Ovo vira artigo raro fora do País e preço sobe no ES
Alimento está em falta nos EUA e em países da Europa
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Basta uma ida a algum supermercado no Estado para o consumidor notar uma diferença no preço de um alimento considerado essencial: o ovo. Enquanto isso, em outros países o produto virou artigo raro nas prateleiras e, quando é encontrado, é vendido por preços altíssimos.
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No Brasil, levantamento sobre cesta básica feito pela empresa de inteligência Horus, em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), mostra que o único item que subiu de preço nas capitais é o ovo. Apesar disso, em comparação com as carnes, o ovo é a opção de proteína mais barata.
Em um supermercado de Vitória, ontem a dúzia de ovos brancos custava R$ 8,99, e a caixa com 30 unidades, R$ 25. Em janeiro, a caixa de 30 unidades na mesma rede custava R$ 20.
O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Enio Bergoli, explicou que em todo o País houve queda na produção, impactada pelos altos custos dos insumos, e pelo aumento da procura pelo produto.
“Cerca de 70% do custo de produção são relativos à ração, com os insumos que vêm de fora”, disse.
O alto custo de produção e o período sazonal, com a quaresma para os católicos, são a explicação para o aumento, segundo o economista Sebastião Demuner: “Além disso, muitos consumidores têm mudado a alimentação. Podemos dizer que está 'na moda' e isso tem aumentado o consumo de ovos.”
Para o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, o aumento dos preços é uma situação de mercado. “O setor procura ofertar o produto com o valor mais acessível para o consumidor”, disse.
Alimento custa mais do que no Rio
Mesmo sendo um dos maiores produtores de ovos do País, no Estado o preço é maior que em outros, que tem produção menor. Um exemplo é no Rio de Janeiro.
Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Enio Bergoli, essa diferença de preço entre os estados vizinhos deve-se a diferença de demanda.
“Vejo essa diferença como normal, pois o Rio de Janeiro é um grande mercado consumidor, tendo muito mais oferta, enquanto o Estado tem um consumo menor, pelo tamanho populacional, e um consumidor que dá preferência ao produto local”, explica.
Outro fator é o período. Segundo o secretário Enio Bergoli, nessa época, com o aumento do consumo, muitos produtores do Brasil levam suas mercadorias para estados com maior consumo.
Quanto em comparação ao mercado externo, o secretário lembra que os preços também estão em alta, mas que o Brasil e o Estado praticamente não exportam ovos.
“A produção nacional é no geral para o mercado interno. No último ano inteiro, foram exportados 88 toneladas, que no fim das contas não representam quase nada para a produção total”, detalha.
ENTENDA
Contexto do aumento
- Segundo especialistas, o aumento na demanda por ovos vem desde o início da pandemia. Na contramão disso, a produção vem caindo no Brasil e no Estado. E com isso, há uma elevação nos preços.
- No último ano, a produção nacional caiu mais de 5% e no Estado 17%.
- Um das explicações para a alta nos preços está no campo. Nas granjas, os principais componentes da ração das galinhas são o milho e o farelo de soja – produtos que tiveram alta nos últimos anos com a própria pandemia e a guerra na Ucrânia e elevaram os custos de produção.
- No País, a produção de ovos foi de 55 bilhões de unidades em 2021 contra 52 bilhões em 2022, ou seja, queda de 3 bilhões na produção, de acordo com Enio Bergoli.
Fonte: Associação dos Avicultores do Estado e Secretaria de Estado da Agricultura.
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