Mudança na energia do País?
Quando alguém produz a própria eletricidade, deixa de participar do rateio de subsídios dados a outros
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Não é uma novidade que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas, sobretudo quando olhamos para o setor elétrico nacional, em que a representatividade das fontes energéticas renováveis alcançam facilmente percentuais acima de 80 pontos.
Contudo, ao contrário do que muitos pensam, o conceito de matriz energética é muito mais amplo e alcança todos os processos de conversão energética em cada um dos segmentos econômicos, dentre esses a indústria de transformação e o transporte.
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Se, por um lado, a matriz elétrica é extremamente limpa e renovável, o mesmo não pode ser dito destes segmentos que são intensivos no consumo de petróleo e seus derivados.
Nos últimos anos, muito se debateu acerca do uso mais intensivo do gás natural nas indústrias em substituição aos combustíveis líquidos para mitigar as emissões de poluentes.
Porém, tais discussões sempre param no dilema do que vem primeiro, a demanda ou a oferta?
Existe uma demanda reprimida pelo produto, mas essa não é conhecida porque não há uma oferta firme desse.
Por outro lado, não há a oferta porque não se sabe qual é a demanda, em um ciclo sem fim.
Nas décadas de 1970 e 80, o Brasil obteve enorme sucesso com a introdução do álcool como combustível automotivo, o que resultou em relevante redução nas emissões de poluentes nos grandes centros urbanos.
Infelizmente, o lobby ambiental europeu com suas falsas acusações para o protecionismo de seus mercados e a falta de uma política setorial consistente da parte de nossos governos nos fizeram retroagir décadas na área.
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No presente, enquanto discutimos a eletrificação dos transportes, a geração eólica offshore (no mar) e o hidrogênio azul, novamente nos deparamos com um enorme retrocesso em termos de política setorial.
A lei 14.300, recentemente aprovada, que estabeleceu o marco regulatório da geração distribuída, está sendo utilizada negativamente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para matar este setor que, nos últimos anos, gerou milhares de empregos e bilhões de investimento, atendendo à pressão do lobby das distribuidoras de eletricidade, esse baseado na narrativa da concessão de um subsídio que não existe.
A verdade é que, quando alguém produz sua própria eletricidade, deixa de participar do rateio dos subsídios que foram concedidos a outros, mas isso ninguém diz.
O fato é que, como já dito: “a idade da pedra não acabou por falta de pedras”.
Logo, o fim da era do petróleo também não ocorrerá por falta dele.
Carlos Sena é sócio-fundador da ESSolar Soluções em Energia Renovável. Formado em Engenharia Elétrica com mestrado em Controle e Automação, atua como conselheiro convidado no Conselho de Infraestrutura e Energia da Federação das Indústrias do Estado (Findes) e é diretor da Cooperativa Sun Invest.
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