Pagar mesada para os filhos divide opiniões
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A mesada é um assunto que divide opiniões de especialistas em educação financeira e faz nascer um grande questionamento: ela deve ser vinculada ao bom comportamento da criança ou à realização de tarefas domésticas?
Para muitos, é possível que sim. Outros acreditam que tais atividades são obrigações dos pequenos.
“Condicionar a mesada ao bom comportamento é apresentar, ao filho, uma realidade do cotidiano das pessoas na qual, na maioria das vezes, há perdas quando não se faz o que é o correto”, afirmou o economista Alexandre Gebara.
Ele é pai das gêmeas Manuela e Isabela, de 9 anos, que já recebem educação financeira dele e da mulher Karla Cossolosso. “Elas já começam a entender a importância do dinheiro, de onde ele vem e em qual período”, revelou Gebara.
Sobre quando começar a pagar a mesada, muitos especialistas acreditam que isso deve ser feito assim que se iniciar a vida escolar. “É importante que a criança tenha o cofrinho ou poupança. Ela vai começar a entender o conceito de receita e despesa”, explicou Paulo Henrique Corrêa, economista, sócio-fundador da Valor Investimentos.
O economista Fabrício Nunes Azevedo pontuou que é importante que a criança entenda desde cedo o valor do trabalho. “O simples fato de dar uma mesada sem um trabalho executado gera um sentimento de dinheiro fácil. Minha mãe costumava me remunerar por servicinhos em casa. Aprendi a dar mais valor ao que ganhava”.
Ele ressaltou, no entanto, que acredita que a mesada não deve estar condicionada ao bom comportamento da criança. “Acredito que a criança ou o adulto devem ter bom comportamento independentemente de remuneração. Senão não existiria boa ação, o dar sem receber nada em troca”.
Há ainda especialistas que destacam ser importante a criança saber manusear o dinheiro, bem como saber contar e pagar. Ricardo Fadini, co-fundador do projeto Graninha Kids e pai das gêmeas Giovanna e Izabelle, de 10 anos, afirmou que paga mesada para as meninas desde que elas tinham 5 anos. Mas ele não condiciona o valor à realização de tarefas.
“Acredito que arrumar a cama, por exemplo, é uma obrigação da criança, à medida que ela for crescendo. Isso é o que vai formar um jovem e um adulto responsável e não vínculo com o dinheiro”.
Incentivo ao empreendedorismo
Uma das formas de estimular o desenvolvimento da criança desde cedo é incentivar práticas de empreendedorismo. Isso pode proporcionar que, no futuro, o jovem enxergue o mercado de forma mais ampla e abra o leque de opções para atuar profissionalmente.
“Treinar o empreendedorismo é importante. Temos a visão no Brasil de que todos deveriam fazer graduação. Essa formação é relevante, mas existem pessoas que não têm predisposição de seguir essas carreiras”, afirmou o professor da Fucape Danilo Monte-Mor.
Ricardo Fadini, co-fundador do Graninha Kids e pai de Giovanna e Izabelle, de 10 anos, afirmou que aborda com as meninas como aprender a ganhar dinheiro.
“A gente trabalha com elas como vender as coisas. Já venderam patins, bonecas. Para que elas pensem que se trabalharem assim, vão conseguir antecipar os objetivos. Elas fizeram slime e venderam no condomínio para as amigas”.
Já Andrea Buffara, diretora pedagógica da Escola Americana de Vitória, ressaltou que é possível estimular a vontade de empreender da criança com brincadeiras, jogos e eventos escolares. “Como por exemplo fazer algo para vender em eventos. Hoje temos crianças que possuem muitas habilidades tecnológicas, que já desenvolveram aplicativos”.
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