Especialistas afirmam que é essencial promover políticas de recrutamento e seleção que valorizem a diversidade etária
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Sete em cada 10 idosos já sentiram dificuldades profissionais por falta de familiaridade com a tecnologia. Essa é outra situação que revela pesquisa feita pela Universidade Vila Velha (UVV) a pedido de A Tribuna.
Dos entrevistados, 71,9% responderam que já tiveram dificuldades, enquanto 28,1% disseram que não. O coordenador da pesquisa, Fabrício Azevedo, professor da UVV, disse que, no quesito, a tecnologia é carreira para todos, não só para os mais experientes, mas também para os jovens.
“Assim como os jovens têm uma facilidade muito grande para lidar com as tecnologias, os idosos também estão tendo. Então basta só apresentar a tecnologia e fazer uma boa preparação. Então, a empresa consegue, por meio das suas atividades, apresentar as ferramentas e mostrar a utilização dessas ferramentas para os idosos.”
Azevedo destacou que não se pode dizer que a tecnologia foi feita apenas para as novas gerações, mas que, na verdade, a tecnologia está disponível para todo o mundo que tenha a vontade e a capacidade de aprender.
“O profissional idoso também tem toda essa competência, essa capacidade, apenas tem que ser apresentado para essas novas ferramentas, que têm toda a possibilidade de utilizá-las. Então, é o treinamento adequado e é o empenho da pessoa com relação à utilização da ferramenta”, disse o coordenador da pesquisa.
O mentor de carreiras Elias Gomes disse que é importante oferecer programas de capacitação e atualização específicos para profissionais mais experientes.
“Isso pode incluir cursos, workshops e treinamentos que ajudem esses profissionais a se manterem atualizados com as tendências e tecnologias do mercado”, disse.
As mudanças são tantas, que a sensação é que sempre o profissional fica para trás.
“Por mais que estejamos remando, a sensação é que a gente não esteja evoluindo. Realmente tem muita coisa que é difícil acompanhar, tanto quanto possível, dentro das possibilidades, acredito que tendência, é que as pessoas se preparem e estudem”, explicou o especialista.
Quando se percebe já está adaptado, até porque isso vai te empurrado. “As inovações vão forçando para que se adapte, para trabalhar com aquilo, associando na produtividade, mas é uma sensação mesmo de estar sempre um pouco atrasado, que não estamos acompanhando”, contou Gomes.
Iniciativas do governo para apoiar profissionais
Idosos querem voltar a estudar e estar no mercado de trabalho. E o governo do Estado destacou que atua em diferentes frentes para contribuir com isso, como o programa Qualificar ES, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e com os Sines, junto as prefeituras.
Segundo Carlos Casteglione, subsecretário de Estado de Trabalho e Emprego, o Qualificar ES, por exemplo, tem diversas opções de cursos e com orientação e encaminhamento para os postos de trabalho. “Tem muitos cursos voltados a quem quer se qualificar para o emprego formal e também para quem quer empreender. São vários cursos EAD e presenciais”, disse.
Casteglione também destacou o EJA, para quem pretende concluir o ensino básico, os Sines para quem está em busca de oportunidades de trabalho, e além disso, que nos Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) são oferecidas oficinas voltadas para quem está em busca de emprego.
O empresariado está percebendo que é urgente mudar a cultura empresarial e criar políticas para os mais experientes e até reter os seus laborais depois de se aposentarem, segundo José Carlos Bergamin, vice-presidente da Federação do Comércio do Estado (Fecomércio-ES).
Bergamin também disse que as empresas estão buscando incentivos no ambiente de trabalho para os mais experientes, visando ser empresa atrativa para esses profissionais que procuram se recolocar no mercado. “O empresariado está nessa direção e costuma ser rápido nas suas iniciativas e já percebe a mudança”, contou.
O vice-presente da Fecomércio disse também que o Senac, escola de formação qie integra a federação, vem se organizando para oferecer cursos de atualização, qualificação e requalificação desse público que está interessado em não parar no tempo.
Tatiane Cristina Franco Puiati, gerente executiva de Educação da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) destacou que a instituição acredita que focar no aprendizado e no aperfeiçoamento contínuo é uma forma de repensar a estratégia de capacitação de pessoas 50+ para ingressarem ou permanecerem no mercado de trabalho.
“Nessa vertente, a instituição oferece por meio do Sesi, a Nova EJA – que permite aos alunos concluírem o ensino médio –, e por meio do Senai, cursos técnicos e de qualificação. Em todos não há restrição de idade”.
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