Percentual de trabalhadores filiados a sindicatos é o menor da história do País
Empregados filiados a sindicatos atingiram o menor percentual da história, com 8,4%, enquanto em 2012 esse índice eram de 16,1%
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O percentual de trabalhadores filiados a sindicatos é o menor da história do País.
A proporção de sindicalizados no mercado de trabalho ficou em 8,4% em 2023, menor do que a de 2022 (9,2%) e mais baixa de série iniciada em 2012, quando esse percentual estava em 16,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A fatia de sindicalizados registrou, no ano passado, o patamar mais baixo da série histórica da “Pnad Contínua - Características Adicionais do Mercado de Trabalho”.
Em números absolutos, houve recuo de 19,5% no número de trabalhadores associados a sindicatos, entre 2022 e 2023, totalizando 8,421 milhões ao término do ano passado. É a primeira vez na série histórica que o contingente fica abaixo de 9 milhões. O número de sindicalizados teve queda de 7,8% na comparação com 2022, quando estava em 9,1 milhões. Em termos absolutos, a redução foi de 713 mil pessoas.
A pesquisa não pergunta quais razões estão por trás da baixa da sindicalização, mas o IBGE indicou que o movimento de queda se intensificou após 2017, período marcado pela reforma trabalhista.
Reforma
Em vigor desde novembro daquele ano, o texto acabou com a cobrança da contribuição obrigatória para os sindicatos, chamada de imposto sindical. A reforma também deu aos trabalhadores a possibilidade de negociar banco de horas, jornadas e outros itens individualmente.
“O que está mais associado (à sindicalização em baixa) é, a meu ver, a mudança da legislação trabalhista. Coincide bem com a variação mais acentuada”, disse William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE.
Em 2017, o Brasil tinha quase 13 milhões de sindicalizados. Eles representavam 14,2% do total de trabalhadores ocupados. “A tendência de diminuição, que já acontecia antes, se intensifica a partir de 2017, o ano em que a nova legislação entrou em vigor”, afirmou Kratochwill.
O IBGE também apontou que a sindicalização caiu nos diferentes grupos de idade ao longo da série. A redução foi mais intensa entre os ocupados mais jovens.
“O IBGE não investiga os motivos da não associação, mas sabemos que os mais jovens vêm com mentalidade nova. Não sei se os sindicatos acompanharam essa mudança de mentalidade dos mais jovens. É algo a ser investigado”, disse Kratochwill.
CUT culpa a reforma trabalhista
A reforma trabalhista ocorrida em 2017 é o fator responsável pela queda no número de empregados sindicalizados, segundo a presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT-ES), Clemilde Cortes Pereira.
Ela, contudo, garantiu que o cenário local é diferente do nacional. “Em 2017, com a reforma trabalhista, houve um apelo muito grande para descredibilizar os sindicatos. Mas isso não se aplica ao Espírito Santo. Os sindicatos tiveram dificuldades nos últimos anos, mas por outros motivos”, alegou a sindicalista.
Segundo Clemilde, muitos sindicatos são fortalecidos no Estado. “Os grandes possuem índices altos de sindicalização, então essa não é a realidade capixaba”, reforçou.
A reportagem procurou a CUT nacionalmente, por telefone institucional, e tentou contato por meio do secretário geral da CUT Nacional, Renato Carvalho Zulato, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
Em 2012, o País contabilizava 14,4 milhões de sindicalizados –ou 16,1% do total de ocupados, segundo o IBGE. Na comparação com 2023 (8,4 milhões), a redução do contingente foi de 41,6% – menos 6 milhões de pessoas. A tendência de queda foi verificada nas diferentes regiões.
Em 2023, o Norte (6,9%) registrou o menor percentual de sindicalizados, enquanto o Nordeste (9,5%) e o Sul (9,4%) tiveram os maiores. Centro-Oeste (7,3%) e Sudeste (7,9%) completam a lista.
Na análise por posição na ocupação e categoria do emprego, os empregados no setor público (18,3%) ainda tiveram a maior taxa de sindicalização em 2023, mesmo com a trajetória de queda.
Os detalhes
Redução de sindicalizados
- Em 2023, dos 100,7 milhões de ocupados do País, 8,4% (8,4 milhões de pessoas) eram associados a sindicatos.
- Esse foi o menor contingente e o menor percentual da série iniciada em 2012, quando havia 14,4 milhões de trabalhadores sindicalizados (16,1%).
- Na comparação com o ano anterior, houve queda de 7,8%, ou de 713 mil pessoas. Em 2022, eram 9,1 milhões de sindicalizados, 9,2% do total de ocupados.
- Em relação a 2012, as maiores quedas na taxa de sindicalização foram nos grupamentos de transporte, armazenagem e correio, passando de 20,7% para 7,8%, indústria geral, de 21,3% para 10,3%, e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, de 24,5% para 14,4%.
Pessoas jurídicas
- Entre os 29,9 milhões de empregadores e trabalhadores por conta própria do País, 9,9 milhões (ou 33,0%) estavam em empreendimentos registrados no CNPJ, apontando queda em relação a 2022 (34,2%), mas ainda a segunda maior taxa da série histórica.
- A retração da cobertura no CNPJ, em 2023, indica que ela ocorreu entre os trabalhadores por conta própria (de 26,3% para 24,9%). Por outro lado, os empregadores mantiveram sua estimativa estável (de 80,9%), aumentando a diferença entre os dois grupos no que tange à formalização.
Fonte: Pnad Contínua - Características Adicionais do Mercado de Trabalho, do IBGE.
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