Conexão Brasil x Alemanha: aprendizados e oportunidades
A Alemanha consolidou sua vocação e está focada em criar o posicionamento global que vemos hoje
Em poucos dias em uma missão de imersão no ecossistema de inovação da Alemanha, pude observar vários aprendizados e oportunidades. O país é altamente mecanizado em seus processos fabris e produtivos, mas não é um país digitalizado como o Brasil. Isso mesmo!
A afirmação pode até parecer estranha, mas é a realidade. Foi possível constatar isso ao observar algumas características da cultura local razoavelmente digitalizada. Por incrível que pareça, alguns estabelecimentos não aceitam cartão, e a maior parte das transações comerciais acontecem mediante pagamento com dinheiro em espécie.
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O envio de cartas e a entrega de documentos impressos é muito comum. Pude observar isso na rede hoteleira e no relato de um nativo. O diretor da Divisão de Tecnologia (CIO) da Otto GmbH & Co. KG, Michael Müller-Wünsch, deixa isso bem claro em seu artigo na revista CIO de Portugal.
Ele chegou a denominar parte disso como “desastre digital nas autoridades públicas e no setor da saúde”.
Em outro extremo, a indústria se mostra muito tecnológica e automatizada. Foi possível observar processos produtivos automatizados, com intervenção humana mínima. Em algumas situações, apenas para corrigir pequenas falhas em máquinas, robôs e esteiras, ou para realizar algumas atividades, não muito nobres, que não são entregues aos robôs.
Observa-se também a preocupação com a preservação ambiental, eficiência energética e a geração de energia limpa (muitos sistemas de geração de energia eólica nos campos).
Concluo nessa breve análise, que na Alemanha, assim como em qualquer outro lugar do mundo, os investimentos tecnológicos partem de uma necessidade social e econômica.
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Conversando com um engenheiro local, questionei o motivo de tantos investimentos em robôs na produção. Ele me respondeu, de maneira bem rápida: “Há uma escassez de profissionais e a base da nossa pirâmide está encolhendo. Por isso precisamos mecanizar e automatizar os processos produtivos.”
Associado ao fato de que a Alemanha investe muito em educação profissional, entendo que eles consolidaram uma vocação e estão focados em esforços para criar esse posicionamento global que vemos hoje.
Em termos de oportunidades, compreendo que o Brasil se desenvolveu muito em digitalização, especialmente nos últimos quatro anos.
Acredito que isso pode ser uma grande oportunidade para empresas Brasileiras: digitalizar atividades comerciais e processos governamentais na Alemanha.
Destaco, ainda, que o caminho está aberto e existe iniciativa pública para tal.
Indtechs brasileiras, com modelos de negócios maduros, tiveram a oportunidade de conhecer as principais iniciativas desenvolvidas na Alemanha, durante o Brazilian Indtechs in Germany (BiG 2023).
A iniciativa é do governo federal em parceria com FindesLab e a NextMannheim. Tive a oportunidade de conhecer o programa, participar da missão e constatar os bons resultados que já estão sendo alcançados.
Richardson Schmittel, diretor Regional do Senac-ES.
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