Juros precisam cair, e governo tem de conter os seus gastos
Juros precisam começar a cair para conseguirmos recuperar as atividades econômicas
A questão dos juros alto tem dominado o debate nacional, pois o tema é crucial para o desenvolvimento do País. Banco Central e governo federal travam disputada no campo econômico e político.
Neste mês, em sua quarta reunião de 2023, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu por manter a taxa Selic em 13,75%. Pelo sétimo encontro consecutivo, a autoridade optou por não mexer nos juros básicos da economia.
Os juros são um remédio muito forte para o mal da inflação, e as empresas enfraquecidas, que são as endividadas, não resistem à dose e morrem logo.
Todavia, se deixar o mal da inflação ficar crônico, se deixar aumentar, no longo prazo, acaba matando as empresas saudáveis, matando a todos.
Portanto, a inflação precisa ser combatida e não se tem remédio mais eficaz, aqui e no mundo, do que subir os juros para inibir o consumo. A Europa e os Estados Unidos vivem idêntico problema e aplicam o mesmo remédio.
A inflação nos tempos atuais está muito relacionada aos estímulos à economia na pandemia e ao gasto público.
Inclusive, as empresas que estão fechando as portas foram as que mais se endividaram e, agora, com os juros altos, a dívida cresceu e não conseguem pagar.
Todavia, os efeitos colaterais do remédio – juros altos – para debelar a inflação, já vêm sendo aplicados há muito tempo e estão atrofiando e até matando muitas empresas saudáveis.
Por isso, os juros não podem continuar. Eles precisam começar a cair rapidamente para conseguirmos, no segundo semestre, recuperar um pouco as atividades econômicas e evitar mais um ano perdido.
Porém, para a maior queda dos juros num prazo curto, é preciso que o governo federal contenha o seu gasto. Deve sinalizar claramente para o mercado que tem compromisso com as metas de gastos e disposição para fazer as reformas, visando diminuir o tamanho do estado.
É preciso melhorar o ambiente de negócios para estimular investimentos internos e externos. Tudo isso, tem a ver com o tema juros altos e inflação.
Aqui no Espírito Santo, os números da macroeconomia são melhores do que a média nacional. Também na empregabilidade, nas vendas do varejo.
Isso prova — e serve de exemplo para o Brasil — que boa gestão pública e gastar menos do que se arrecada são os melhores caminhos para desenvolver e proporcionar bem-estar para a sociedade.
Também explica muito porque aqui no Estado estão fechando menos empresas e a empregabilidade é alta. Apesar do juros alto, o saldo de empresas abertas é maior, porque estão abrindo muitos pequenos negócios, o chamado varejo de proximidade nos bairros, sob condomínios, etc. Inclusive, falta mão de obra.
José Carlos Bergamin é empresário e vice-presidente da Fecomércio-ES
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